| 30/09/2009 22h48min
Michael Payne trabalhou por 21 anos no Comitê Olímpico Internacional (COI) e foi o responsável pelo marketing de 15 Olimpíadas de verão e inverno. Tido como um dos principais responsáveis por transformar os Jogos no maior evento do mundo, o inglês, que foi conselheiro da candidatura do Rio, concedeu entrevista exclusiva ao site Lance!, na qual analisou o panorama para eleição de amanhã e afirmou que o Rio de Janeiro tem condições de realizar um grande evento.
Em 2014, o Brasil sediará a Copa do Mundo. Isso de alguma maneira afeta a candidatura olímpica do Rio de Janeiro?
Michael Payne: Inicialmente algumas pessoas questionaram se não seria muito para um país receber dois grandes eventos de forma consecutiva. Mas eu acredito que, agora, todos estão cientes de que é uma grande vantagem. Isso permitirá ao país dividir melhor os seus gastos e realmente explorar as plataformas de promoção global. Para a Olimpíada é
uma grande vantagem, pois será possível testar a
estrutura dois anos antes.
Nos Jogos Pan-Americanos, uma grande parte dos investimentos veio do governo. Essa é a melhor maneira de se financiar uma Olimpíada também?
M.P: No meu ponto de vista esta é a única maneira. è impossível pensar que você conseguirá toda a verba através de patrocinadores. Os EUA tentaram fazer isso em Atlanta, em 1996, e falharam.
Três emissoras brasileiras (Globo, Record e Bandeirantes) adquiriram os direitos de transmissão dos Jogos-2016. Isto pode ser um sinal que a Olimpíada será realizada no Rio?
M.P.: Não. Obviamente elas gostariam de transmitir uma Olimpíada em seus país. Mas, quando se candidataram para ter os direitos não sabiam e ainda não sabem onde serão os Jogos. O que isso mostra ao COI é o tremendo crescimento da economia brasileira e isso é um sinal positivo.
O Rio investiu em mais marketing e propaganda externo do que interno. Esta é a melhor maneira
de se conduzir uma campanha?
M.P.: Para vencer, você tem de persuadir os eleitores, e não há eleitores no Brasil. Realmente você precisa de apoio interno do público, mas são os 106 eleitores internacionais que você tem de convencer e todos eles vivem fora do Brasil. No passado, algumas cidades se esqueceram disso, focaram apenas no marketing interno e acabaram tendo poucos votos.
Como o senhor vê este embate entre os presidentes Lula e Obama, duas figuras carismáticas?
M.P.: Lula esteve envolvido com a campanha desde o início. Esteve em Pequim para estudar os Jogos, foi a Londres para ver como está a preparação para a Olimpíada de 2012 e teve encontros com vários membros do COI. Por outro lado, o presidente Obama ainda desfruta de uma lua-de-mel com o mundo, mas ainda precisa ter contato com os eleitores do COI.
Há
alguma cidade que já pode ser descartada na eleição ou a sede dos Jogos será decidida em uma
votação muito apertada?
M.P.:Todas as quatro cidades passaram por uma avaliação rigorosa e sempre há surpresas na primeira rodada. Por isso mesmo, nunca é bom descartar ninguém.
Como um ex-alto executivo do COI, o senhor acredita que o Rio merece receber a Olimpíada?
M.P.:Com certeza. Das quatro cidades é a única que pode oferecer uma opção histórica para o COI, pois os Jogos nunca estiveram na América do Sul. O Rio é uma cidade dinâmica. Acredito que pode realizar um grande evento e prestar uma grande contribuição para o movimento olímpico
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