| 13/11/2009 05h50min
Eduardo Cecconi
Quem tem a braçadeira de capitão no Inter é Guiñazu. E por virtudes justificadas e reconhecidas. Ninguém se entrega pelo time como ele. Nos dias de calor no Beira-Rio forma-se um lago de suor no local onde os jogadores concedem entrevistas, na vez de o argentino dar o seu recado.
El Cholo, como se sabe, veste malha de neopreme, capa de chuva e camiseta por cima da capa de chuva para exercitar o sofrimento que um jogador de verdade precisa sentir em uma partida. É maluquice, mas é também prova inequívoca de compromisso
com o clube e a torcida.
Guiñazu é o capitão pelo que representa como exemplo, mas quem manda mesmo é outro: Bolívar. No
vestiário que já foi de Fernandão e Clemer, hoje é de Bolívar a voz que mais ecoa. Dos zagueiros, se cogita até de Fabiano Eller, um campeão do mundo, deixar o time contra o Santos. Bolívar, não.
A liderança começou ainda nos tempos de Tite. Bolívar não queria ser lateral-direito, mas o Inter estava prestes a enfrentar o Boca Juniors, na Bombonera, com o improvável Ângelo. Lembra dele? Pois é.
Tite acionou Fernando Carvalho e Bolívar aceitou ser de novo lateral-direito, permitindo o ingresso de Álvaro na zaga. O título da Sul-Americana nasceu ali. Claro que lá na frente havia o trio Alex, D'Alessandro e Nilmar, mas a defesa se ajeitou com Bolívar pelo lado.
O gesto conquistou dirigentes e o técnico. Depois de ser campeão da Libertadores e jogar no Monaco, da França, como zagueiro, aceitou retornar a uma posição na qual nunca foi além de mediano. Nunca mais foi reserva, mesmo quando passou por má fase. Mais ou menos o que sempre
aconteceu com Fernandão: ainda que não
estivesse jogando bem, não saía do time.
Agora mesmo, com Mário Sérgio. Ao saber do comando de Bolívar no vestiário, o novo treinador foi logo compor. Para um tiro curto de 11 jogos, era preciso o apoio dos jogadores. Experiente, Mário procurou Bolívar. Que fala até sobre escalação. Não é ele quem decide, claro que não. Mas Mário o provoca a dar sugestões, até como forma de não criar atrito com o vestiário. Abel Braga agia assim com Fernandão e Clemer.
Os resultados não são bons como nos tempos de Fernandão e Clemer. É verdade. Mas estamos diante de um fato: hoje, o dono do vestiário do Inter é Bolívar.
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