| 11/07/2010 06h11min
Para o bem do futebol, é melhor que a Espanha derrote a Holanda e seja campeã do mundo. Por alguns bons motivos, que listo a seguir para não ficar em cima do muro na final deste domingo no estádio Soccer City, em Joanesburgo, no derradeiro dia da primeira Copa em solo africano.
1) A Espanha joga e ataca.
Não fica só lá atrás se defendendo e rezando por um contra-ataque para depois dizer que venceu com planejamento tático cerebral. A Holanda não é o contrário desta lógica, vale dizer. Tem Sneidjer, Robben e Kuyt. Se não são três atacantes, eles formam um trio muito próximo disso. Sem falar em Van Persie. Mas a Espanha é mais representativa da antítese do futebol meramente defensivo. Tem Pedro, Fernando Torres, David Villa, Iniesta, Cesc Fabregas, Xavi. Todos ótimos jogadores.
2) A vitória da Espanha ajudaria a relativizar a supervalorização dos técnicos.
Vicente del Bosque é um grande técnico. Tem trajetória como ex-jogador e treinador do Real Madrid, onde foi campeão da Liga dos Campeões. Mas estava quase se aposentando quando foi chamado para assumir a seleção depois da Eurocopa de 2008. Não foi ele que montou este time, e sim Luis Aragonés, seu antecessor. A força da Espanha, portanto, está mais nos seus jogadores e menos na figura do treinador.
3) O título espanhol acabaria com a tese de que jogar bem e perder são sinônimos.
Grandes seleções encantaram o mundo na história das Copas, mas voltaram para casa sem taça. A Hungria, em 1954. A Holanda, em 1974. Brasil e França, em 1982. Pode-se dizer que o Maracanazo de 1950 está nesta conta, mas os casos de Hungria e Holanda são emblemáticos.
Foram duas equipes revolucionárias, ancoradas em dois gênios (Puskas e Cruyff). Só a Seleção de 1970 juntou talento desmedido e taça. Se der Holanda sempre haverá alguém menor para dizer "pois é, mas não ganharam nada, o negócio é jogar feio e faturar", como se só os vitoriosos tivessem o direito de contar a história ou apenas carrinhos e retrancas significassem seriedade. É uma bobagem.
Ganha-se e perde-se com qualquer esquema tático e estratégia. Há exemplos para todos os gostos.
Que ganhe a Espanha.
Nada contra a Holanda, um time longe de representar o que foi a Itália em 2006, espécie de Retranca Futebol Clube. Mas a vitória da Espanha pode mudar os rumos do futebol. Inclusive no Brasil, depois da Era Dunga.
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