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 | 14/11/2007 04h16min

José Otávio Germano: "Estou supertranqüilo"

Ex-secretário da Justiça e da Segurança, deputado fala sobre a fraude no Detran

Adriana Irion  |  adriana.irion@zerohora.com.br

Já recuperado do "leve espasmo facial" que sofreu na semana passada, o deputado federal José Otávio Germano (PP) afirma não estar abalado com a descoberta da milionária fraude do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), órgão que esteve sob sua responsabilidade entre 2003 e março de 2006.

Durante entrevista concedida a Zero Hora nesta terça-feira por telefone, de Brasília, o ex-secretário da Justiça e da Segurança se mostrou sereno, mesmo ao comentar a prisão de amigos, colegas de partido e ex-subordinados. A seguir, a síntese da entrevista:

Zero Hora — Como o senhor está recebendo essa situação que envolve, também, a sua gestão na Secretaria da Segurança?
José Otávio Germano —
Com tranqüilidade total. Não tenho absolutamente nenhum tipo de participação em eventual problema. Tem que se esperar essa investigação. Muita coisa deverá ser esclarecida. Eu não achei certa a precipitação de alguns no manejo das informações.

ZH — A que o senhor se refere?
Germano —
À precipitação em condenar antes da hora, né?

ZH — Quem está condenando?
Germano —
Ninguém individualmente. Acho que a prudência e a minha experiência recomendam que tem de ter paciência. O que for conclusão da polícia, que for de acordo com o Ministério Público e depois tiver uma decisão do Judiciário, muito bem, está errado, corrige e pune. O que não estiver errado vai ter de ser corrigido de outra forma.

ZH — O senhor esteve no Estado no final de semana. Procurou as pessoas que trabalharam com o senhor na secretaria, alguém lhe procurou?
Germano —
Tratei normalmente. Tratei sem falar com ninguém, a não ser com quem eu falo sempre, Celso Bernardi (secretário de Relações Institucionais), Otomar Vivian (presidente do IPE), Marco Peixoto (deputado estadual), pessoas do partido, para me inteirar da situação. Com relação às questões em si lá (na Polícia Federal), próprias, até aqueles que saíram já...

ZH — Que saíram da prisão?
Germano —
Da prisão. É melhor deixar. Como eu não tenho nada a ver...

ZH — Como o senhor se sente como a pessoa que era responsável pelo Detran? Se sente enganado, omisso por não ter percebido?
Germano —
A olhos nus, que é o que cabia ao administrador ver, as coisas estavam OK. As auditorias, o Tribunal de Contas, a Cage, estava tudo andando bem. Já tem dois anos quase que estou fora da secretaria.

ZH — Mas a PF já comprovou que a fraude ocorreu e o dinheiro foi desviado. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Germano —
Isso é o que está sendo falado por um lado só. É preciso, e também a minha experiência recomenda, que se oportunize a quem não pôde ainda falar com a imprensa, especialmente os que foram presos, a chance de eles colocarem a posição deles. Vai chegar um momento em que a própria polícia, porque é competente, vai saber separar o que é o joio e o que é o trigo.

ZH — Inocentes foram presos?
Germano —
Não quero fazer essa avaliação.

ZH — Por que o senhor fala em joio e trigo?
Germano —
Não tenho elemento algum do inquérito para avaliar. Como não tenho absolutamente nada a ver, minha vida eu toco normal. Não tenho nenhum tipo de responsabilidade com eventual coisa errada. Não tenho problema nenhum, estou supertranqüilo, tocando as minhas coisas, funcionando normalmente.

ZH — Várias pessoas de suas relações foram presas, há investigação relacionada a uma época da sua gestão. O senhor ficou abalado com a situação?
Germano —
Não me abalou. Só teria me abalado se eu tivesse alguma participação ou se alguma denúncia tivesse sido feita na época e eu não tivesse tomado providência.

ZH — Nunca surgiu denúncia?
Germano —
Nunca. Sempre estive muito bem assessorado. Agi de acordo com aquilo de que eu era informado no que diz respeito a vistorias.

ZH — Foi o senhor quem indicou Flavio Vaz Netto para a atual presidência do Detran?
Germano —
Fui um dos que concordaram com a indicação.

ZH — O senhor acha que poderia contribuir com as investigações?
Germano —
Não, porque eu não participei de nada disso aí, não tenho participação nesses eventuais contratos da fundação com seus prestadores de serviço. Estou há muito tempo longe.

ZH — O senhor tinha conhecimento de que seu irmão Luiz Paulo Germano, o Buti, prestava serviço para uma das empresas subcontratadas no esquema?
Germano —
O Buti, em 2003, quando começou a função da secretaria, fazia parte de um outro escritório de advocacia. Tivesse eu qualquer intenção de favorecê-lo, teria influenciado para que aquele escritório fosse eventualmente favorecido. Ele é professor de Direito, um menino sadio, mestre em Direito, doutorando este ano e presta serviço no escritório Carlos Rosa em outra atividade que não a relacionada com a fundação. E o equívoco que surgiu é que ele seria acionista do escritório.

ZH — Ele não é sócio?
Germano —
Basta olhar o contrato para se perceber que não é acionista nem sócio.

ZH — Ele é prestador de serviço?
Germano —
Em algumas causas.

ZH — Nenhuma ligada à Fatec, à Fundae ou ao Detran?
Germano —
Nada, zero. Ele só chegou nesse escritório no final de 2005.

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