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 | 26/08/2010 06h11min

Mano Menezes: "É hora de a torcida apoiar"

 





Apoio e paciência da torcida.

Eis a receita do técnico da Seleção Brasileira para o Grêmio exorcizar de vez o medo do rebaixamento neste Brasileirão.

Mano Menezes, cuja identificação com o clube é notória, a enunciou antes mesmo de ver o que viu nas cabines de imprensa do Olímpico.

Parecia prever a derrota por 2 a 1 para o Santos com matizes de filme de terror, antevendo o ambiente negativo e emocional que se abaterá sobre o vestiário azul.

Quando Mano chegou ao estádio para assistir o jogo ao vivo, prática que fará dele um andarilho na tentativa de aprofundar seus instrumentos de avaliação de cada jogador, o pensamento foi unânime. Na condição de treinador do Brasil, ele talvez evitasse falar da fase medonha vivida pelo Grêmio.

Do outro lado havia o Santos, e o Santos é um time brasileiro — ainda por cima com vários jogadores selecionáveis.

Mas Mano não se esquivou de deixar uma mensagem de apoio ao clube que o ajudou a chegar aonde está.

Teve elegância para não parecer um torcedor de arquibancada, comportamento que não cai bem no figurino de treinador de um país pentacampeão — mas falou:

— É hora de apoiar. O Grêmio tem profissionais sérios trabalhando, e eu tenho certeza que se eles tiverem tranquilidade para trabalhar, vão tirar o time desta situação. Em momentos assim, apoio e serenidade ajudam demais. É o que a torcida deve fazer.

Se antes do jogo as palavras ponderadas de Mano faziam sentido, mais ainda depois da tragédia.

A bravura do time, o pênalti de Neymar defendido por Victor e, quando o Grêmio estava pressionando como nos bons tempos, um contra-ataque nos acréscimos liquida com a reação. Depois da nova defesa milagrosa de Victor, a bola poderia cair em qualquer lugar, mas foi morrer no pé de Rodriguinho. Muito azar.

Mano foi embora com ar sério, compungido, sem conceder mais entrevistas. Estava chateado. Mas deixou a sua receita para o Grêmio sair dessa.

Sobre Mano, vale dizer: o técnico da Seleção chegou ao Olímpico esbanjando paciência, simpatia e compreensão. Não irrompeu nas cabines do Olímpico com uma equipe de assessores, como se fosse um chefe de estado.

Saiu do Hotel de Ville, onde está hospedado, na mais absoluta discrição. Nada de carrões ou seguranças. Apenas ele e um amigo, que dirigiu o Honda Fit com placa de Porto Alegre.

Foi reconhecido por torcedores ao ser orientado por soldados da Brigada Militar a evitar a entrada pela Cascatinha, que estava bloqueada. Abriu o vidro do carro e apertou a mão de vários gremistas.

Já no estádio, aí sim, teve a correta proteção de seguranças. Mas sempre que notava algum exagero dos homens ao seu redor, fazia algum sinal com os olhos, como se pedisse tranquilidade e paciência.

A mesma tranquilidade e paciência que ele acredita serem fundamentais por parte da torcida que o ajudou a chegar onde chegou. Sem isso, vai ficar mais difícil o Grêmio atravessar o maremoto e chegar são e salvo à terra.



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Fernando Gomes  / 

"Mano não se esquivou de deixar uma mensagem de apoio ao clube que o ajudou a chegar aonde está"
Foto:  Fernando Gomes


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