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 | 13/08/2010 06h11min

Carta aberta a Renato Portaluppi

 



 Vou dizer algo que parece maluquice após uma derrota por 2 a 0 para um Goiás horrível no Olímpico, sem falar no fiasco de ficar de fora da Sul-Americana, atalho da Libertadores, logo na primeira fase.

Eu gostei da estreia de Renato Portaluppi como técnico do Grêmio.

Ele não teve culpa de rigorosamente nada. O time melhorou — e melhorou muito — a partir da sua conversa no intervalo. Vou além: encorpou com as alterações táticas e substituições.

Renato entrou com um 4-2-3-1, passou para o 4-4-2 e depois arriscou tudo no 4-3-3. Tentou, como se vê. Se o árbitro Paulo César de Oliveira não tivesse anulado erradamente o gol de André Lima, que seria o do empate em 1 a 1, talvez o Grêmio estivesse comemorando uma classificação, no embalo do canto da pequena torcida presente ao estádio.

Só que Renato não é santo, embora tenha feito milagres com a bola nos pés. A herança deixada por Silas é que é perversamente medonha.

Como falar do passado de nada adiantará neste momento de desintegração, me permito deixar uma sugestão para Renato em um momento de crise, após 10 jogos sem vencer: o Grêmio deve radicalizar no apoio aos jogadores das categorias de base, que colhe uma de suas melhores safras em muito tempo.

Renato, você virou mito e deve muito de sua trajetória brilhante ao departamento amador do Olímpico. Em vez de Ozeia ou Rafael Marques, vá de Saimon, capitão da seleção brasileira sub 20. Mantenha Maylson, que mesmo sem confiança e na crise não foge da raia e arrisca o chute. Mantenha Willian Magrão.

Dê passagem à Mário Fernandes quando estiver recuperado, em vez de implicar com ele, como Silas fazia. Observe o volante Fernando, titular absoluto em torneios da CBF e esquecido no Grêmio. 

Apesar da atuação ruim de ontem, não condene Neuton, vítima do mau momento, mas jogador com futuro. Quem não lembra do Gre-Nal, quando ele estreou e deu conta do recado deslocado na lateral-esquerda? Se ainda for possível suspender o empréstimo junto ao Atlético-PR, traga Mithyuê de volta. 

Souza, Hugo, Douglas, até Borges: não são eles que irão tirar o Grêmio do buraco. Eles podem ajudar, Renato, mas a chama da resistência virá dos bons jogadores criados na base. Virá do mais genuíno sangue azul.



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Jefferson Botega / 

Renato não teve culpa de rigorosamente nada na derrota para o Goiás
Foto:  Jefferson Botega


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