| 18/12/2007 19h54min
Com 8,5 quilos a menos depois de 22 dias de jejum completados nesta terça-feira, o bispo de Barra, no interior baiano, dom Luiz Flávio Cappio, apresenta debilidade física, não dá declarações nem atende o telefone, mas se mantém lúcido e trabalha nos bastidores em busca de uma saída que assegure que não haverá transposição das águas do Rio São Francisco. No fim da tarde, o coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rubem Siqueira, divulgou a proposta do religioso, com o objetivo de sustentar uma negociação com o governo federal por meio do chefe do gabinete pessoal da presidência da República, Gilberto Carvalho.
A proposição não fala em arquivamento definitivo da suspensão das obras da transposição iniciadas, mas, em contrapartida, acrescenta sete itens que, se aceitos, excluem a possibilidade de "uma grande obra hídrica que concentre recursos, poder e uso intensivo das águas", avaliou Siqueira. A idéia admite, entre outras questões, que se leve água para consumo urbano a Pernambuco
e Paraíba,
que detêm grandes déficits hídricos, e o apoio ao Poder Executivo federal na introdução, ampliação e difusão de tecnologias de captação, armazenamento e manejo de água para a população rural e agropecuária.
— Estou muito firme no espírito e em paz — afirmou o bispo, enquanto cumprimentava um a um os romeiros que fizeram fila para receber a bênção, no lado externo da Igreja de São Francisco, em Sobradinho, onde ele, que tem 61anos, iniciou a greve de fome na manhã do dia 27, pesando 72,5 quilos.
Mesmo com sinais vitais, funções fisiológicas e estado mental normais, os exames laboratoriais apontaram o valor de creatinina alterado, de acordo com o boletim médico divulgado pelo médico clínico-geral que o acompanha, Klaus Finkam. A creatinina é um dos parâmetros da função renal. A alteração exige observação, mas, por enquanto, não é preocupante. Em mais um termo de compromisso de responsabilidade assinado hoje com o médico, dom Cappio renovou a disposição de continuar o
jejum, assumindo todas as
conseqüências do ato. Ele está disposto a morrer pela causa.