| 22/07/2009 05h10min
Ricardo Duarte
Depois de escrever a página central do caderno de esportes na versão impressa da Zero Hora de ontem, fiquei pensando no seguinte. Qual o segredo de Maxi López no Grêmio, que hoje tenta sua primeira vitória fora de casa no Brasileirão, contra o Avaí? De onde brotaram os gols que faltaram no Barcelona, no Mallorca e no FC Moscou?
Quando ele chegou, os dados estatísticos apontavam 29 gols em oito anos de carreira, somando o tempo do River Plate. Pouco para um atacante anunciado como o grande reforço da temporada. Como explicar, portanto, os 10 gols em 25 jogos, sem contar os passes — e
não foram poucos — para outros tantos?
Foi quando lembrei de uma entrevista que fiz com o argentino
logo na sua chegada a Porto Alegre. Nela está a solução do mistério.
Era preciso apresentar Maxi López. Não que ele fosse um desconhecido. Mas os torcedores queriam detalhes específicos e próximos: família, impressões sobre Porto Alegre, os motivos da escolha pelo Grêmio, alguns bastidores da demorada contratação, os planos para o futuro.
Os argentinos, por uma questão cultural, não estão habituados a conceder entrevistas como no Brasil, onde os jogadores são instados a dar depoimentos dentro do campo e durante a semana. Recorri ao gaúcho Rogério Braum, um de seus agentes, como salvador da pátria jornalística.
Imaginei que Maxi seria como Schiavi. Lembram dele? O zagueiro aquele, ex-Boca Juniors, agora mesmo campeão da Libertadores com o Estudiantes. Schiavi odiava entrevistas. Já estava desistindo quando a musiquinha do meu celular tocou. Era Rogério: "O Máxi vai falar contigo. Liga para ele agora".
Liguei.
Com toda a educação e gentileza, Maxi conversou comigo
por telefone, em meio a exames médicos, testes físicos e corre-corre atrás de apartamento. Para além das questões prosaicas, eu tinha que perguntar sobre os gols. O que era constrangedor, pois não eram muitos gols. Mas ele respondeu com naturalidade espantosa, revelando maturidade, sem má vontade diante de uma pergunta constrangedora porém necessária. Reproduzo agora exatamente o que ele disse em fevereiro:
— Atacante precisa de sequência de jogos. Nunca tive isso. Nas seleções de base da Argentina, eu tinha uma regularidade de partidas, por isso me destaquei. Depois, nunca mais. É o que busco no Grêmio: sequência.
À época, parecia desculpa. Não era. Maxi provou que precisava apenas jogar. Mesmo depois de algumas atuações ruins, como naquele 4 a 0 dos reservas para o Caxias, no Gauchão, ele seguiu recebendo chances. Não que o argentino seja um craque, mas está longe do medíocre que se imaginava pelas primeiras aparições. E o salário de R$
200 mil, após o Gre-Nal, já não parece
absurdo.
Sequência, eis o segredo de Maximus López, o herói do Gre-Nal do centenário.
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