| 26/05/2008 13h20min
O governo argentino cancelou a reunião marcada para esta segunda-feira, dia 26, com as patronais agropecuárias, às quais acusou de romper o diálogo para superar o conflito no campo, que já dura dois meses.
Fontes oficiais confirmaram que a reunião programada para esta tarde no Ministério da Economia foi cancelada. O chefe do gabinete, Alberto Fernández, considerou que o tom do discurso utilizado no ato realizado no domingo pelas entidades rurais "rompe toda lógica de diálogo" com o Executivo.
– Todos os discursos tiveram frases enormes, com conceitos tremendos e esta idéia permanente de que é impossível de encontrar uma solução se as vontades do campo não forem atendidas – disse à emissora local Radio 10.
No ato realizado na cidade de Rosario, a 300 quilômetros ao norte de Buenos Aires, as patronais agropecuárias advertiram que, caso seus pedidos não fossem atendidos na reunião prevista para esta segunda, novos protestos começariam na terça-feira.
Por outro lado, a presidente Cristina Fernández de Kirchner realizou um comício no norte do país no domingo e evitou falar sobre o conflito, que foi iniciado em 11 de março por causa do novo esquema de impostos à exportação de grãos.
Desde então, os produtores rurais realizaram sucessivas greves comerciais, além de bloqueios de estradas que causaram desabastecimento e alta nos preços de alimentos. Na semana passada, as medidas foram suspensas para que fosse realizada a negociação com o Executivo.
Alberto Fernández afirmou que "tinha a convicção que o ato (do campo) não ia se transformar no que se transformou, uma manifestação de oposição ao governo".
– Não se pode seguir dizendo aos argentinos coisas que não são verdadeiras, por mais que se defendam interesses de um setor. Não se pode questionar a legitimidade de quem foi escolhida há seis meses, como se está falando – disse Fernández, em alusão à presidente da Argentina.
Para Luciano
Miguens, presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA),
a decisão do governo de cancelar a reunião programada para hoje foi "um erro enorme".