| 24/12/2007 10h05min
Depois de o verde tomar conta do interior da Serra gaúcha, é a vez de o rosa e o bordô aparecerem nos parreirais. As uvas mais precoces estão amadurecendo e a variedade bordô, que inicia a vindima, deverá ser colhida no fim de janeiro.
Ainda não há uma estimativa oficial de quanto será o volume colhido no Rio Grande do Sul. Para o presidente da Câmara Setorial da Uva, Vinho e Derivados, Hermes Zaneti, a safra poderá ser até 15% maior que a anterior.
– Isso de acordo com depoimentos de pessoas do setor que tenho ouvido. Ainda é muito difícil dizer exatamente – pondera Zaneti.
O presidente da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, explica que a vindima está um pouco atrasada devido ao frio, sentido até em alguns dias de dezembro. E uma praga chamada pérola da terra prejudicou alguns parreirais da região. Mas Schiavenin não acredita que haja quebra.
– Também não será uma supersafra. Deve ser mais ou menos como no ano passado – complementa.
O produtor Elio Sedanir Bampi, de Forqueta, interior de Caxias do Sul, confirma que o frio tardou o início da colheita. As baixas temperaturas também devem ser responsáveis por redução de cerca de 20% na quantidade colhida nesta safra em relação à anterior, ao contrário do que Bampi previu há alguns meses.
– Vamos colher uns 600 mil quilos – estima.
A boa notícia, segundo o produtor, é que a qualidade desta safra será muito boa.
– Lembra do ano retrasado? É mais ou menos isso – fala, referindo-se à safra de 2006, que teve redução de volume, mas em termos de qualidade foi uma das melhores.
Preço mínimo deverá ser discutido no próximo dia 15
Schiavenin confirma a informação, dando como exemplo a uva isabel, que é cultivada em maior quantidade na região.
– Os cachos estão bonitos e (a parreira) não carregou como no ano passado. Então, a tendência é que seja ainda melhor – comemora.
De acordo com Schiavenin, no dia 15 de janeiro haverá uma reunião entre o governo e as entidades representativas do setor vitivinícola do Rio Grande do Sul para discutir o preço mínimo da uva.
Depois que a colheita começar, a família Bampi terá aproximadamente 20 pessoas trabalhando na propriedade. A mulher, Elda Maria, cuida da casa, e os filhos, da vinícola da família. Por isso, a família não estará trabalhando diretamente na vindima. O pai, Elio Sedanir Bampi, no entanto, afirma que vai estar presente.
– Eu tenho um amigo que dizia "engorda mais o burro o olho do dono, do que o milho do peão" – diverte-se.
A colheita da bordô na propriedade deve ter início em 40 dias. Até aproximadamente dia 10 de março o trabalho não vai parar.