| 02/11/2007 11h03min
Uma fruta originária da Ásia, plantada comercialmente em várias partes do mundo, poderá ganhar variedades adaptadas ao solo do Rio Grande do Sul. Há dois anos a Embrapa Clima Temperado de Pelotas pesquisa o tungue, que poderá ser utilizado na produção de biodiesel em especial na Serra.
O óleo do tungue, extraído das sementes, é o principal produto, e tem aceitação na indústria química, principalmente para a fabricação de impermeabilizantes, tintas e ainda de vernizes.
– As principais vantagens do tungue são a adaptação ao clima temperado gaúcho e o alto potencial de produção de óleo, que tem grande qualidade e rendimento – explica Sérgio Delmar dos Anjos e Silva, pesquisador de melhoramento e biotecnologia da Embrapa Clima Temperado.
Por safra, o tungue é capaz de produzir até três toneladas de óleo por hectare. Silva acredita que no prazo entre cinco anos e seis anos a fruta será um produto consolidado comercialmente, com a definição de
cultivares registradas a partir destas
pesquisas.
Hoje, as árvores de tungue ocupam apenas 40 hectares na Serra gaúcha. A meta é expandir também para a Serra do Sudeste. Como é uma espécie perene, as árvores têm vida produtiva superior a 30 anos.
– A aceitação na indústria vai depender da produção. Empresas já demonstram interesse. O avanço das pesquisas será na definição de cultivares comerciais – projeta o pesquisador.
A pesquisadora Beatriz Marti Emygdio, da Embrapa Clima Temperado, encontra na diversidade de alternativas oferecidas pelo Rio Grande do Sul o principal trunfo gaúcho no mercado de biocombustíveis. Não faltam opções, tanto para etanol quanto para biodiesel, o que livra o Estado da dependência de uma cultura específica.
Na produção de etanol, o carro-chefe é a cana-de-açúcar, mas há espaço para o sorgo sacarino, a mandioca e a batata doce. Na produção de biodiesel, apesar do protagonismo da soja, também aparecem a mamona, o tungue, o
pinhão-manso, o girassol e a canola. A soja e a cana
despontam porque já contam com cadeias produtivas estabelecidas.
– Essa diversidade de culturas evita a dependência e cria alternativas, principalmente nas épocas de entressafra – garante Beatriz.
eduardo.cecconi@zerohora.com.br