| 11/08/2010 14h08min
Técnico que conduziu o Inter até a semifinal da Libertadores, o uruguaio Jorge Fossati evitou falar sobre mágoa em relação ao ex-clube. Contudo, não escondeu a frustração por seu trabalho ter sido interrompido durante a competição. Em entrevista, o atual treinador do Al-Shabab lamentou sua conturbada demissão, criticou a imprensa e afirmou que não vê diferença entre o seu time e o de Celso Roth, e revelou ter tentado levar Alecsandro para a Arábia Saudita.
Confira algumas declarações, por assunto:
MUDANÇA DE ARES
"Na verdade, não estou sentindo muito, pois já trabalhei antes no Golfo Pérsico. A paisagem do Catar e da Arábia é quase a mesma. Evidentemente, é diferente dirigir, há coisas diferentes, inclusive, a mentalidade dos jogadores. Estou em um país maior do que o Catar. O território daqui dá quase uma Europa inteira, é como o Brasil na América do Sul. A qualidade do jogador daqui é maior do que no Catar."
LIBERTADORES DE LONGE
"Não é fácil não. Sei que trabalhei muito, fiz muito para que isto acontecesse. Estive perto de uma final, mas a decisão da diretoria cortou nosso objetivo. O clube está acima das individualidades, o Inter segue com este objetivo, que foi apresentado a mim como a meta maior do clube nesta temporada. Estávamos conseguindo, por isso a surpresa pelo que aconteceu. Talvez algum dia eu saiba de toda a verdade de tudo o que aconteceu. Sinceramente, até hoje não sei o que aconteceu. Procuro não guardar mágoas, quero guardar as boas lembranças."
RESISTÊNCIA AO TRABALHO
"Sem dúvida, partiu de uma parte da imprensa de Porto Alegre. Uma parte, repito. Se eu ganhava por 5 a 0 me perguntavam na coletiva sobre o afastamento do Walter. Com a minha experiência, percebi alguns mal-intencionados. Isto influenciou alguns torcedores, mas vi que a torcida já não estava mais digerindo tudo que passavam para eles. Talvez o fato de ser estrangeiro pode ter sido algo contra mim, mas não posso sair das hipóteses, não tenho provas. Quem tomou a decisão não foi a imprensa, foi a diretoria do Inter. Mas se eles se deixaram levar por alguma pressão, eles é que devem analisar se têm a capacidade de dirigir um clube da magnitude do Inter. Não culpo a pressão da imprensa, tanto faz. Me criticaram demais por colocar o Alecsandro como titular. hoje ninguém deve estar dizendo que eu estava certo, pois ele ainda é o artilheiro, acaba de dar vaga às finais. Será que o burro do Fossati estava tão errado? Não vão reconhecer nunca. Vão sempre procurar uma desculpa para criticar."
MENTALIDADE DOS DIRIGENTES
"Só posso falar dos diretores que conheci. O Inter tem pessoas de grande nível e conhecimento. Olhe quantos técnicos já caíram desde janeiro. Isto tem a ver com falta de estabilidade emocional, de não estar convencido do que se está fazendo. Acho que o estudo prévio para a escolha do treinador não é uma coisa que se decide em um restaurante bebendo uma cerveja. Tem que estudar. Chegou a um perfil ideal? Aí tem que bancar, não pode tirar por causa de uma bola que entou ou não. Tem de ver se ele está em um caminho que foi imaginado pelo dirigente, levar em conta o trabalho e a honestidade. Isto não é privilégio do Brasil, é a mentalidade geral de um dirigente sul-americano."
RELAÇÃO COM ELENCO
"O relacionamento do meu staff com os jogadores foi sempre muito bom. Pessoalmente, eu não senti diferença com outros grupos. Diria que foi normal, talvez não foi das melhores que encontrei. Um treinador que tive me dizia que ele teria 11 amigos, 7 indiferentes e os demais quase inimigos. Se alguém tinha problema conosco e tenha ido a um diretor fazer uma queixa, isto seria uma decepção enorme. Simplesmente um traidor. Insisto que não tenho conhecimento de uma possível traição."
CHOQUE DE ESCOLAS
"O que sei é que a maioria dos profissionais da área de preparação, como o Fábio (Mahseredjian), da Seleção Brasileira, teve bom relacionamento com meu preparador (Alejandro Valenzuela). Ele era aberto a outras escolas. Em termos gerais, os brasileiros pensam que sua escola é a única verdade que há no futebol. Quem acredita que tem a verdade é quem não tem capacidade de se informar para crescer. Quando vê algo diferente, como não conhece, simplesmente critica. O que deveria ser analisado é o rendimento físico do Inter no período em que estivemos. Aí poderíamos saber se foi bom ou ruim, não criticar por ser uma escola diferente. Quando eu jogava no Brasil, não mudou praticamente nada a forma de se trabalhar fisicamente. Não irá aceitar as mudanças quem ficou parado no tempo."
GRUPO DO INTER
"Levaria vários deles para jogar comigo de novo. Qualquer um deles poderia jogar novamente comigo. Até onde eu sei, não teria problema em trabalhar com eles de novo. Queríamos trazer o Alecsandro, mas a campanha na Libertadores emperrou o negócio. Acho que o Giuliano tem as qualidades de um jogador completo, o que falta é estabilidade emocional. Ele ainda oscila um pouco de jogo a jogo. Isto vai melhorar à medida que ele ganhar mais experiência."
SENTIMENTO
"Não posso mentir, dizer que meu sentimento é de felicidade. É uma grande mistura entre alegria por ver o Inter nesta situação, mas que se confunde pela tristeza de não estar lá. Se um jogador joga 10 de 14 jogos, ele tem motivos para se sentir uma parte muito importante do processo. Vai dar para sentir que conquistei a Tríplice Coroa, pois já ganhei a Sul-Americana e a Recopa. Não vou ganhar a medalha, mas interiormente vou ter este reconhecimento de ter feito parte dos momentos mais difíceis. Não sei se eles vão me mandar uma faixa de campeão, mas não precisa, o mais importante são as mensagens e ligações que recebo de muitos torcedores do Inter que nos agradecem pela nossa ajuda. Isto vale mais do que uma faixa ou uma medalha."
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