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Desemprego: uma questão econômica ou um problema de saúde?

O drama de perder o emprego pode causar problemas emocionais que às vezes precisam ser tratados em terapia do luto

A taxa de desemprego, divulgada pelo IBGE no início de 2010, chegou a 7,2%. Os números apresentam um crescimento em relação ao final de 2009, mas a situação das pessoas que ficam desempregadas vai muito além das estatísticas.

Qual a melhor saída para não adoecer nesses casos?
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Ao perder o emprego, muitos consideram terem perdido também a dignidade e sentem-se excluídos do grupo social do qual participavam. A dificuldade de aceitar a perda pode gerar sensações de angústia, medo, solidão, dor e tristeza permanentes que vão caracterizar um problema de saúde.

O tratamento realizado por especialistas nestes casos é a terapia do luto. Segundo o IBGE de setembro de 2008 a abril de 2009, o crescimento do desemprego foi de 24% entre os homens e de 11,2% entre as mulheres.


O principal motivo do maior percentual de desemprego para o sexo masculino foi a crise na indústria e na construção civil. Mesmo com a mudança no papel do homem como chefe da casa, responsável pelo sustento da família, para eles o fato de trabalhar continua diretamente relacionado à formação de sua identidade.

As primeiras reações fortes são normais - choque, raiva, rejeição, excitamento, culpa e a apreensão são respostas comuns a esta situação. O trabalho dá forma à identidade masculina, sua perda deixa um sentimento desorientado e perdido”, afirma a psicóloga Débora Trindade.

Os homens que geralmente sustentam suas famílias podem ser tomados por um sentimento de impotência, sem perceber que precisam de um tempo para aceitar a perda da ocupação. A dedicação que tinham ao emprego, o tempo que destinavam ao trabalho e o fato de perder a posição de pessoa que é responsável pelo sustento da família pode causar consequências graves.

Para a psicóloga “o processo de luto é essencial para superar uma perda importante e a melhor maneira para fazer isto é se dar o direito de sentir e expressar sentimentos pelas perdas, sem ter vergonha ou achar que existe algum motivo para se esconder”. No homem o que é afetado de forma mais intensa é sua autoestima, pois mexe com a questão do provedor.

A maior parte da composição da renda familiar, ainda é gerada pelo trabalho deles. Consequentemente, a perda do trabalho faz com que o padrão de vida da família seja prejudicado e o homem não só não aceita passar por tais dificuldades, como também não aceita deixar sua família nas mesmas condições.

Quando a pessoa não consegue se recuperar da perda e dos fortes sentimentos iniciais, deixando esta condição tomar conta da sua vida, é preciso procurar um profissional especializado em Tanatologia, que é uma ciência com o objetivo de estudar os processos de perdas e elaborar o processo de luto para que a pessoa se recupere.

Este processo pode evitar o desenvolvimento de doenças graves como a depressão ou alguma outra forma de recusa à vida. “É fundamental passar por duas fases de tratamento, a primeira para reconhecer e aceitar a realidade e a segunda que consiste em experimentar e saber agir com todas as emoções, problemas e mudanças originadas com a perda”, finaliza Débora Trindade.

Imagem: Sxc

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