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 | 08/06/2011 08h50min

De volta ao Fluminense, Abel Braga fala da importância do clube na sua vida

Zagueiro ofuscado da Máquina Tricolor, Abelão dá início à sua segunda passagem como treinador nas Laranjeiras

Como muitos amigos o definem, seu aperto de mão é convicto e direto. Os primeiros minutos de conversa são cercados pela desconfiança. Mas, aos poucos, Abel Braga vai revelando seu lado humano, certo de suas decisões, especialmente a de retornar ao futebol brasileiro para comandar o Fluminense. A abordagem não fugiu aos padrões de seu perfil, mas o treinador se envolveu na narração de sua própria história e usou um termo nada mais apropriado para se definir como tricolor: um guerreiro na vida.

– Eu morava na Penha, perto de onde o Adriano (atacante) morou. Inclusive, eu jogava pelada no campo da Vila Cruzeiro. Cerca de 70% dos meus amigos de infância se perderam. Foram para o lado ruim, da maconha, do roubo de carro, que na época era moda. Naquele momento, o Fluminense foi muito importante na minha formação como homem – contou o treinador.

Mas aquele moleque da Penha, como ele mesmo diz, deu lugar a um homem culto, amante de teatro e do Leblon, bairro onde sua família mora atualmente.

– Vou voltar para o meu Leblon. Não chamo o Leblon de bairro. Chamo de comunidade. Todos se conhecem, se respeitam e se protegem. O dia a dia no Leblon é uma delícia. Agora com o shopping, não precisa de carro para nada. De lá, saio a pé para o teatro. No primeiro dia do Leomir no Rio, ele me ligou e disse que estava falando comigo tomando uma água de coco na beira do mar. E eu aqui, nesses 47 graus – reclamou, referindo-se ao clima dos Emirados Árabes.

Na bagagem da vida, Abel traz histórias divertidas que traduzem a confiança no seu trabalho.

– Lembro que, quando joguei na França, no meio do campeonato, todos os atacantes do elenco estavam machucados. Eu virei para o treinador e disse que já tinha jogado como atacante. Ele me escalou em cinco jogos e fiz três gols – diz o técnico, orgulhoso do feito, mas, ao mesmo tempo, com os pés no chão.

– Qualquer treinador almeja a Seleção Brasileira, mas não falo sobre isso há muito tempo. Quero conquistar títulos, recordes. Como vou pensar em Seleção agora?

DESCRENÇA PELA ESPERA

Três meses foi o tempo de espera do Fluminense por Abel Braga, algo talvez inédito no futebol brasileiro e, justamente por isso, tão difícil de acreditar. O treinador que se apresenta hoje chegou a pensar que o faria no Santos. A paciência dos paulistas, ao contrário da tricolor, não durou duas rodadas, o técnico lembra:

– Sinceramente, não acreditava que fosse dar certo esse retorno ao Fluminense. O Santos fez a mesma coisa, disse que ia esperar. Aí levou duas pancadas na Libertadores e no Paulista e buscaram um treinador. Já o Fluminense esperou. É uma coisa inédita. Isso me enche de orgulho.

NO FLU, FOI OFUSCADO COMO JOGADOR

Abel fala alto e fala o que pensa, autoridade que ganhou no campo e fora dele. No começo da carreira como jogador, porém, falava baixinho. O jovem que chamava a atenção pela altura acima da média para os padrões da época (1,88m) ficava pequeno diante dos craques da Máquina Tricolor, bicampeã carioca em 1975 e 1976.

– Abel era muito alto e sempre foi assim, com muita personalidade. Mas era muito jovem, no meio de outros mais experientes. Não conseguia se impor muito, falava pouco, no fim das contas. Foi no Vasco que passou a ter mais liderança – lembra o ex-companheiro Edinho, titular naquele time que tinha craques como Rivellino e Carlos Alberto Torres.

DE CAMPOS PARA BOTAFOGO

Abel Braga caminhava para um fim de carreira sem grande brilho pelo Goytacaz, de Campos, aos 35 anos. Largou o contrato no meio do caminho para atender a um convite do técnico Jorge Vieira para ser seu auxiliar no Botafogo. O ano era 1985. Virou uma espécie de técnico de defesa e engoliu em seco o nervosismo na primeira preleção. Pior foi quando assumiu o time:

– Um mês depois de eu chegar, demitiram o Jorge e pensei que ia embora com ele. Acabei ficando. Na primeira partida, vencemos o Vasco por 3 a 1. Mas foi o Jorge que me iniciou nesse negócio de ser treinador – lembrou, grato.

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