| 05/08/2010 09h09min
A torcida são-paulina olha a equipe com desconfiança. Corre em São Paulo o diagnóstico de que o mau planejamento provocou o fraco desempenho pós-Copa. Ainda que surpreendente, o distanciamento do presidente Juvenal Juvêncio das decisões do futebol teria provocado a queda de rendimento.
Juvêncio é uma espécie de Fernando Carvalho do São Paulo. O homem forte do clube e do futebol. Acontece que, em 2010, ele se dedicou às reformas do Morumbi para o Mundial de 2014 antes mesmo dos problemas políticos com a CBF que tiraram o estádio são-paulino da Copa no Brasil.
O técnico Ricardo Gomes teria ficado desamparado em algumas decisões. Assim como o clube. Os episódios da perda do meia Oscar para o Inter, após um litígio na Justiça, e a venda de Hernanes para a Lazio, anunciada pela parceira Traffic na véspera da decisão da Libertadores, não aconteceriam tempos atrás.
A ausência de Juvêncio seria algo como o Inter de 2007 que, sem Carvalho (que havia deixado o clube após o Mundial), viveu uma temporada de insucessos no futebol — salva apenas pela conquista da Recopa Sul-Americana, em dois jogos, contra o Pachuca, do México.
Ricardo Gomes chegou ao Morumbi em substituição ao tricampeão brasileiro Muricy Ramalho e com o elenco já formado. Passado um ano, não conseguiu manter a qualidade do trabalho do antecessor. Vai mal no Brasileirão e busca a superação na Libertadores na base da mobilização dos experientes Rogério Ceni, Alex Silva, Hernanes e Fernandão. Gomes corre risco de demissão. Dunga, Sérgio Soares (técnico do Santo André) e até mesmo o treinador gremista Silas seriam possíveis sucessores de Gomes.
Melhor para corintianos e palmeirenses, que reforçarão a torcida colorada esta noite, ainda que nas ruas da capital paulista não haja mobilização de adversários dos são-paulinos. Mas, é claro, a secação será muito grande.
Ainda que acredite na passagem à sétima final de Libertadores (em seis decisões, o São Paulo venceu três e perdeu outras três, uma delas para o Inter), o ambiente no clube é de desconfiança. Até o sempre inflamado Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol são-paulino, não demonstra entusiasmo e fé de outras partidas. Refugia-se em seu mantra pessoal ("a Libertadores está no calendário anual do São Paulo") e garante: se não chegar à final desta vez, chegará no ano seguinte.
— A cada 10 disputas de Libertadores, talvez ela nos escape em dois anos, no máximo. Acho que o São Paulo chegará à final outra vez, até porque o time cresce muito no Morumbi. Mas, se não conseguirmos, não será o fim do mundo. No ano que vem tem mais — afirma.
Dono da década
Os são-paulinos garantem que ainda são os papa-taças do Brasil nos anos 2000. O superintendente de futebol, Marco Aurélio Cunha, do clube paulista, entende que as conquistas paulistas pesam mais do que as do Inter:
— São dois gigantes, mas o São Paulo ainda está bem à frente do Inter neste período.
Os títulos do São Paulo desde 2000:
2005 — Libertadores e Mundial
2006 — Brasileirão
2007 — Brasileirão
2008 — Brasileirão
Ganhou ainda o Paulistão em 2000 e 2005
Os títulos do Inter desde 2000:
2006 — Libertadores e Mundial
2007 — Recopa Sul-Americana
2008 — Copa Dubai e Copa Sul-Americana
2009 — Copa Suruga
Ganhou o Gauchão em 2002, 2003, 2004, 2005, 2008 e 2009
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