| 13/02/2009 08h41min
Passados mais de sete meses de promessas de que a definição sairia até dezembro de 2008, o governo federal dá o mês de março como novo prazo para o zoneamento agroclimático da cana-de-açúcar no Brasil. Segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, há expectativa de que o presidente Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, assinem o esperado documento nos primeiros dias do próximo mês.
Entre as causas para o atraso na divulgação estão restrições de plantio na bacia Amazônica e na região pantaneira, zonas que seriam consideradas de preservação ambiental.
As resoluções sobre os locais, as variedades adequadas a cada região e os períodos de plantio são esperados para que os agricultores interessados no cultivo possam buscar financiamento para o custeio da safra e, ainda, ter a garantia do seguro agrícola.
Para o Rio Grande do Sul, segundo o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP/RS), faltam definir as variedades apropriadas e a
época ideal para o plantio no Estado,
temas que estão sob a responsabilidade de uma consultoria contratada pelo governo e devem estar em fase de conclusão.
– O zoneamento em si já está definido – garante o parlamentar, que recentemente tratou do assunto com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e adiantou alguns municípios entre as áreas produtoras (ver mapa).
O zoneamento agroclimático abrirá caminho, ainda, para a instalação de usinas, como a Noroesthe Bioenergécia (Norobios), nas Missões, que chegará a uma produção de 105 milhões de litros por ano de álcool e a cogeração de 28 megawatts. Constituída por 70 agricultores de São Luiz Gonzaga, o grupo Sultepa e o Grupo Rede Energia, de São Leopoldo, a Norobios obteve em dezembro passado a licença prévia ambiental para a usina.
– Estamos aguardando uma definição (sobre o zoneamento) até março, para dar continuidade ao projeto – revela Cláudio Morari, presidente da Norobios.
A estimativa é de que a construção da
usina exija um investimento de R$ 200 milhões. A
frota agrícola, necessária para o corte, carregamento e transporte, outros R$ 70 milhões. No ápice da produção, 640 empregos diretos devem ser gerados. O plano é dar início à operação da planta industrial até maio de 2011, moendo 500 mil toneladas de cana no primeiro ano. Para 2014, a previsão é alcançar 1,3 milhão de toneladas.
Pesquisador de agroenergia da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, Sérgio Silva afirma que o Estado tem cerca de 850 mil hectares de áreas com condições de serem cultivadas. A maior parte no Noroeste, mas existem locais no Litoral e nas regiões de Camaquã e Pelotas.
– Precisamos fazer uma composição de ciclos para alcançar escala de produção – explica Silva.
O primeiro objetivo da produção de etanol no Estado é a garantia de autossuficiência e, posteriormente, tornar-se um exportador. Wilson Caetano, coordenador do programa de cana na Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), afirma que, com 450 mil hectares, o Rio
Grande do Sul é capaz de se
sustentar. Por ano, só para suprir essa demanda de álcool são gastos R$ 1,3 bilhão.