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 | 15/11/2007 08h50min

Bacci tentou colocar pedetista no Detran

Autarquia envolvida em escândalo foi disputada no início do ano, durante a composição do governo

Adriana Irion  |  adriana.irion@zerohora.com.br

Quando era secretário da Segurança, o deputado federal Enio Bacci (PDT) indicou o correligionário e suplente de deputado federal Flávio Zacher para a presidência do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Flávio é irmão do vereador Mauro Zacher (PDT), que se afastou esta semana da Secretaria da Juventude de Porto Alegre para se defender de acusações de irregularidades no ProJovem.

Tanto o Detran como o ProJovem tinham contratos com a Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), que está no centro do escândalo envolvendo testes para habilitação de motoristas. Suspeitas de que a verba federal que abastece o ProJovem estaria sendo desviada surgiram durante a investigação da Polícia Federal (PF) sobre o Detran.

A investigação resultou na Operação Rodin, desencadeada na semana passada. No despacho de decreto de prisão de 13 suspeitos da fraude no Detran, a juíza federal Simone Barbisan Fortes referiu que possivelmente outro esquema fraudulento, relativo ao ProJovem, teria sido colocado em prática pelos suspeitos.

A PF tem indícios de que a verba federal encaminhada a prefeituras estaria sendo gerida irregularmente pelo grupo. Na segunda-feira, Mauro Zacher reassumiu sua cadeira na Câmara para fazer um balanço do ProJovem e se defender de acusações feitas pelo vereador Adeli Sell (PT) sobre irregularidades no programa. A PF aguarda documentos de Brasília para determinar a abertura de investigação relativa ao ProJovem.

Na semana passada, o secretário da Segurança que substituiu Bacci, José Francisco Mallmann, recebeu um e-mail, que circulava no Estado desde 15 de janeiro, falando sobre supostas irregularidades no Detran e citando nomes que estariam envolvidos na fraude. A mensagem afirmava que Bacci havia indicado Mauro Zacher para presidir o Detran. Ontem, Bacci disse que o indicado não era Mauro e sim Flávio, suplente de deputado federal pelo PDT e que hoje é assessor do gabinete do ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

— Flávio foi uma indicação da sigla, com a minha concordância. Propus à governadora que cada uma das três diretorias do Detran fosse ocupada por um partido — explicou Bacci.

Além de não ter sucesso em sua indicação, o então secretário perdeu o controle sobre o Detran, que era subordinado a sua secretaria durante a gestão de José Otávio Germano (PP) no governo passado e foi removido para a Secretaria da Administração.

Ao receber o e-mail na quarta-feira, dia 7, Mallmann determinou à chefia da Polícia Civil a abertura de inquérito para apurar o que não for de competência da PF.

Outras três mensagens eletrônicas chegaram a Mallmann, que repassou o material à Polícia Civil. Conforme o chefe de Polícia, delegado Pedro Rodrigues, quatro inquéritos foram abertos: o principal está na 17ª DP e se refere especificamente à fraude no Detran. Outros três foram encaminhados à Corregedoria-Geral da Polícia (Cogepol) para apuração.

— Como os e-mails envolvem o nome de um delegado de quarta classe, que faz acusações a diversas pessoas, a apuração será feita pela Cogepol — explicou Rodrigues.

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