| 16/04/2010 07h59min
Nem mesmo a condição de herói da história recente do Avaí poupará Silas de ouvir vaias quando aparecer à beira do gramado da Ressacada, dia 21. Desde quarta-feira, um sentimento de traição toma conta dos torcedores da equipe catarinense, que acusam o técnico de ter influenciado na expulsão de Caio, no primeiro jogo pelas oitavas de final da Copa do Brasil.
Também é isso que pensa o médico João Nilson Zunino, 64 anos, há oito como presidente do Avaí. Ele acha que o amigo Silas não fez jus ao seu comportamento cheio de princípios ao denunciar Caio ao quarto árbitro Francisco Silva Neto. Avisado pelo auxiliar das ofensas do meia do Avaí, o árbitro Alício Pena Júnior o expulsou.
O volante Marcinho Guerreiro garante que Caio não ofendeu ninguém.
— Se alguém tivesse de ser expulso não era o Caio. Eu sim falei várias coisas para ele (o árbitro) e nem levei cartão — relatou.
De acordo com Zunino, Caio foi "escolhido" por Silas para sair do jogo:
— Não sei por que fez isso, sempre teve um ótimo convívio com esse menino. Continuaremos amigos, mas Silas estava emocionalmente alterado na partida.
Alício Pena Júnior e o auxiliar Marconi Vieira, que assinalou escanteio no primeiro gol do Grêmio, serão suspensos pela comissão de arbitragem.
Conforme o dirigente, Silas tentou mais de uma vez um contato por telefone ontem à tarde. O relato foi feito por sua secretária. Hoje, quando espera estar mais calmo, Zunino pretende retornar a ligação.
Não fosse o episódio de quarta-feira, Silas seria homenageado pela torcida do Avaí. Foi o que ocorreu dia 29 de novembro, data de seu último jogo no Avaí. Emocionado, o técnico fez a volta olímpica na Ressacada, sob aplausos, despedindo-se dos torcedores. Um fato histórico, conforme definiu o colunista Roberto Alves, do Diário Catarinense.
— A torcida gostava muito dele. Como eu, ela não entende a forma como ele agiu. Aqui, Silas nunca se valeu de fatores extracampo para ganhar as partidas — afirmou o presidente.
A hostilidade, no entanto, irá se limitar às vaias. Zunino destaca a boa relação entre Grêmio e Avaí. Lembra que um dos setores da Ressacada costuma abrigar torcedores do time da casa e do visitante.
É na condição de clubes amigos que Avaí e Grêmio deverão participar de um torneio em Florianópolis, em julho. Figueirense e Vasco também poderão jogar. A competição será realizada em meio à Copa do Mundo, para que os clubes não enfrentem um longo recesso até o retorno ao Brasileirão.
Para o jogo da volta, na quarta-feira, Mário Fernandes é dúvida em razão de uma lesão no braço. Ele será avaliado hoje. O Grêmio antecipou a viagem a Florianópolis de terça para segunda-feira.
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