O chefe de comunicações do gabinete do primeiro-ministro britânico Tony Blair, Alastair Campbell, renunciou ao cargo nesta sexta, dia 29, de acordo com a rede de notícias CNN. A renúncia acontece em meio às investigações sobre as circunstâncias da morte do cientista britânico David Kelly.

Ex-inspetor de armas da Organização das Nações Unidas (ONU) e analista do Ministério da Defesa da Grã-Bretanha, Kelly foi a fonte anônima de uma reportagem do jornalista Andrew Gilligan, da rede de televião BBC. A matéria acusava o governo Blair de exagerar nas acusações contidas em um dossiê sobre o arsenal de armas proibidas do Iraque para justificar a guerra ao regime de Saddam Hussein.

Campbell fez a ressalva de que a sua saída do governo já tinha sido acertada há meses, sugerindo que sua renúncia não esteja relacionada com o escândalo do dossiê.

– Concordamos no dia 7 de abril deste ano que eu deixaria o cargo nesse verão (no hemisfério norte) e agora dei o aviso formal ao primeiro-ministro de minha decisão – garantiu Campbell em uma nota divulgada pelo gabinete de Blair em Downing Street.

O porta-voz de Downing Street disse que Campbell não sairá imediatamente do cargo, mas não deu uma data para sua saída.

Em depoimento à Justiça, o jornalista da BBC confirmou que Kelly apontou Campbell como responsável pela manipulação das informações fornecidas sobre o Iraque pelo serviço de inteligência britânico. Outra repórter da BBC, Susan Watts, também afirmou que Kelly lhe disse, numa entrevista em separado, que fora um erro pôr no documento a informação de que Bagdá poderia lançar um ataque com armas biológicas em 45 minutos e que Kelly também culpou Campbell por isso. O governo inocentou seu funcionário das acusações.

Kelly se matou em julho passado, três dias depois de depor no Congresso, aparentemente sob pressões do governo – que revelara sua identidade como fonte da reportagem.

As informações são da Globo News.