| 06/05/2009 18h43min
Já passa de mil o número de pessoas infectadas pela gripe A no mundo todo. Porém, aqui no Brasil, o Ministério da Saúde descartou nesta quarta, dia 6, mais casos suspeitos da doença. No país, a principal preocupação agora é com a retração do consumo de carne suína.
No mundo todo, já são 1516 casos de pessoas infectadas pelo vírus da gripe A. A Guatemala registrou nesta quarta o primeiro caso da doença. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de mortes em decorrência da doença passa de 30.
No Brasil, ainda não há casos comprovados. O Ministério da Saúde divulgou nota informando que diminuiu de 28 para 26 o número de suspeitos da gripe. Também caiu o número de pacientes monitorados. Dos 28 registrados nesta terça, dia 5, só restam 15. A Organização Pan-Americana de Saúde anunciou a chegada dos kits que vão agilizar o diagnóstico da doença.
— Temos a confirmação que os kits destinados para o Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, e a Fundação Fio Cruz, no RJ, já estavam desde as 14h30min no aeroporto de Guarulhos. Ainda falta a chegada dos kits do instituto Evandro Chagas, de Belém. A informação é que saíram hoje dos EUA — afirmou o gerente da Unidade de Prevenção e Controle da Organização Pan-Americana de Saúde, Rubén Figueroa.
No país, a principal preocupação é dos suinocultores. Eles temem uma diminuição do consumo interno de carne suína por causa do nome popular dado a doença.
— Nós já havíamos arcado com prejuízos, com o custo de produção em torno de R$ 2,30 e chegamos a comercializar a R$ 1,70, deixando a margem muito grande de prejuízo por quilo. Agora, quando estava se recuperando, vem esse impacto e torna a massacrar realmente. Então nós temos hoje um produtor que já vem da crise e que não tem mais fôlego para agüentar muito tempo — disse o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Irineu Wessler.
Representantes dos produtores se encontraram com o ministro da Agricultura para pedir mais apoio do governo.
— O
ministro demonstrou preocupação, mandou fazer um levantamento e ainda não houve retração. O Ministério da Saúde e o Ministério da Agricultura estão dando satisfação para o mundo inteiro, mostrando as medidas sanitárias que estão sendo tomadas para que não haja nenhum tipo de problema — concluiu o deputado federal Abelardo Lupion (DEM-PR).
OCORRÊNCIAS DE GRIPE A
Casos suspeitos:
▼ de 28 para 26
Pacientes monitorados:
▼ de 28 para 15
Fonte: Ministério da Saúde
CANAL RURALPerguntas e Respostas sobre a Gripe Suína (A - H1N1) |
Fonte: Organização Mundial da Saúde - OMS |
O que é influenza suína (A - H1N1)? |
---|
Influenza ou gripe suína é uma doença respiratória aguda altamente contagiosa de suínos, causada por um de vários vírus A da influenza suína. A morbidade tende a ser alta e a mortalidade baixa (1-4%). O vírus se dissemina entre os suínos através de aerossóis, contato direto e indireto e através de suínos portadores assintomáticos. Surtos em suínos ocorrem durante todo o ano, com maior incidência durante o outono e inverno em zonas temperadas. Muitos países vacinam rotineiramente as populações de suínos contra a influenza suína. Os vírus da influenza suína são geralmente do subtipo H1N1, mas outros subtipos também circulam em suínos (como H1N2, H3N1, H3N2). Os suínos também podem ser infectados pelos vírus da influenza aviária e por vírus sazonais da influenza humana, além dos vírus da influenza suína. Acredita-se que o vírus suíno H3N2 foi originalmente introduzido na população de suínos por seres humanos. Algumas vezes, os suínos podem ser simultaneamente infectados por mais de um tipo viral, o que pode permitir a combinação dos genes dos diferentes vírus, produzindo um vírus da influenza que contém genes de uma série de fontes, denominado vírus recombinado (reassortant virus). Embora os vírus da influenza suína sejam normalmente espécie-específicos e sejam apenas capazes de infectar suínos, algumas vezes cruzam a barreira entre espécies e causam doença em seres humanos. |
É seguro ingerir carne e produtos de origem suína? |
Sim. Não se demonstrou a transmissão da influenza suína a seres humanos através da ingestão de carne suína adequadamente manuseada e preparada ou de outros produtos de origem suína. O vírus da influenza suína é inativado por temperaturas de cozimento de 160°F/70°C, correspondentes às orientações gerais de preparo de carne suína e outros tipos de carnes. |
Quais são as implicações para a saúde humana? |
Existem relatos esporádicos de surtos e casos de infecção humana por vírus da influenza suína. Geralmente, os sintomas clínicos são semelhantes à influenza humana sazonal, mas os relatos descrevem desde infecção assintomática a pneumonia grave, resultando em morte. Uma vez que a manifestação clínica típica da infecção por vírus da influenza suína em seres humanos é semelhante à influenza humana sazonal e a outras infecções agudas do trato respiratório superior, a maior parte dos casos foi detectada ao acaso através da vigilância para influenza humana sazonal. Casos leves ou assintomáticos podem ter escapado à detecção; desta forma, não se conhece
a real extensão desta doença em seres humanos. |
Onde ocorreram os casos humanos? |
Desde a implementação da Regulamentação Internacional da Saúde (IHR - 2005), em 2007, a OMS recebeu notificações de casos de influenza suína dos Estados Unidos e da Espanha. |
Como as pessoas se infectam? |
As pessoas geralmente se infectam com influenza suína a partir de suínos infectados. Entretanto, em alguns dos casos humanos não houve comprovação de contato com suínos ou exposição a ambientes contendo suínos. A transmissão humano-a-humano ocorreu em alguns casos, mas foi limitada a pessoas próximas e grupos fechados. |
Que países foram afetados por surtos em suínos? |
Como a influenza suína não é uma doença de notificação compulsória às autoridades internacionais de saúde animal (OIE), não se conhece sua exata distribuição internacional em animais. A doença é considerada endêmica nos Estados Unidos. Surtos em suínos também já ocorreram na América do Norte, América do Sul, Europa (inclusive Reino Unido, Suécia e Itália), África (Quênia) e em regiões do leste da Ásia, como China e Japão. |
E quanto ao risco de pandemia? |
É provável que a maior parte das pessoas, especialmente as que não mantêm contato regular com suínos, não tenha imunidade aos vírus causadores da influenza suína, capaz de evitar a infecção. Caso um vírus suíno estabeleça uma transmissão eficiente humano-a-humano, poderá causar uma pandemia de influenza. O impacto de uma pandemia causada por um vírus suíno é difícil de prever: depende da virulência do vírus, do grau existente de imunidade na população humana, proteção cruzada conferida por anticorpos adquiridos contra a influenza sazonal humana e fatores relacionados ao hospedeiro. |
Existe uma vacina humana que confere proteção contra a influenza suína? |
Não existem vacinas humanas que contenham vírus suíno que está causando doença em seres humanos. Não se sabe se as vacinas contra a influenza sazonal humana são capazes de conferir proteção. Como os vírus da influenza mudam muito rapidamente, é importante desenvolver uma vacina contra as cepas de vírus atualmente circulantes para conferir máxima proteção à população vacinada. Esta é a razão pela qual a OMS deve ter acesso ao maior número possível de vírus para que seja selecionado o vírus candidato mais apropriado para a produção da vacina. |
Quais drogas existem para o tratamento? |
Em alguns países existem drogas
antivirais para a influenza sazonal humana e que são eficazes para a prevenção e tratamento da doença. Existem duas classes destes medicamentos: 1) derivados do adamantane (amantadina e rimantadina) e 2) inibidores da neuraminidase da influenza (oseltamivir e zanamivir). Na maior parte dos casos anteriormente relatados de influenza suína, os pacientes se recuperaram plenamente da doença sem necessidade de tratamento médico e sem medicamentos antivirais. Alguns vírus da influenza desenvolvem resistência aos medicamentos antivirais, limitando a eficácia da quimioprofilaxia e tratamento. Os vírus obtidos de casos humanos recentes por influenza suína nos Estados Unidos se mostraram sensíveis a oseltamivir e zanamivir, mas eram resistentes a amantadina e rimantadina. As informações ainda são insuficientes para justificar recomendações de uso de antivirais para a prevenção e tratamento da infecção por vírus da influenza suína. Os clínicos devem tomar decisões em base de avaliações clínicas e epidemiológicas e considerar potenciais prejuízos e benefícios da profilaxia/tratamento do paciente. Para o atual surto de infecção por vírus da influenza suína nos Estados Unidos e México, as autoridades nacionais e locais estão recomendando o uso de oseltamivir ou zanamivir para tratamento e prevenção da doença em base do perfil de suscetibilidade do vírus. |