| 26/05/2008 09h18min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, dia 26, que a criação da União Sul-americana de Nações (Unasul) muda a geopolítica do continente, tornando os países-membros “mais fortes e soberanos”. Em seu programa de rádio semanal Café com o Presidente, Lula ressaltou que o tratado vai facilitar negociações com outros blocos, além de possibilitar a construção de ferrovias, rodovias, pontes e linhas de transmissão.
– Parecia uma coisa impossível porque aqui, na América do Sul, fomos doutrinados para acreditar que não daríamos certo em nada, que somos pobres, que brigamos muito e que temos que depender dos Estados Unidos e da União Européia – afirmou.
Chefes de Estado sul-americanos se reuniram na última sexta-feira, dia 23, em Brasília, para uma reunião de cúpula extraordinária da Unasul. O marco legal já havia sido estabelecido pela diplomacia dos países envolvidos e os últimos detalhes foram definidos em maio.
Diante do ceticismo por parte de alguns países sul-americanos e da possibilidade de que a Unasul fique apenas no papel, Lula se mostrou otimista e reforçou que a América do Sul apresenta um quadro de “evolução extraordinária”. Para ele, é preciso que o Brasil invista em países como Paraguai, Uruguai e Bolívia – nações consideradas “economicamente mais frágeis”.
– Temos obrigação de ajudá-los porque, quanto mais fortes economicamente forem os países da América do Sul, mais tranqüilidade, paz, democracia, comércio, empresas, empregos, renda e desenvolvimento – argumentou o presidente.
O presidente reconheceu que "na verdade muita coisa ainda não se concretizou" e lembrou que outra iniciativas estão em andamento, como o Banco da América do Sul.
– Vamos caminhar para, no futuro, termos um Banco Central único e moeda única. Isso é um processo, não é uma coisa rápida – afirmou.
Já em relação à proposta brasileira de criação de um Conselho Nacional de Defesa Sul-americano – que acabou derrubada durante a reunião de chefes de Estado – Lula acredita que, caso o Brasil possa elaborar melhor a proposta e tirar algumas convergências nos próximos 90 dias, a idéia poderá ser aprovada.
– A verdade é que, dos doze países, apenas a Colômbia colocou objeção. Depois, conversei com o presidente Uribe [da Colômbia]. Vamos voltar a conversar. Estou viajando à Colômbia no dia 20 de julho. E acho que as coisas vão se acertar – disse.
A proposta será analisada nos próximos 90 dias por um grupo de trabalho da Unasul. A iniciativa foi anunciada pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, na última sexta-feira, em coletiva no Palácio do Itamaraty.
AGÊNCIA BRASIL
Chefes de Estado sul-americanos se reuniram na última sexta-feira, dia 23, em Brasília
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