| 21/07/2008 16h49min
O presidente boliviano, Evo Morales, denunciou a marginalização dos países em desenvolvimento na Rodada do Desenvolvimento de Doha, que em vez da liberalização, segundo ele, deveria promover "um comércio que contribua para o equilíbrio entre os países, as regiões e a mãe natureza".
— As negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio) se transformaram em uma luta dos países desenvolvidos para abrir os mercados dos países em desenvolvimento a favor de suas grandes empresas — denuncia Morales em artigo publicado nesta segunda-feira pelo jornal francês L'Humanité.
Morales afirma que, para que a Rodada de Doha fosse a do desenvolvimento, como pretende desde seu lançamento, em novembro de 2001, deveria primeiro "garantir a participação dos países em desenvolvimento em todas as reuniões" e acabar com os encontros exclusivos. A esse respeito, lembra que só 35 países foram convidados pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, às reuniões informais em Genebra para tentar
fechar este ciclo de
negociações.
O presidente da Bolívia alerta que, para países como o dele, "a erosão das preferências alfandegárias (...) terá efeitos negativos sobre a competitividade de nossas exportações". Morales afirma também que "a desregulamentação e a privatização dos serviços financeiros, entre outros, são a causa da atual crise financeira mundial".
Para ele, a Rodada de Doha "está ancorada no passado e superada por fenômenos mais importantes que vivemos agora: a crise alimentícia, a crise energética, a mudança climática e a eliminação da diversidade cultural". Sobre a crise alimentícia, defende que "é necessário reforçar a agricultura familiar, camponesa e comunitária", e os países em desenvolvimento têm que poder "recuperar o direito de regulamentar suas exportações e importações para garantir a alimentação de sua população".
— Devemos dar prioridade ao consumo do que produzimos localmente e o comércio exterior deve ser um complemento da produção local —
afirmou Morales.