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 | 03/11/2009 06h10min

Rafael Marques aceitaria mala branca do Inter?

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



 Vinícius Rebello










Ele ficou famoso ao marcar aquele golaço contra na derrota por 2 a 0 para o Santo André, domingo. Adriano Imperador tentou e não conseguiu fazer gol em Victor. Rafael Marques chegou lá. Um golpe de cabeça preciso, após cobrança de arremesso lateral: golaço. Pois imaginava-se que o zagueiro do Grêmio tivesse encerrado a sua cota de polêmica depois dessa pequena façanha, mas não.

No dia seguinte, Rafael Marques diz que a mala branca não tem nada de antiético. Avança o sinal: anuncia ser a favor dela. Aceitaria de bom grado se lhe fosse oferecido um dinheirinho a mais para vencer este ou aquele adversário nas cinco rodadas que restam do Brasileirão.

A conclusão é óbvia e irrefutável: Rafael Marques, um jogador do Grêmio, aceitaria receber dinheiro do Inter para ganhar do São Paulo, adversário da próxima quarta-feira e concorrente direto do maior rival na luta pelo título e por vaga no G-4. A julgar pelo que ele afirmou, é isso.

Bem, se não dá para elogiar a capacidade do zagueiro em distinguir o certo do errado, ao menos louve-se a coragem. Em vez de se esquivar do assunto, como suponho que muitos façam, encarou-o de frente. E, de quebra, fez uma certa propaganda. Agora todos sabem que ele está no mercado da mala branca.

E qual seria a contrapartida do cachê? Algo romântico, tipo fazer um gol, ou impedir Washington de tocar na bola com uma atuação ao estilo Nilton Santos? Ou quem sabe algo menos nobre, como entrar em campo para cavar uma expulsão e dar um carrinho a fim de tirar o atacante de campo na maca?

Rafael Marques é um profissional correto. Nunca ouvi absolutamente nada em seu desabono. Quando o entrevistei tive a melhor das impressões. Por isso quero acreditar que ele apenas não tem noção do que disse. Se tivesse, não diria.

Tanto faz se é mala preta ou mala branca. É dinheiro de origem duvidosa. É uma porta aberta para a corrupção no futebol.

Quer dizer, então, que o jogador de um grande clube não dá o máximo para defender a camiseta que veste em todas as rodadas, apesar de receber 30, 40, sei lá, 100 mil mensais do seu empregador? Só o fará se ganhar uma grana extra de terceiros?

O argumento de que o seu time nada mais tem a fazer no campeonato não serve. Não haveria, por esta lógica, problema em ser pago para perder, já que o seu empregador não será lesado. E os clubes menores, que não têm poder financeiro nem de simpatizantes para fazer uso deste recurso, como ficam?

Ao defender a mala branca, um procedimento desrespeitoso com os profissionais sérios do futebol, Rafael Marques fez gol contra. E um gol contra muito mais feio do que o de cabeça, contra o Santo André.

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