| 03/07/2008 15h08min
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, afirmou nesta quinta-feira, dia 3, que um acordo dentro da Rodada de Doha para a liberalização comercial mundial permitiria manter o apoio aos agricultores europeus e só reduziria as ajudas "mais perturbadoras" ao comércio internacional.
Lamy assinalou que se os membros da OMC chegarem a um compromisso sobre Doha, a União Européia (UE) poderá manter subvenções para sua agricultura, por um valor compreendido entre os 80 e 100 bilhões de euros.
As declarações de Lamy ocorreram em uma conferência em Bruxelas, na Bélgica, que reúne políticos e especialistas de quatro continentes para estudar o papel da agricultura como solução para a atual crise alimentícia.
O diretor da OMC se referiu à reunião que um grupo de membros deste organismo multilateral realizarão em 21 sobre a Rodada de Doha, iniciada há sete anos e cujo objetivo é aprofundar a liberalização comercial mundial.
– Se decidi reunir 30 países é porque acho que um acordo é factível, embora não seja fato – ressaltou Lamy, que apontou as dificuldades de uma negociação "na qual todos dizem que pagaram muito e receberam pouco, como se isto fosse matematicamente possível".
Lamy lembrou que a Rodada de Doha surgiu diante da necessidade de "pôr disciplinas" aos subsídios que os países ricos deram durante anos a sua agricultura, para facilitar uma abertura comercial.
O diretor-geral da OMC pediu que se firme um acordo que dê margem "para políticas internacionais, regionais e locais".
– Não acho que a solução para a crise alimentícia seja um bloqueio dos intercâmbios – destacou Lamy.
Desta forma, respondeu às preocupações expressadas pelos agricultores europeus e por países da África, durante a conferência, sobre o impacto que Doha teria nas produções locais.
AGÊNCIA EFE
Lamy (D) com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim
Foto:
Valter Campanato, Agência Brasil