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 | 26/08/2008 06h29min

Cabanheiros chegam à Expointer com dúvidas sobre acomodações

Mesmo conhecendo novas determinações, tratadores se dizem sem alternativa

Dionara Melo  |  dionara.melo@zerohora.com.br

Os peões precursores da Expointer 2008 desconheciam, no início da manhã dessa segunda, dia 25, onde iriam se alojar no Parque Assis Brasil, em Esteio (RS). A dúvida é causada pela determinação do Ministério do Trabalho de que os funcionários das cabanhas não podem, como em anos anteriores, dormir nos mesmos galpões que os animais.

Às 9h, cerca de três horas após a largada no desembarque dos animais, os cabanheiros Rubens Melgarejo e Jorge da Silva de Azevedo mantinham os pertences no pavilhão de gado de corte, como tratadores faziam até 2007.

Enquanto acomodavam o lote de oito exemplares da raça brangus no galpão – que estavam no primeiro caminhão a entrar no parque às 6h –, os recém-chegados do interior de São Paulo confessaram conhecer a restrição, mas não sabiam onde dormiriam.

– Sempre dormimos perto dos animais porque tem trabalho a noite inteira. Os animais sujam, e temos de limpar, caso contrário amanhece uma lambuzeira só – explica Melgarejo, da Agrícola Ana Amélia, de Presidente Prudente (SP).

– Acho que vamos acabar dormindo no caminhão e nos revezar a noite inteira – emenda Azevedo, da Fazenda Santa Alice, de Mococa (SP), sugerindo a troca de cabanheiro ao fim de períodos de quatro horas ou cinco horas.

Mesmo sem saber onde passariam a noite, ambos descarregaram o baú no galpão dos bovinos. Dentro dele, além das malas e do fogareiro, estavam duas barracas no formato iglu. Nas demais feiras agropecuárias de que costumam participar, em cidades do Paraná e em Mato Grosso do Sul, eles utilizam os abrigos de lona. A diferença, explicam, é que a Expointer tem um perfil distinto dos demais eventos do setor. Em Esteio, além dos técnicos, é forte a presença do público leigo.

Ao saber da proibição de dormir perto dos animais, Azevedo chegou a sugerir ao patrão desistir da participação, mas não teve jeito diante da importância da feira para os criadores:

– Isso aqui, para nós, é como uma copa do mundo – diz o tratador, que cedeu espaço para transportar os animais da outra propriedade paulista.

José Carlos Machado, secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, acredita que as melhorias sejam suficientes para estancar a polêmica, que obrigou, confessa, uma mudança de hábito na cultura do gaúcho. Segundo Machado, atrás de um dos estacionamentos há uma área com capacidade para 250 caminhões, onde os peões podem se alojar. Além de o local ter bastante espaço, há infra-estrutura com banheiros, pias e churrasqueiras.

– Confiamos no bom senso dos fiscais do trabalho – diz o secretário.

Os auditores da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-RS) no Estado e representantes do Ministério Público do Trabalho vistoriam nesta terça, dia 26, pela manhã, as acomodações dos peões no parque.

A 31ª edição da mais tradicional festa agropecuária gaúcha começa no próximo sábado e encerra-se no dia 7 de setembro.

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