Eduardo Rodrigues  |  eduardo.rodrigues@diariogaucho.com.br

Poderiam ser as belas mulatas requebrando à frente dos músicos ou as tiradas de seu líder e mentor. Mas o grande trunfo da Banda Saldanha, uma instituição do samba de Porto Alegre, está no fundo do palco. É seu famoso naipe de metais que a diferencia e torna única.

Além de dar um colorido especial ao repertório, que vai da marchinha ao funk escrachado, o timbre de trombones, saxofones e trompetes embala os sambistas, especialmente nas noites de segunda-feira, dia útil para a música no Bairro Praia de Belas. A quadra fica na Avenida Padre Cacique, 1355.

No comando do barco

Pedro Lourival da Fonseca ninguém conhece. Pedro Diogo, 58 anos, sim. Ele é o timoneiro que comanda o barco, observado por 60 fiéis tripulantes - 35 percussionistas, 15 músicos de sopro (sete trombones, seis trompetes e dois saxes), três cavaquinistas, um violonista e seis cantores. Um timaço.

Ginga para argentino ver

A banda tem site e blog na internet e está nas redes sociais. A quadra, com boa estrutura, está sempre lotada e começa a atrair fãs de países vizinhos. Na segunda, um grupo de argentinos estendeu a bandeira, mostrando que ginga não tem pátria. No palco, o intérprete da Unidos da Tijuca, Bruno Ribas. Na pista, a madrinha Dani Bolina. Precisa mais?

De acordo com Pedro, sim. Os ensaios servem para afinar a banda, de olho na consagração.

Dando o recado na terra do samba

A apresentação no Rio de Janeiro, nos dias 20 e 21 de fevereiro, pela quinta vez, é aguardada com ansiedade. Afinal, a Saldanha é a única banda de fora do Rio no calendário oficial do Carnaval carioca.

- Na primeira vez, eles desconfiaram daqueles gaúchos, negros, fazendo samba na terra do samba. Agora, a banda é um sucesso absoluto - afirma Pedro.

Em 2010, eles atraíram mais de 30 mil pessoas na praia de Copacabana. Há 33 anos é assim: por onde ela passa arrasta multidões.

Do Menino Deus rumo ao velho continente

Diogo pensa no futuro, e a saída é pela ponte aérea. Esta semana, a banda gravou um comercial para uma importante marca de cerveja, que circulará em rede nacional. Em breve, pretende viajar para a Europa com um grande intérprete de uma Escola de Samba do Rio. Anda difícil conciliar os compromissos sociais, uma marca da instituição, com a agenda de shows e apresentações. A quadra, com uma excelente estrutura, é um patrimônio valioso para o grupo de samba mais famoso do Sul do país.

Quatro feras dos metais

Lázaro Cruz de Souza, o Café, 61 anos, toca trombone de vara, Gilberto do Nascimento, o Maninho, 73 anos, trombone de pistom, Wilson da Rosa Madruga, 78 anos, sax alto, e Pedro Maidana, 54 anos, trompete. São os quatro cavaleiros do apocalipse sonoro da Saldanha. Mas há outros discípulos, mais jovens e talentosos como os mestres. Na bateria, a mão do mestre Sandro Gravador. Alexandre Belo, um dos intérpretes, explica que todo mundo brilha.

Agende-se

Baile no Rio de Janeiro

- Dia 20 de fevereiro, no clube Santa Luzia (ao lado do Aeroporto Santos Dumont). Do meio dia às 21h.

- Dia 21, o tradicional desfile pelas ruas de Copacabana.

Baile na Capital

- No dia 25 de fevereiro, Enterro dos Ossos no Grêmio Náutico Gaúcho. Com 30 músicos e 15 bailarinas.

Ensaios e eventos em Porto Alegre

- No site, você encontra a programação completa, com atrações e preço dos ingressos: www.bandasaldanha.com.br.

- Além da página, a banda tem um blog e está nas redes sociais (Facebook e Twitter). Os vídeos dos shows no Rio estão no YouTube.

DIÁRIO GAÚCHO