| 07/05/2008 19h51min
As lavouras de algodão ocuparam 46 mil hectares nesta safra em Mato Grosso do Sul e a produção deve chegar a 185 mil toneladas de algodão em caroço, um aumento de 3%. Este cenário é bem diferente do encontrado na região sul do Estado, onde a área destinada à cotonicultura foi menor, caindo de 4,5 mil para apenas 1,5 mil hectares, uma queda de 65%.
Desestimulados com os baixos preços pagos pelo produto, cerca de R$ 13,10 a arroba, muitos agricultores deixaram de investir no algodão e apostaram na soja, que já estava valorizada na época do plantio.
Foi o que aconteceu com o produtor rural Lourenço Tenório Cavalcanti, que durante oito anos plantou 150 hectares de algodão. Nesta safra, no entanto, ele não investiu na cultura.
Decisões como esta trouxeram conseqüências para uma cooperativa de Maracajú, a 150 km de Campo Grande. No ano passado, a empresa beneficiou cerca de 12 mil toneladas de algodão. Com o menor investimento dos agricultores, deve beneficiar apenas 4,3 mil toneladas. Com menos trabalho, o quadro de funcionários foi reduzido em 30% e a previsão para o futuro não é nada animadora, segundo o gerente da cooperativa, Sulivan Paulo Pissolato.
– A situação está complicada, com pouca oferta de produto na região. Se continuar assim, para a próxima safra – o que deve acontecer já que os custos tendem a ficar maiores – poderá haver nova redução no quadro de empregados.
Com as lavouras do sul do Estado praticamente colhidas, o setor começa a estudar o futuro da próxima safra de algodão. Ela só começará a ser cultivada em novembro, mas os produtores já começaram a se programar.
E com os preços dos insumos em disparada e o do óleo diesel novamente em alta, a estimativa é de que o aumento no custo de produção seja inevitável, o que pode se tornar um obstáculo a mais para a atividade nesta região.
Nesta safra, o custo para produzir um hectare de algodão na região foi de aproximadamente R$ 2,4 mil. Se as despesas realmente aumentarem, a tendência é reduzir ainda mais os investimentos na cotonicultura.
Para os especialistas, uma das soluções para reverter este quadro é liberar o plantio do algodão com a transgenia RR, que minimizaria os gastos dos agricultores.
– A liberação do RR permitiria ao agricultor gastar menos com mão-de-obra para limpar as áreas de algodão, e que também haveria garantia de produção maior – afirma o engenheiro agrônomo Justino Sidrônio Franco Ribeiro.
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