| 15/05/2009 10h29min
A queda da demanda internacional e a menor disponibilidade de crédito devem reduzir as vendas de produtos agrícolas para os países desenvolvidos. Essa deve ser a tendência para o médio prazo, segundo o diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Ícone), André Nassar. Ele participou de um debate nessa quinta, dia 15, em São Paulo.
Nassar foi um dos palestrantes de um evento voltado a engenheiros agrônomos na capital paulista, e mostrou a evolução do comércio e do PIB mundial nos últimos meses, para explicar os reflexos da crise global nas exportações do agronegócio brasileiro.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, nos primeiros quatro meses de 2009, a queda da receita com os embarques brasileiros foi de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. O valor passou de US$ 19,65 bilhões para US$ 18,07 bilhões.
As principais reduções foram em mercados importantes como Estados Unidos (-21%), Rússia (-23%), União Europeia (-19%) e Japão (-5%).
– Você tem importantes importadores como Rússia, Japão, Europa, que estão comprando abaixo do esperado. O FMI está dizendo que a economia japonesa vai ter uma queda. A da Rússia acho que é 5,5% de queda. Japão é perto de 10%, e a Europa também deve ter crescimento negativo que só vai ser recuperado em 2011, por aí – explica André Nassar.
Por causa disso, de acordo com ele, o pior da crise ainda não passou e a tendência é de substituição de destinos e também de fornecedores nas transações mundiais. Para o Brasil, países em desenvolvimento vão ser responsáveis por uma compensação no volume das vendas externas.
O analista citou a China, Oriente Médio e Hong Kong, e ainda destacou a Venezuela, que se tornou um importante comprador de produtos agrícolas brasileiros nos últimos meses.
Com esse novo cenário, o Brasil vai ter que mudar a estratégia para permanecer competitivo no mercado mundial de agronegócio.
– A dificuldade hoje é que antes você tinha uma estratégia
clara de agregação de valor nos países desenvolvidos. Agora essa estratégia complica um pouco, porque o país rico que comprava está comprando menos, e você volta muito a operar no volume e competindo por preço.