| 11/03/2008 08h10min
Popularmente conhecido como arco e flecha, o tiro com arco está associado a lendas de heróis defensores dos fracos, como Robin Hood, o nobre que se revoltou contra a opressão e passou a roubar dos ricos para devolver aos pobres, e Guilherme Tell, que salvou a vida do filho graças a boa pontaria. Outro arqueiro que pode ser considerado um herói é o gaúcho Luiz Gustavo Trainini. Após 16 anos afastado de uma Olimpíada, o Brasil terá o direito de enviar um representante aos Jogos Olímpicos de Pequim graças ao atleta de Canoas.
Com a terceira colocação no Torneio Continental, realizado em El Salvador, Trainini conseguiu a vaga para o país. Contudo, ele ainda não está garantido em Pequim. O anúncio oficial do nome que vai aos Jogos deve acontecer somente em julho, um mês antes de iniciar a competição.
– Todo mês a gente fica uma semana em Mina Gerais. Um técnico vem da Itália para avaliar a gente. São várias competições internas que vão contando bônus. Quem somar mais pontos ao final será o representante do Brasil nos Jogos Olímpicos. São três vagas para todo o continente. Eu consegui a vaga para o Brasil, mas ainda não sei se vou para a Olimpíada – explica Luiz Gustavo Trainini.
Formado em Biologia, o gaúcho de 30 anos teve que passar por diversas dificuldades para continuar sonhando com a Olimpíada. Além de abrir mão da profissão, Trainini treina diariamente oito horas no quintal de casa, em Canoas, tendo apenas como espectadores os falcões que cria desde criança. O terreno de 30 metros, apesar de grande, não chega a ter sequer a metade da distância que ele terá de enfrentar na China (70 metros).
– O grosso da preparação é feito no quintal de casa. Quando eu vou para Minas Gerais, sim, treino com a distância olímpica. Mas sempre foi um objetivo meu atirar de arco e flecha. Assim como a paixão pelos falcões. Foi isto que me levou a cursar biologia – disse o atleta, que divide a casa com os tios e duas primas.
Como é um esporte que exige muita concentração, não é raro que algumas surpresas aconteçam durante as competições de tiro com arco. Qualquer atleta de alto nível, em um dia iluminado, pode conquistar uma medalha. Os maiores adversários do brasileiro que for a Pequim vêm dos Estados Unidos, Coréia do Sul, Austrália e Itália. Mas Trainini aposta que a China, anfitriã do evento, também consiga bons resultados:
– Enquanto eu estou treinando em casa, os chineses estão praticando no campo onde serão disputados os Jogos. Eles estão investindo muito.
O tiro com arco foi o único esporte individual que não conseguiu ganhar medalha para o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2007. Também por isto, a classificação de um arqueiro do país aos Jogos da China pode ser considerada uma surpresa. Trainini não participou da competição no Rio de Janeiro. Mas por ter conquistado uma vaga para o Brasil na próxima Olimpíada, Trainini ficou com o Prêmio Brasil Olímpico na modalidade.
Regras Olímpicas
Na Olimpíada de 2008, serão 63 atletas de tiro com arco, que vão atirar 72 flechas em séries de seis para definir a qualificação. Nenhum arqueiro é eliminado já na primeira etapa. Na segunda fase, o primeiro lugar faz uma disputa eliminatória contra o último, o segundo contra o penúltimo, e assim consecutivamente até que sobrem 32. Outras fases eliminatórias irão apontar o grande vencedor.
As mesmas regras que serão utilizadas nos Jogos Olímpicos foram usadas no Torneio Continental, realizado em El Salvador, em que Trainini garantiu a vaga para o Brasil. O gaúcho chegou em quarto na primeira fase e teve de eliminar cinco atletas até chegar às semifinais, quando perdeu para um mexicano. Na disputa pela terceira e última vaga olímpica do torneio, Trainini derrotou outro mexicano e garantiu o tiro com arco brasileiro na China.
Luiz Gustavo Trainini garantiu o tiro com arco brasileiro na Olimpíada de Pequim
Foto:
Vinicius Rebello