| 16/07/2008 18h35min
Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter pedido nesta quarta-feira que o delegado Protógenes Queiroz continue no comando do inquérito da Operação Satiagraha, a Polícia Federal (PF) confirmou que o delegado e seus auxiliares, Karina Marakemi Souza e Carlos Eduardo Pelegrini, tiveram os pedidos de afastamento aceitos.
A informação é de uma nota divulgada pela PF no início da noite desta quarta (veja abaixo). O delegado Ricardo Saad, chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Financeiros da Superintendência de São Paulo (Delecin), será o novo titular da Operação Satiagraha a partir da próxima semana.
Perfil
Saad é sobrinho do ex-superintendente da corporação em São Paulo, Jaber Saad, e faz parte da nova geração de delegados da PF. No ano passado, ele comandou a operação que resultou na prisão do traficante colombiano Juan Carlos Abadía, considerado o maior do mundo após suceder Pablo Escobar, que aguarda
extradição para os Estados Unidos.
Além disso,
chefiou a Operação Santa Teresa, há dois meses, que apurou desvios de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), levou à prisão nove pessoas, entre as quais o advogado Ricardo Tosto, e resultou no processo de cassação, por falta de decoro parlamentar, em andamento na Comissão de Ética da Câmara, do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP). Com informações do site G1 e do Jornal Nacional.
Veja abaixo a íntegra da nota.
"Nota à imprensa - Operação Satiagraha
Em razão de notícias veiculadas em alguns setores da mídia com informações equivocadas sobre a saída dos delegados responsáveis pela Operação Satiagraha, o Departamento de Polícia Federal esclarece que:
- O delegado Protógenes Queiroz, responsável pelas investigações da Operação Satiagraha, entrou no dia 13 de maio com pedido de liminar junto à 3ª Vara Federal do DF para que fosse
matriculado no XXII Curso Superior de Polícia, alegando preencher os
requisitos exigidos para freqüentar o Curso e contestando os critérios estabelecidos pelo Ministério do Planejamento para contagem de tempo do serviço público. No dia 20 de maio, a Justiça determinou a matrícula e freqüência do delegado no referido Curso. No dia 2 de junho foi publicada Portaria da Academia Nacional de Polícia com a convocação de Queiroz.
O Curso Superior de Polícia foi instituído em 1998 como instrumento de aperfeiçoamento e atualização dos delegados e peritos federais, pré-requisito para ascensão à classe especial, último degrau da carreira. É realizado para servidores que tenham mais de nove anos na carreira policial
- No dia 14 de julho, o Diretor de Combate ao Crime Organizado, Roberto Ciciliati Troncon Filho, o chefe da Divisão de Combate aos Crimes Financeiros, Paulo de Tarso Teixeira, o Superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Leandro Daiello Coimbra, e a equipe responsável pela Operação Satiagraha reuniram-se em São Paulo para avaliar
os procedimentos
operacionais e discutir as próximas etapas da investigação.
Durante a reunião, Queiroz informou que foram instaurados três inquéritos policiais distintos, sendo um deles sob sua responsabilidade e que poderia ser instruído aos sábados e domingos, uma vez que teria necessidade de freqüentar o Curso Superior durante os dias úteis.
A sugestão não foi acatada pelos diretores já que traria prejuízo às pessoas convidadas a prestar esclarecimentos junto à investigação, comprometendo também a celeridade da apuração.
A autorização quebraria ainda a regra de dedicação exclusiva exigida de todos os participantes na fase presencial. Diante dos argumentos, o delegado Queiroz comprometeu-se a relatar o inquérito até o dia 18 de julho alegando que o procedimento estaria praticamente concluído com os resultados das investigações realizadas até então.
Protógenes Queiroz acrescentou também o desejo de após concluir o Curso Superior não mais atuar
junto aos outros dois inquéritos, preferindo
colaborar como apoio às demais autoridades policiais designadas para a investigação
- Ao término da reunião, o diretor de Combate ao Crime Organizado, Roberto Ciciliati Troncon Filho, tomou conhecimento por meio do chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Financeiros que a delegada Karina Murakami Souza havia manifestado desejo de não continuar à frente do inquérito pelo qual era responsável.
A delegada alegou razões pessoais, o que levou os diretores a designarem o delegado Ricardo Saadi a assumir a presidência desse inquérito e a delegada Érika Mialik Marena para presidir o terceiro procedimento. Saadi e Marena serão auxiliados por dois delegados que atuam na área de repressão a crimes financeiros e lavagem de dinheiro
- O delegado Carlos Eduardo Pelegrine não fazia parte da equipe de investigação e havia sido cedido dias antes da Operação para auxiliar na fase ostensiva
- Por iniciativa da Polícia Federal, serão prestadas,
hoje, ao procurador do caso e ao juiz da 6ª Vara
Federal de São Paulo, informações detalhadas sobre os fatos acima descritos e sobre as próximas fases da investigação
- A direção-geral da PF lamenta a distorção dos fatos, que só leva a confundir a população, e aproveita para reafirmar o compromisso perante a sociedade brasileira de cumprir fielmente suas atribuições constitucionais.
Divisão de Comunicação Social"
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