| 29/03/2008 15h01min
A Federação Agrária Argentina (FAA), uma das quatro entidades agropecuárias em conflito com o governo há 17 dias, retomou a mobilização grevista neste sábado, dia 29, diante "da falta de resposta" das autoridades na reunião mantida nesta sexta-feira para iniciar o diálogo.
– A Federação volta à greve. Nós estamos dispostos a continuar o diálogo com o governo, mas sem abandonarmos nosso objetivo – afirmou o vice-presidente da FAA, Pablo Orsolini, depois da assembléia realizada na província de Santa Fé, na qual se aprovou a continuidade da medida de força, que havia sido suspensa na sexta-feira para começar o diálogo com o governo.
As autoridades de Confederações Rurais Argentinas (CRA), outra das entidades em conflito, se reuniram para "analisar os passos a seguir" e não descartaram a possibilidade de se unirem ao locaute iniciado em 13 de março em rejeição ao aumento dos impostos para a exportação de grãos estabelecido pelo governo um dia antes.
– Nós fizemos o esforço de suspender a paralisação, mas o governo não nos deu nenhuma resposta. Agora não podemos obrigar as pessoas a suspender a medida duas vezes – advertiu Orsolini.
A assembléia da FAA aprovou a continuação dos bloqueios parciais em estradas de distintas províncias do país, onde "se impedirá a passagem de produtos agropecuários de exportação, mas se permitirá a troca de mercadorias para o consumo interno, para evitar que haja um maior desabastecimento", explicou o dirigente da entidade, que impulsionou mais de 200 cortes na Argentina.
O titular da Sociedade Rural Argentina, Luciano Miguens, afirmou que o governo mostrou "total dureza" na negociação e que esfriou as expectativas dos dirigentes do setor durante o encontro com o chefe de Gabinete, Alberto Fernández, e outras autoridades, no qual não se conseguiu fechar um acordo.
Os bloqueios se desenvolvem em alguns setores das províncias de Buenos Aires, Entre Ríos, Córdoba, Santa Fé, Tucumán e Santiago del Estero, onde a passagem de caminhões que transportam produtos vinculados ao campo é impedida.
Por enquanto, em outros povoados do interior do país, os produtores continuavam à beira das estradas "em estado de alerta" à espera dos resultados da reunião convocada para a próxima segunda-feira pelo Executivo.