| 18/02/2008 04h46min
O governo federal recebeu os primeiros alertas sobre a possibilidade de a União Européia (UE) suspender as importações de carne brasileira há quase um ano.
Advertidos sobre o problema, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, pouco fizeram para evitar a concretização da ameaça, segundo reportagem do jornal O Globo, com base em documentos obtidos junto à Secretaria de Defesa Agropecuária e ao Itamaraty.
A primeira advertência foi feita pela diretora-geral adjunta de Saúde e Defesa do Consumidor da UE, Paola Testori Coggi, no dia 27 de abril. O bloco estabeleceu um prazo até o fim de 2007 para que as autoridades brasileiras cumprissem as recomendações feitas pelas oito missões da Food and Veterinary Office (FVO, responsável pelo controle sanitário na UE) ao longo de 2006, especialmente em relação à rastreabilidade do gado brasileiro — acompanhamento e registro dos eventos ocorridos desde o nascimento ou
identificação até o abate
ou morte do animal.
No dia 1º de outubro de 2007, em fax encaminhado diretamente a Stephanes, a embaixadora Maria Celina de Azevedo Rodrigues, chefe da missão do Brasil junto às comunidades européias, reiterou o alerta da Diretoria Geral de Saúde e Defesa do Consumidor (DG-Sanco) da UE. Numa carta de duas páginas, Maria Celina considerou o quadro "extremamente grave":
"O não atendimento das recomendações do FVO põe em risco a manutenção do acesso da carne bovina brasileira ao mercado comunitário. A missão do FVO não terá alternativa senão interromper as importações de carne bovina do Brasil casos os aspectos 'cruciais' não tiverem sido atendidos", alertou a embaixadora.
Entre os principais problemas identificados foram citados: legislação relativa à definição de foco de aftosa, deficiências na identificação e controle de movimento de gado, ineficiência no programa para verificar a vacinação contra aftosa e atrasos nos testes laboratoriais e no
controle da emissão de certificados
sanitários.
As importações de carne bovina in natura do Brasil foram suspensas pela UE no dia 1º de fevereiro, por tempo indeterminado. Segundo o governo, o prejuízo com o embargo é de US$ 5 milhões por dia.