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Eleições  | 06/08/2010 00h23min

Com provocações de candidato do PSOL, debate esquenta campanha eleitoral para Presidência

Debate também foi marcado por ataques entre Dilma e Serra e críticas aos governos Lula e FHC

Atualizada às 11h20min

O primeiro debate dos presidenciáveis na TV aberta brasileira, que ocorreu na noite desta quinta-feira, foi marcado por provocações do candidato do PSOL à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, aos outros três candidatos presentes. Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) trocaram alfinetadas entre si e se defenderam dos ataques de Plínio. Nem Marina Silva (PV) escapou das incitações. 

— Agora vocês viram porque o candidato José Serra é chamado de hipocondríaco. Ele só fala de saúde — disse o candidato, antes de chamar Marina Silva, do PV, de "ecocapitalista".

Para a candidata do PT, restou escutar de Plínio que foi ele quem propôs o plano de reforma agrária do atual governo: 

— Quem fez o plano de reforma agrária do Lula fui eu. Fizeram (no governo de Lula) menos que o Fernando Henrique. Um horror — afirmou o candidato, insinuando que as metas que propôs não teriam sido cumpridas nem pela metade.

 

 

A pergunta que abriu o debate foi elaborada pela produção da TV Bandeirantes e baseada nas questões que mais preocuparam os internautas que enviaram seus questionamentos aos candidatos. O mediador perguntou a todos os presidenciáveis quais dos três temas dariam prioridade em seu primeiro dia de governo: educação, saúde ou segurança.

Plínio afirmou ter posturas radicais para resolver os problemas envolvendo os temas, e disse querer apresentar uma contraproposta. Falou ainda que as três são fundamentais para a dignidade do povo brasileiro.

Marina disse que sofreu com a pobreza no Acre e as filas de atendimento médico e, por isso, aponta a saúde como a primeira medida de seu governo, apesar de considerar a educação como base. A candidata quer que os municípios deixem de bancar sozinhos os custos com saúde.

Serra afirmou que, na segurança, o fundamental será envolver mais o Governo Federal no combate ao crime e criar um Ministério de Segurança. Na saúde, o tucano quer encurtar o tempo de espera das consultas, criando mais de 150 centros de especialidade. Para a educação, a proposta é a criação de um milhão de vagas no ensino técnico e profissionalizante.

Dilma disse acreditar que saúde, educação e segurança são os três pilares da política pública no país. A candidata quer priorizar a qualidade de ensino e dar oportunidade de formação continuada aos brasileiros, da creche à pós-graduação. Sobre a saúde, Dilma afirmou que pretende completar o SUS.

Perguntas entre candidatos visaram comparações entre Lula e FHC

No momento destinado a perguntas entre os candidatos, Dilma e Serra se questionaram mutuamente, procurando evidenciar os méritos dos governos Lula e FHC, respectivamente. A petista insistiu nos assuntos de geração de empregos e programas de inclusão social, citando estatísticas que comparavam os dois governantes. Serra respondeu, citando problemas atuais nos aeroportos, portos e estradas federais.

Os dois candidatos que lideram as pesquisas foram os primeiros a se enfrentar com questionamentos. O tucano pediu que a petista falasse em medidas concretas para as áreas de educação, saúde e segurança. Dilma respondeu, citando a criação de 500 Unidades de Pronto Atendimento 24 horas e a ampliação do Programa Brasil Sorridente, que ofereceria tratamento dentário pelo SUS. Na réplica, Serra afirmou que pretende criar novas unidades ambulatoriais para realizar 15 mil consultas e 40 mil exames, em média, por mês.

O debate continuou com perguntas entre os candidatos. Questionado pela candidata Marina Silva sobre sua experiência como situação e oposição, Serra tentou evidenciar feitos do governo de FHC, como o Plano Real.

O candidato do PSDB ainda acusou o Governo Federal de discriminar entidades de assistência às pessoas com necessidades especiais. Dilma afirmou que o MEC sempre procurou integrar as crianças para que todas tenham direito à educação.

Na sua vez de falar, Plínio ironizou a discussão entre os dois candidatos:

— Se vocês forem fazer blocão, vou fazer bloquinho eu e a Marina, falando só nós.

O candidato do PSOL insistiu em questionar seus concorrentes sobre as políticas agrícolas e distribuição de terras, enquanto Marina e Dilma preferiram falar sobre propostas para a educação.

A petista e o tucano continuaram a comparação entre os governos de Lula e FHC e ambos reivindicaram a paternidade de programas, como o Luz para Todos

Marina cita exemplos do RS ao falar de combate ao crack

Questionada pela candidata do PT sobre o problema do crack no país, Marina citou o exemplo do Rio Grande do Sul, onde haveria cerca de 52 mil pessoas viciadas na droga.

A presidenciável afirmou que "teve a felicidade" de propor esta discussão quando esteve no Estado e que seu coordenador de segurança pública entregou ao então ministro Tarso Genro uma proposta de combate ao crack.

Marina também elogiou iniciativas como a justiça restaurativa, que ocorre no Estado e visa a restauração de jovens ao invés de colocá-los na cadeia.

Serra se emociona ao falar do pai

José Serra foi o primeiro a encaminhar as considerações finais. Disse que estava muito feliz, pois o debate foi "bom" e "descontraído": 

— Acho que [o debate] acrescentou para as pessoas que viram.

O candidato do PSDB disse que veio de uma família modesta e emocionou-se ao falar que conseguiu ser candidato à Presidência graças ao trabalho de seu pai.

Dilma Rousseff falou que sua experiência de trabalho no Governo Federal foi a mais "vigorosa e importante" de sua vida. 

— Conviver com a generosidade e a inteligência política do presidente Lula me deu uma experiência única e foi a realização do sonho de muitas gerações — afirmou a candidata.

A presidenciável disse que o trabalho do atual governo "devolveu ao país a autoestima e a certeza" que o Brasil pode ser um país desenvolvido.

Marina falou sobre a educação de qualidade na geração de oportunidades e disse acreditar no fim do preconceito para eleger o novo presidente: 

— Enganam-se aqueles que pensam que estas eleições serão ganhas pela velha lógica.

A candidata ainda recitou um poema que fez para um menino, chamado por ela de Dado, que conheceu em suas visitas pelo país.

Plínio encerrou o debate afirmando que "há um muro" entre as aspirações do povo e a realidade do país:

— A candidatura do PSOL é para expressar essa inconformidade. Todos eles irão defender a sua vontade e arrebentar esse muro que nos divide.

O candidato acrescentou ainda que foi "discriminado" no debate.

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William Volcov, AE / 

Os quatro principais presidenciáveis participaram do primeiro debate na TV aberta
Foto:  William Volcov, AE


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