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 | 23/06/2009 08h07min

Marfrig se compromete a não comprar mais gado de fazendas desmatadoras

Governo de Mato Grosso vai incorporar critérios ambientais à fiscalização da carne

O frigorífico Marfrig anunciou nesta segunda, dia 22, uma moratória sobre novos desmatamentos para a pecuária na Amazônia, nos mesmos moldes da moratória da soja (veja abaixo). A iniciativa é uma resposta ao relatório “A Farra do Boi na Amazônia”, divulgado há algumas semanas pelo Greenpeace. A empresa, quarta maior produtora de carne bovina e derivados do mundo, se comprometeu a não comprar mais gado de fazendas que desmatam no bioma Amazônia.

O governo do Mato Grosso apoiou a iniciativa da Marfrig e disponibilizou seu sistema de controle e monitoramento do desmatamento no Estado para verificar se as fazendas estão cumprindo os compromissos assumidos pela moratória. O governador Blairo Maggi disse ao Greenpeace que deve incorporar critérios ambientais ao seu sistema de rastreabilidade de fornecimento de gado, como o cruzamento de informações contidas nos GTAs (Guia de Transporte Animal), nota fiscal eletrônica e dados do Sistema de Licenciamento Ambiental de Propriedade Rural (SLAPR).

– A iniciativa da Marfrig demonstra que é possível um compromisso da indústria frigorífica brasileira com o fim do desmatamento na Amazônia. Estamos vendo nessa ação individual o caminho que todo o setor deveria trilhar: de aceitar o compromisso com o fim do desmatamento, de assumir a responsabilidade corporativa do setor, de ser transparente e de respeito ao Pacto Nacional contra o Trabalho Escravo – disse André Muggiati, do Greenpeace.

O Mato Grosso é o Estado amazônico que possui o maior rebanho do Brasil e historicamente vem liderando a lista de campeão do desmatamento na Amazônia.

– A iniciativa da Marfrig, apoiada pelo governo do estado, pode ter um efeito concreto e muito importante na luta contra as mudanças climáticas, já que a destruição florestal é a maior contribuição brasileira ao aquecimento global – disse Muggiati.

Desde o lançamento do relatório “Farra do Boi na Amazônia”, os supermercados Carrefour, Wal Mart e Pão de Açúcar anunciaram a intenção de não comprar mais carne vinda de novos desmatamentos na Amazônia. O IFC, braço do Banco Mundial que financia empresas, cancelou um empréstimo de US$ 90 milhões para o frigorífico Bertin. Onze frigoríficos, incluindo o Bertin, estão sendo processados pelo Ministério Público Federal no Pará, por sua contribuição ao desmatamento.

– O Marfrig saiu na frente e assumiu um compromisso com a floresta. Isso deverá posicionar a empresa com um diferencial competitivo no mercado internacional de carnes e derivados – disse Muggiati.

Moratória da soja

Em 24 de julho de 2006 a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) e a  Associação Brasileira dos Exportadores de Cereais (Anec) e suas respectivas associadas se comprometeram a não comercializar soja proveniente de áreas que forem desflorestadas dentro do Bioma Amazônia .

A iniciativa ficou conhecida como Moratória da Soja, e foi criada para conciliar a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico da região, através da utilização responsável e sustentável dos recursos naturais brasileiros. Além das ações de compra e venda, o setor se comprometeu a desenvolver em conjunto com entidades representantes da sociedade civil (principalmente ONG's ambientais e sociais) uma estrutura de governança com regras de como operar no Bioma Amazônia. Os integrantes da moratória também solicitaram ao governo a definição, aplicação e cumprimento de políticas públicas de zoneamento econômico-ecológico sobre o uso da terra nesta região.

COM INFORMAÇÕES DO GREENPEACE

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