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 | 26/06/2009 03h46min

“Não conheço o termo macaco”, diz Maxi López

Atacante gremista afirmou em entrevista que tudo foi exagerado

Maxi López desembarcou escoltado por dois seguranças do Grêmio no início da tarde de ontem no Aeroporto Salgado Filho. Foi o jogador mais festejado pelos cerca de 50 torcedores presentes no saguão. Passou calado, expressão fechada, até ser colocado dentro do ônibus do clube.

O centroavante almoçou no Olímpico e depois fez treino leve dentro do vestiário. No final da tarde, ainda com roupas de treino, tênis e alguns machucados na canela, reflexos do jogo contra o Cruzeiro, concedeu coletiva por cerca de 10 minutos. Sem mostrar a tradicional preocupação de se fazer entender, Maxi disse que as acusações de racismo reveladas pelo volante Elicarlos foram provocadas e que em nenhum momento usou a expressão “macaco” ou “macaquito” para se referir ao adversário.

– Tudo foi exagerado, colocado fora de contexto para desestabilizar e criar clima para o segundo jogo – afirmou.

Pergunta – Você confirma as ofensas raciais a Elicarlos?

Maxi López
– Não posso confirmar. Sou contra qualquer ato de racismo em todos os níveis. Em uma disputa de campo normal se falam um monte de coisas que estão fora de lugar. Não passa de uma partida, longe de ser um ato racista como é colocado pela mídia.

Pergunta – O que foi dito na discussão?

Maxi
– Uma discussão típica e normal. Um companheiro meu sofreu uma entrada muito forte e discutimos. Em nenhum momento se agrediu da maneira que é acusada.

Pergunta – Elicarlos fez referência ao fato de você ser argentino?

Maxi
– Sei como isso funciona. É difícil quando um brasileiro joga na Argentina ou um argentino vem para cá. São coisas de futebol e têm que morrer aí. Mas esse tema racial me colocou em uma posição em que nunca deveria estar.

Pergunta – Você acha que foi um ato premeditado?

Maxi
– É difícil. Não sei o que se passou na cabeça do jogador. Mas estou tranquilo e sei que em nenhum momento cometi um ato dessa índole. A equipe me apoiou nesta primeira vez em que pisei em um delegacia, e por um lance de futebol. É totalmente atípico.

Pergunta – No lance, o Wagner (meia do Cruzeiro) empurrou você e fez sinal no braço. O que ele disse?

Maxi
– Pelo que entendi, era uma discussão pela mesma falta. Deve ter havido má interpretação ou alguma coisa tirada do lugar. Mas não passou disso, reclamação sobre a falta.

Pergunta – Você usou o termo “macaco” ou “macaquito”?

Maxi
– Na delegacia me perguntaram sobre isso. Não conheço o termo. Não sei se fui mal interpretado. Falo pouco, quase nada, de português.

Pergunta – O Elicarlos inventou a história ou mentiu?

Maxi
– Ou interpretou mal a discussão. Falamos sobre a falta, eu defendendo os meus companheiros. Ele, os dele. Em algum momento ele interpretou mal.

Pergunta – O jornal esportivo Olé já publicou em sua capa a expressão macaquitos se referindo ao Brasil. Você nunca ouviu essa expressão na Argentina de forma pejorativa?

Maxi
– Não é um termo argentino. Pode ter sido tirado do contexto de uma frase aqui no Brasil. Na Argentina essa palavra não é usada.

Entenda o caso
> Acusado de racismo pelo jogador Elicarlos, Maxi López prestou explicações à polícia mineira e negou ter chamado o jogador do Cruzeiro de “macaco”
> Como se tratava de uma acusação verbal, com contradições nos depoimentos dos envolvidos, não foi configurado o flagrante
> A polícia abriu inquérito para investigar a suspeita de crime de injúria qualificada
> O prazo é de 10 dias para concluir a investigação e encaminhá-la à Justiça
> Wagner, meia do Cruzeiro, apontado por Elicarlos como o jogador que também ouviu a suposta ofensa, será chamado para depor
> Se necessário, Maxi voltará a ser ouvido (por carta precatória, em Porto Alegre)
> Em caso de condenação, a pena para injúria qualificada é de um a seis meses de detenção ou multa
> Se Elicarlos retirar a acusação, o processo se encerra
OS PRÓXIMOS PASSOS
A investigação sobre a acusação de racismo contra Maxi López ficará a cargo da 16ª DP de Belo Horizonte, nas cercanias do Mineirão. Só hoje o delegado Frederico Grossi, que conduzirá o inquérito, receberá as cópias dos depoimentos de Elicarlos e de Maxi e, depois disso, convocará o cruzeirista Wagner para prestar esclarecimentos. Maxi também será ouvido novamente, agora em Porto Alegre, por intermédio de carta precatória. São 10 dias para concluir a investigação e encaminhar o inquérito à Justiça.

No gráfico, relembre outros episódios polêmicos envolvendo a questão racial:

ZERO HORA
 

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