| 29/01/2008 15h32min
A União Européia (UE) manda um recado ao Brasil: a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) não pode apenas se basear na liberalização agrícola. Em discurso pronunciado nesta terça-feira na Irlanda, a comissária de Agricultura da Europa, Marianne Fischer Boel, deixou claro que o bloco não aceitará ser o único a fazer concessões pela conclusão do acordo e pede o mesmo de Brasil e outros países.
No último fim de semana, em Davos, na Suíça, ministros de 20 países chegaram a um entendimento informal de que Doha precisa estar concluída até o final do ano. Um pacote inicial seria fechado em abril em Genebra. Porém, para a UE, um acordo não poderá se limitar ao setor agrícola.
— A Rodada Doha não é apenas uma rodada agrícola. A ambição na agricultura precisa ser equivalente a outras áreas das negociações, principalmente os produtos industriais e serviços — afirmou a comissária. — Qualquer acordo que sair nas próximas semanas precisa ser compreensivo e cobrir
assuntos de interesse da UE.
Ou temo um resultado equilibrado ou não haverá um resultado. A UE precisa terminar a negociação com ganhos em áreas de nosso interesse. Não podemos e não seremos o único banco a pagar pela Rodada da OMC — ameaçou.
Os europeus querem pelo menos duas concessões de seus parceiros. Do Brasil e de países emergentes, querem a abertura do mercado para produtos industriais e serviços. O Itamaraty, apesar de admitir que poderá aceitar cortes em suas tarifas, alega que somente o fará quando os ganhos na agricultura forem reais. Já dos americanos os europeus insistem que precisam ver um corte real dos subsídios à produção agrícola. O temor de Bruxelas é de abrir seu mercado e acabar recebendo bens subsidiados e com preços mais competitivos dos Estados Unidos.