| 05/05/2008 18h13min
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) iniciou hoje uma série de leilões do estoque de arroz do governo federal. A medida contribui para garantir o abastecimento do mercado e conter a alta dos preços. Das 55 mil toneladas de arroz previstas inicialmente no pregão foram ofertadas 50 mil, mas 46% desse volume não foi leiloado devido a uma ação judicial. O total comercializado foi de 22,3 mil toneladas de arroz armazenado no Sul do país.
O leilão, que costuma durar em média uma hora, começou no início da manhã e seguiu até o fim da tarde. Os lances foram feitos pela internet no site da Conab. O preço inicial da saca de 50 quilos era de R$ 28 – R$ 4 a menos do que a média do mercado. A média ficou em R$ 35,63. O que causou surpresa foi o tamanho da procura, de todas
as partes do país.
De acordo
com o vice-presidente de Mercado da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Marco Aurélio Tavares, o fato de o produto estar concentrado no Rio Grande do Sul e escasso em outros estados, e também com o preço abaixo da média de mercado nas regiões do país onde falta o cereal, o leilão ocorreu com forte pressão de demanda, determinando ágios bastante expressivos.
– Nós vamos avaliar o resultado deste leilão e, a partir de então, buscar com o Ministério da Agricultura uma nova estratégia visando monitorar o mercado atual do arroz – disse Tavares.
De acordo com o ministério, o preço da saca de arroz subiu quase 40% em abril. O aumento foi comemorado, principalmente, pelos agricultores gaúchos, que concentram mais da metade da produção nacional. É a primeira vez em quatro anos que os arrozeiros conseguem cobrir os custos de produção.
A venda dos estoques públicos de arroz serve para regular a cotação. O governo tem 1,4 milhão
de toneladas do produto armazenadas.
Os leilões, que não costumavam acontecer em época de safra, agora podem ocorrer a cada semana. Com mais oferta no mercado, o governo força a queda dos preços e impede que o aumento chegue até o consumidor final.
– Esse é um instrumento clássico da política agrícola. Acredito que o governo ainda tenha estoque para ser vendido, e vai testando, conforme a reação do mercado, se realmente começa cair a procura e estacionar o preço – explica o economista Luiz Humberto Villwock.