| 25/05/2011 10h52min
Atualizado às 12h10min
As divergências entre a atual direção do Inter e a gestão passada foram inflamadas um pouco mais. Depois do então vice-presidente executivo Aod Cunha contestar os números dos administradores que o antecederam, agora foi o Conselho Fiscal que, às vésperas da reunião que avaliará as contas dos dois anos de Vitorio Piffero à frente do clube, enviou para conselheiros um parecer fundamentado em uma auditoria externa indicando falhas e um déficit 10 vezes maior do que o pregado pelos ex-dirigentes.
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Segundo essa auditoria, o déficit seria de R$ 21.256.542,28 e não de R$ 2.636.528,50 como foi apontado pelo grupo de Vitorio Piffero. O resultado negativo efetivo da gestão chegaria a R$ 42.945.244,85 – se desconsiderado o valor da venda do Eucaliptos. Além disso, o documento, com 12 páginas, fala em abuso no uso dos cartões de créditos do clube e do pagamento duplo de uma fatura no valor de R$ 362.250,00, realizado em novembro do ano passado.
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Para o ex-vice-presidente da gestão passada, Mário Sérgio Martins, a diferença nos números passa por uma questão de critério na hora de avaliar as contas. Segundo ele, a auditoria externa considerou contas que o clube habitualmente não reconhecia no balancete, como cobranças contestadas pelo Inter, aumentando assim o déficit no ano passado.
— O clube não reconhece uma dívida no valor de R$ 9 milhões. Nunca reconheceu nos últimos 12 anos. Isto nasceu em 1995. Também não reconhecemos uma dívida com ação de plágio. O interessante é que a composição do Conselho Fiscal sempre foi a mesma. Nunca se considerou estas dívidas e agora está se considerando. O que mudou foi o critério do Conselho Fiscal e não o clube — explicou Martins.
Nos últimos nove anos, empresas como Charnesky Auditores e Sawerin & Associados, que trabalham com grandes grupos financeiros, auditaram as contas do Inter.
— Sempre houve concordância entre as gestões que passaram pelo Inter e pelas empresas de auditoria. Agora chega uma auditoria externa, que nunca conversou com um membro da diretoria, nunca pediram esclarecimentos, e apresenta números como estes. Esta auditoria se preocupou em descobrir critérios para aumentar o déficit — disse o vice-presidente na gestão de Piffero.
Mário Sérgio Martins também contesta o pagamento duplo de uma fatura no valor de R$ 362.250,00:
— Houve um crédito duplo e não um pagamento duplo. Fizemos um levantamento e se viu que estava errado. Este crédito é que estava alocado de forma equivocada. No meio deste estudo em que encontramos o equívoco, esta auditoria externa foi contratada. Mas nunca houve o pagamento e nunca sairia do clube este valor. Mesmo que o erro não fosse detectado, se perceberia o erro na hora do pagamento. Este valor nunca foi pago para ninguém.
A auditoria externa também apontou problemas no uso dos cartões de crédito corporativos, especialmente em viagens. Pedro Affatato, outro vice-presidente da gestão Piffero, vê tudo como uma manobra política:
— Os cartões corporativos são a forma mais transparente de mostrar as despesas que o clube efetua. Isto não procede. A prestação de contas foi efetuada com a respectiva documentação. Não sei como isto foi vazar da forma que vazou. Mas estamos tranquilos pela forma que fazemos a contabilidade. Sempre tudo foi feito desta forma e nunca houve problema — disse Affatato.
Procurado pela reportagem do clicEsportes para explicar uma possível mudança nos critérios de avaliação, como citaram membros da antiga gestão em razão do seu descontentamento, o presidente do Conselho Fiscal, Saul Wainberg, preferiu não se manifestar.
— Eu não gostaria de expor essa situação e falar sobre esse assunto por uma questão de ética. Vou deixar para que os membros do Conselho Deliberativo tomem posição na reunião da próxima segunda — disse Wainberg.
O ex-presidente Vitorio Piffero contestou o modo como o Conselho Fiscal calculou o déficit. Segundo ele, o balanço apresentado por sua gestão, auditado dentro dos moldes do clube há cerca de 10 anos, foi acrescido de outras quatro provisões – lançamentos que poderiam entrar nas contas do clube.
— Uma delas é uma multa do Banco Central, cobrada em 2000, relativa a dívidas da década de 90. Depois de 2000, isso não aparece nos anos subsequentes. Só em 2009 o Conselho Fiscal resolveu trazer à tona de novo essa dívida, como uma cobrança de IPTU pela prefeitura, mas o clube é isento. A fazenda municipal procurava cobrar em torno de R$ 3 milhões relativo às locações de áreas comerciais do Beira-Rio, da pizzaria, da churrascaria, por exemplo, incluindo locações antigas e recentes. É um histórico que a prefeitura tentou cobrar e o clube se defendeu, obtendo ganho de causa — disse Piffero em contato por telefone.
A mesma situação ocorria com o Estádio dos Eucaliptos, lembrou Piffero, que foi kartódromo e mais recentemente foi transformado em um complexo de quadras esportivas, mas com o Inter se defendendo.
Na segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Inter se reunirá para apreciar as contas de 2010. A expectativa dos ex-dirigentes é de que tudo seja aprovado sem nenhum problema.
CLICESPORTES
Contas da gestão Vitório Piffero estão sendo analisadas pelo Conselho do Inter
Foto:
Emílio Pedroso, BD - 12/12/2008
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