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 | 13/02/2009 09h30min

Crise atinge calçadistas e setor tem o pior janeiro em 10 anos

Concorrência chinesa também agrava desempenho da indústria

JOÃO GUEDES, joao.guedes@zerohora.com.br

Atingida pela crise financeira e pela invasão chinesa, a indústria calçadista do Rio Grande do Sul enfrenta uma das mais graves situações: o número de vagas diminui e a expectativa de recuperação deverá ocorrer só a partir de abril.

O começo de ano nas exportações é um sintoma. As exportações gaúchas em janeiro foram as piores para o mês desde 1999 – em dólares recebidos. No mês passado, os calçadistas conseguiram vender apenas 4,12 milhões de pares e obter US$ 87,15 milhões.

Depois da demissão de mais de 8 mil trabalhadores no último trimestre, o segmento deposita as esperanças na retomada das exportações e na possível imposição de uma taxa sobre as importações chinesas, que pode chegar no segundo semestre.

– Creio num retorno do crescimento. Mas é difícil saber quando e a que velocidade – avalia Heitor Klein, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), ao projetar a melhoria do cenário a partir de abril, com uma eventual retomada das encomendas do Exterior.

Até março, a expectativa do dirigente é de manutenção da diminuição nos embarques, que vem provocando demissões. Segundo Klein, as rescisões refletiram a combinação do cenário externo desfavorável com a natural redução na atividade em dezembro e a crescente concorrência chinesa no mercado interno.

– Infelizmente, estamos atravessando essa situação difícil. É bem mais forte do que imaginávamos – conta.

Esse cenário não é exclusividade do Rio Grande do Sul. Em outros polos calçadistas no país, é até pior. Em França (SP), por exemplo, era comum fazer dispensas em dezembro para recontratar em fevereiro. Neste ano, no entanto, as linhas de produção estão praticamente vazias.

A melhoria no mercado interno pode demorar mais. A expectativa está centrada em um processo instalado no final de 2008 pelo Ministério do Desenvolvimento, que avalia a prática de dumping (pôr produtos ou serviços no mercado a preço inferior ao de custo) nos desembarques de calçados chineses, que já representam 71% do total das importações. O país asiático busca desaguar estoques encalhados pela recessão no Hemisfério Norte, diz Klein. Se for constatada a irregularidade, o governo pode impor sobretaxa nas aquisições de calçados do país asiático, que pode superar os 400%, relata o dirigente, que espera uma decisão para o início do segundo semestre.

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