| 05/05/2011 07h11min
Mais de 100 anos e mil gols depois, o Gre-Nal ainda reserva surpresas quando os goleadores rumam à torcida para comemorar o clímax do futebol. No último clássico, válido pela final da Taça Piratini, Leandro Damião e Júnior Viçosa flertaram com a criatividade e a provocação no momento de celebrar seus gols. Damião mandou um "hadouken" (golpe do game Street Fighter) à torcida do Grêmio. Já Viçosa, com o dedo indicador à boca, ordenou que os colorados se calassem após o empate.
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E, no próximo domingo, pelo jogo de ida das finais do Gauchão, o que gremistas e colorados pretendem aprontar? No embalo da descontração da dupla de centroavantes citada acima, o clicEsportes revisita clássicos que ficaram marcados não só pelo resultado, mas também pelas comemorações dos gols. Teve de tudo: salto mortal abortado tarde demais, artilheiro fazendo as vezes de pistoleiro, e até desmaio de zagueiro incrédulo.
Gol contra e desmaio
Foi emoção demais para Bibiano Pontes. Zagueiro do Inter ao lado de Figueroa no Gre-Nal 205, em 21 de maio de 1972, Pontes marcou um gol contra ao atrasar errado e encobrir o goleiro Schneider. Minutos depois, a redenção. Valdomiro cobrou falta com a sua usual perfeição e, no rebote, Pontes empatou a partida.
Na comemoração, esqueceu a sua promessa de lançar o calção para o torcedor, em vez da camisa - celebração que havia qualificado como "manjada". A adrenalina de ser alçado de vilão a herói em instantes o pegou de surpresa: Pontes desmaiou no gramado.
— Quase enlouqueci com o gol. Acabei desmaiando — confessou a ZH, à época.
Salto quase mortal
O Gre-Nal de 25 de setembro de 1977 está na seleção das grandes façanhas do Grêmio. Ao vencer o Inter por 1 a 0 no Olímpico, o Tricolor estancou uma série de oito campeonatos estaduais consecutivos do rival. Curiosamente, um lance insólito chega a ser mais lembrado que a própria dimensão da conquista.
Autor do gol do título, André Catimba também entrou para a história na comemoração depois de bater o goleiro Benítez. Esboçou um salto moral, mas desistiu no meio do caminho. Tarde demais. Esborrachou-se por completo no gramado.
— Eu fiquei tão emocionado naquela tarde que não sabia como me expressar. Pensei em dar o salto mortal, desisti, mas já estava no ar quando voltei atrás. Era tarde. Me machuquei todo — contou o artilheiro
Depois da bicicleta, o saci
Para Paulo Nunes, não foi suficiente marcar um golaço de bicicleta na casa do rival em 22 de setembro de 1996. O atacante gremista rumou à torcida colorada e fingiu ser um saci, mascote do Inter. Apenas a letal perna direita lhe dava apoio no solo.
Mesmo tendo levado o empate com Murilo, o Grêmio chegou à vitória do Gre-Nal 331 com gol de falta de Dinho. O time de Luiz Felipe Scolari também venceria aquela edição do Brasileirão. Ao final do clássico, o volante aproveitou para brincar com o colega artilheiro.
— O Paulo Nunes conta até hoje que foi de bicicleta. Mas aquilo foi um velocípede. Mas isto é o que menos importa. O que interessa é que foi gol.
Mosqueteiro moderno
O Gre-Nal de 24 de agosto de 1997 eternizou o grito "uh, Fabiano", que ecoou sem parar na torcida colorada em pleno Olímpico. Com as 7 às costas, Fabiano marcou dois gols e armou a jogada de outros dois no famoso clássico dos 5 a 2, válido pelo Brasileirão.
Num de seus gols, Fabiano, extasiado, juntou as palmas de mãos e passou a movimentá-las sem parar. O que seria essa comemoração? Claro, uma provocação ao rival já combalido pelo talento do atacante. Fabiano encarnava um mosqueteiro empunhado sua espada, em alusão ao mascote tricolor. A alegoria não ficou lá essas coisas. Mas, depois do que fez em campo, Fabiano não merecia reparos. Só elogios e, claro, o grito: "uh, Fabiano".
O garoto do placar
Num Gre-Nal recheado de discussões e polêmicas, a comemoração de Ronaldinho ficou ofuscada. Mas o clicEsportes a resgata do limbo para colocá-la entre as celebrações marcantes do clássico. Em 7 de outubro de 2000, pela Copa João Havelange, o Inter vencia por 1 a 0 no Beira-Rio, gol de Elivélton. Após expulsão polêmica de Fabiano, o Grêmio tomou a rédeas do jogo e conseguiu uma boa falta perto da área.
Com a destreza costumeira, Ronaldinho guardou, sem chances para Iran. Na comemoração, o craque gremista rumou ao placar eletrônico do Beira-Rio, que estava sendo inaugurado naquela tarde. De frente para o aparelho, Ronaldinho fez pose, tirou sarro e se vingou: o placar não mostrava o nome do Grêmio, apenas um provocativo G.F.P.A., em letras esverdeadas.
Até hoje, esse clássico é conhecido como o "Gre-Nal do placar eletrônico".
O pistoleiro colorado
Perto do seu desfecho, o Gre-Nal 379, de 31 de janeiro de 2010, parecia terminar num empate sem gols e sem graça. Mas Alecsandro acertou um chute forte, venceu Victor e decretou o 1 a 0 para o Inter. Sem polêmicas de impedimento ou coisa que o valha, o gol deixou marcas após a comemoração. Alecsandro foi até a torcida gremista e, com as mãos, fingiu atirar nos fãs azuis.
Ser pistoleiro por um dia pegou mal para o centroavante, que sofreu críticas de todos os lados. Dias após o clássico, Alecsandro esclareceu a polêmica e prometeu não mais repetir o gesto:
— Em momento nenhum quis matar ninguém. É matador nas gírias de futebol, de fazer gol. Não foi no intuito de querer mexer com alguma torcida. Não me arrependo, mas também não faço mais — disse Alecsandro.
Gre-Nais marcados por comemorações: domingo tem mais?
Foto:
Montagem sobre fotos de Fernando Gomes, Valdir Friolin, Armênio Abascal Meireles, BD ZH, Silvio Ávila e Daniel Marenco
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