| 15/06/2009 08h52min
Às vésperas de eleições parlamentares, o governo argentino lança uma nova ofensiva para fortalecer a política protecionista do país. A medida, a exemplo das anteriores, prejudica diretamente as exportações do Brasil.
Agora foi criado um sistema de um por um para as importações de produtos dos setores de calçados, brinquedos e eletrodomésticos. Ou seja, para cada US$ 1 de produto desses segmentos adquirido para o mercado argentino, a empresa precisará exportar outro US$ 1.
Além da proteção da indústria, a medida anunciada pelo secretário de Comércio da Argentina, Guillermo Moreno, tem o objetivo de estancar a crescente fuga de capitais. Nos últimos dois anos, saíram do país US$ 38 bilhões.
Diversos empresários falaram ao secretário que não contavam com produtos para exportar. Moreno, conhecido por sua falta de papas na língua, retrucou:
– Ora, pega a malinha e vai para Angola exportar alguma coisa!
A presidente Cristina Kirchner pretende impedir o que denomina de “invasão” de produtos estrangeiros. No segundo semestre do ano passado, ela lançou uma série de medidas que englobam desde licenças não automáticas (é preciso aguardar liberação para a entrada da mercadoria) à imposição de cotas para produtos – entre os quais os fabricados no Brasil.
O governo argentino também está atrasando as licenças não automáticas de setores considerados mais sensíveis. Importadores reclamam de grande quantidade de mercadoria paralisada na alfândega, na espera de assinaturas que demoram 120 dias.
O vice-presidente da Câmara de Importadores da Argentina, Diego Santistéban, disse que as restrições não passam de uma jogada eleitoral, já que o governo enfrentará, dia 28, decisivas eleições parlamentares. Com a medida, o governo consegue a simpatia dos industriais argentinos afetados pela crise econômica e dos setores mais nacionalistas.
ZERO HORA