| 23/01/2009 17h20min
A tentativa do governo de evitar a expansão da cana-de-açúcar na Amazônia deve abrir 44 milhões de hectares para o plantio da matéria-prima do etanol. Os estudos do governo para determinar onde a cana poderá ser plantada no país, o chamado zoneamento ecológico-econômico, detectaram um aumento potencial em 40 milhões de hectares de pastagens degradadas e outros 4 milhões de hectares hoje dedicados a pecuária e lavouras.
Conforme o jornal Valor Econômico, a versão final do zoneamento deve ser divulgada na próxima semana pelo presidente Lula em rede nacional de rádio e TV. O governo quer dar uma espécie de "satisfação" à forte pressão da opinião pública internacional pela criação de um "cinturão de proteção" na floresta e no Pantanal.
As questões sobre a permissão a usinas na região do Baixo Rio Paraguai ainda são
controversas. E os especialistas ainda precisam determinar a criação de "corredores de biodiversidade" para garantir a
ligação entre reservas florestais em algumas
regiões. Mas a mensagem de preservação da floresta e dos rios será a ênfase do anúncio oficial do governo.
Ao mesmo tempo, a conclusão dos estudos, realizados por um consórcio de cinco órgãos estatais de pesquisa, dará uma perspectiva de futuro ao setor sucroalcooleiro. Em um momento de crise financeira, o anúncio do zoneamento também acena com incentivos fiscais para a produção obtida dentro de critérios de rigoroso controle. Os estudos avaliam ser possível produzir 280 bilhões de litros de etanol apenas nas áreas recomendadas pela pesquisa. Hoje, a produção está ao redor de 20 bilhões de litros.
O estudo inédito cruzou mapas e informações coletadas nos últimos 50 anos para determinar as áreas preferenciais para o cultivo da cana no Brasil. A intervenção estatal proibirá o plantio da cana em regiões consideradas inadequadas pelos pesquisadores. Serão indicadas as áreas onde haverá permissão do cultivo de cana e as localidades onde a atividade será
incentivada por meio de
crédito rural adicional e de isenções fiscais. Como compensação pela proibição do cultivo da cana na Amazônia, o governo incentivará a produção de óleo de dendê em até dois milhões de hectares no Pará, Amazonas e Roraima por meio de políticas públicas específicas e diferenciadas.
– Somos francamente favoráveis, por razões ambientais, à expansão do etanol e do biodiesel. Temos sete milhões de hectares hoje e vamos expandir para mais cinco milhões. E não vamos admitir que barreiras comerciais contra nosso etanol sejam usadas como argumentos ambientais – afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, em audiência pública no Senado.