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A ascensão da classe C e as perspectivas de continuidade da mobilidade social catapultaram os sonhos do estrato que representa a maior parte da população brasileira. Após incrementar o carrinho do supermercado e equipar a casa, a nova classe média começa a dar vazão à demanda reprimida por bens de maior valor, como automóveis e a casa própria.
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Pesquisa do Ibope Mídia divulgada ontem mostra que 37% da classe C tem intenção de adquirir imóvel nos próximos meses, meta já alcançada pelo casal Daniela Pereira e Paulo Ricardo Farias (veja nesta página). O desejo de comprar um carro em um ano contamina outros 9,5 milhões dos quase 100 milhões da classe C, mostrou a pesquisa que traçou o perfil da faixa de renda familiar entre R$ 600 e R$ 2.099.
Para especialistas em finanças pessoais e psicólogos, porém, é preciso cuidar para que as aspirações não sejam atropeladas pela bola de neve do endividamento. O sonho, alertam, precisa ser precedido por planejamento adequado à renda.
– Falar que a classe C não pode comprar porque vai pagar juros é antipático. Poupar 10% da renda é difícil, mas o ideal é guardar nem que seja R$ 40 por mês – diz Ricardo Humberto Rocha, professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA).
O Ibope detectou que mais da metade da classe C gostaria de poupar, mas considera difícil. Para a psicóloga e orientadora em finanças pessoais Patricia de Rezende, quando a renda é absorvida pelos gastos é necessário economizar até em água, energia e telefone. Os especialistas lembram que o melhor é juntar o máximo de dinheiro para dar uma entrada consistente e financiar o menor saldo possível.
– É preciso saber o que quer comprar, quanto pode poupar e por quanto tempo – ensina Patricia.
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Sacrifício na conquista
Daniela Pereira estuda Arquivologia e é estagiária em um escritório de advogados. A bolsa é de um salário mínimo. Há dois meses, ela e o marido, Paulo Ricardo Farias, fecharam a compra da casa própria, em Porto Alegre.
Mesmo juntos, não conseguiam fazer uma poupança. Decidiram vender o carro, modelo 87, e, com o dinheiro, deram a entrada no apartamento de dois dormitórios no bairro Jardim Leopoldina. O financiamento de R$ 81 mil foi feito pela Caixa em 25 anos, e as parcelas serão de R$ 456.
A confiança em assumir o financiamento veio quando Paulo foi promovido. Não sem sacrifícios, explica Daniela:
– Precisamos deixar de ir ao cinema e a barzinhos, e a vida sem carro se torna mais difícil. Mas os cortes são por um bem maior.
A entrega do apartamento está prevista para o final de 2011, quando Daniela deve se formar.
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