Soledade, com Cida Moreira (SP)
Dia 13 de setembro / 21h / Theatro São Pedro
O espetáculo que Cida Moreira traz à Capital, no dia de estreia do Porto Alegre Em Cena, é intenso, melancólico e dramático. E eclético, como a própria cantora. Cida canta de O pulso ainda pulsa, dos Titãs, ao rock do Joelho de Porco, além de Chico Buarque e Milton Nascimento, entre outros, com algumas intervenções poéticas (recitando de Mario de Andrade a Bertolt Brecht). Falecido em 2014, Nico Nicolaiewsky também ganha vida na apresentação do CD Soledade, lançado no ano passado.
Agora eu vou ficar bonita (SP)
Dias 14, 15 e 16 de setembro / 21h / Teatro Renascença
Com roteiro de Dráuzio Varella e Regina Braga, o espetáculo cênico musical aborda a delicada temática do envelhecimento, através de textos literários, poesias e músicas que falam das alegrias, dores, esperanças, incertezas e medos que todos sentem ao tomar consciência de que o tempo está passando, seja aos vinte, quarenta ou oitenta anos de idade. No palco, a experiente atriz Regina Braga e o cantor Celso Sim - acompanhados por competentes instrumentistas - intercalam cenas teatrais e canções de grandes sambistas, como Cartola, Nelson Cavaquinho e Candeia.
O mal entendido (RS)
Dias 14 e 15 de setembro/ 19h / Sala Álvaro Moreyra
A premiada montagem gaúcha, baseada no texto de Albert Camus e com direção de Daniel Colin, apresenta atmosfera sombria e visualmente impactante, trazendo ao público a tensão da busca de sentido e a incomunicabilidade que permeia as relações, convergindo numa imprevisível desgraça sobre uma humanidade descuidada e de valores em plena decadência. Apesar de o texto ter sido escrito há mais de 70 anos, a narrativa continua atualíssima, trazendo questionamentos sobre os comportamentos e funcionamentos das pessoas, como o que as move e como elas reagem aos acontecimentos.
Dona Flor e seus dois maridos (RS)
Dias 14 e 15 de setembro / 21h / Teatro da Santa Casa
Com direção dos reconhecidos artistas gaúchos Zé Adão Barbosa, Carlota Albuquerque e Larissa Sanguiné, o espetáculo traz à cena contradições tipicamente brasileiras, traçando um retrato inventivo e bem-humorado das ambiguidades que marcam este país dividido entre compromisso e prazer, alegria e seriedade, trabalho e malandragem. Na encenação, Dona Flor, uma das mais conhecidas e exploradas personagens do consagrado autor Jorge Amado, divide-se entre o fiel Teodoro e o extravagante Vadinho, decidindo viver o melhor dos dois mundos.
As palavras da chuva - Chuva G - Chuva L (SP)
Dias 14, 15 e 16 de setembro / 18h / Teatro Bruno Kiefer
As palavras da chuva, Chuva G e Chuva L compõem a Trilogia dos gêneros do teatro de rotina, companhia paulistana dedicada à pesquisa de linguagem cênica e performática. Nessa trilogia, a investigação de linguagem busca os tempos afetivos e a contemplação esquecida por uma civilização voraz. Com direção do prestigiado ator e diretor Leonardo Medeiros, os três espetáculos são montagens do mesmo texto do norte-americano Tennessee Williams, um dos mais aclamados autores do teatro ocidental. No palco, um casal encharcado pela chuva devaneia sobre amor e abandono. O que diferencia uma peça da outra é o embaralhamento de gêneros: As palavras da chuva é encenada por um casal homem e mulher, Chuva G por um casal de homens e Chuva L por um casal de mulheres.
De algún tiempo a esta parte (Uruguai)
Dias 14 e 15 de setembro / 20h / Auditório do Goethe-Institut
O monólogo De algún tiempo a esta parte, escrito por Max Aub (Paris, 1903 /México DF, 1972), expõe as dores de uma mulher espancada pela vida: Emma, a protagonista, perdeu o filho na Espanha nas mãos de republicanos e seu marido foi assassinado pelos nazistas logo após a chegada ao campo de extermíno de Dachau. Emma está em Viena, em 1938, entre o final da Guerra Civil Espanhola e o início da Segunda Guerra Mundial. Dirigido por Mariana Wainstein e interpretada por Gabriela Iribarren, a montagem Uruguaia para o texto de Aub é um drama feito para refletir e também para ensinar.
Nós (MG)
Dias 15 e 16 de setembro / 21h / Theatro São Pedro
Gerada de um mergulho radical na experiência de mais de 30 anos do mineiro Grupo Galpão - um dos mais conceituados coletivos teatrais em atividade contínua no país - a 23ª montagem da companhia debate questões atuais, como violência e intolerância, a partir de uma dimensão política. Nesse espetáculo, com direção do notável dramaturgo e diretor convidado Marcio Abreu, a plateia é chamada a presenciar situações de opressão e de convívio com a diferença, provocadas pelas relações de proximidade entre artista e espectador, público e privado, realidade e ficção. Nós estreou em abril deste ano e já é considerado um dos grandes espetáculos de 2016, pelo alto refinamento artístico apresentado, que une diversas linguagens e arrebata o público com sua consistência impecável e atmosfera envolvente.
Khaleh (RS)
Dias 15 e 16 de setembro / 20h / Teatro Carlos Carvalho
Espetáculo de Caxias do Sul nascido da vontade de explorar a temática da sabedoria humana de forma profunda, Khaleh - palavra iraniana que significa intimidade familiar e carinhosa com outra alma - é livremente inspirado no livro A ciranda das mulheres sábias, da psicanalista e poetisa Clarissa Pinkola Estés. Aline Tanaã é a estela da peça, dirigida por Carolina Garcia.
O casal Palavrakis (RS)
Dias 16 e 17 de setembro / 19h / Sala Álvaro Moreyra
Da jovem e premiada companhia ATO Cia. Cênica - que desenvolve sua pesquisa de linguagem na transformação como princípio - a peça com dramaturgia contundente da espanhola Angélica Liddell aborda de forma poética o cotidiano de um casal através de uma narrativa fragmentada e não linear, que avança e recua no tempo. Entre idas e vindas, uma voz em off tece e destece a trajetória do casal protagonista que, enquanto tenta vencer um concurso de dança, precisa lidar com a responsabilidade do nascimento de sua primeira filha e todas as mudanças que isso gera na vida deles. Aos poucos, o público é mergulhado numa atmosfera de violência e de pesadelo a qual não se pode fugir, expondo a decadência da condição humana.
AfroME (RS)
Dias 15 e 16 de setembro / 20h / Boteco do Paulista
O segundo espetáculo do Pretagô - grupo de artistas que pesquisa identidade e representatividade negra nas artes - convida o público a brindar junto ao elenco neste evento em que a teatralidade é dispositivo para a celebração. Cenas realistas misturam-se com momentos de performances dos atores e músicos que borram as fronteiras de suas funções em busca de versatilidade. Arte, literatura, antropologia, filosofia, história e geografia atravessam o bar onde acontece a encenação. Esse espaço-tempo marginal se torna casa, cidade, país, continente e cenário.
Whatsapp para Shakespeare (RS)
Dias 16 e 17 de setembro / 21h / Teatro da Santa Casa
Inspirado no universo de William Shakespeare, o espetáculo é uma sublime e merecida homenagem ao maior dramaturgo inglês de todos os tempos. Com direção artística de Carlota Albuquerque, reconhecida coreógrafa, a montagem aborda o universo de Shakespeare com breves diálogos que tratam de maneira singular das conflituosas e intensas relações de amor e poder - que, provavelmente, para sempre se manterão atuais - através de coreografias inspiradas na poética das danças urbanas, exaustivamente trabalhadas pelos bailarinos do Canoas Coletivo de Dança.
Em nome do pai (PE)
Dias 16 e 17 de setembro / 20h / Teatro do Sesc
A convivência entre pai e filho após a morte da esposa e mãe que os unia é o drama (bastante próximo da realidade de algumas famílias) apresentado no Porto Alegre Em Cena pela Rec Produtores Associados. Conhecida produtora das áreas publicitárias e cinematográfica, no segmento das artes cênicas fez desse conflito seu novo espetáculo, encenado pelos atores pernambucanos Samuel Lira e Jorge de Paula. O texto do dramaturgo e diretor teatral do mineiro Alcione Araújo, falecido em 2012, leva pai e filho a abrir gavetas sentimentais e vasculhar o passado, remexer as lembranças e, sobretudo, aprender a perdoar. Em nome do pai é a montagem que inaugura a atuação da atriz Cira Ramos como encenadora.
Morte acidental de um anarquista (SP)
Dias 17 e 18 de setembro / sábado, às 21h e domingo, às 18h / Theatro São Pedro
A irreverente comédia do dramaturgo italiano Dario Fo orbita em torno de um louco (Dan Stulbach), cuja doença é interpretar pessoas reais e é detido por falsa identidade. Na delegacia, se passa por um falso juiz na investigação do misterioso caso da morte de um anarquista. A polícia afirma que ele teria se jogado pela janela do quarto andar. A imprensa e a população acreditam que foi jogado. Fo partiu de um caso verídico: o "suicídio" de um anarquista em Milão, em 1969. Morte Acidental ainda é atual, 45 anos depois de escrita. "O que fizemos foi tirar as referências que só faziam sentido para os italianos e a realidade em que viviam nos anos 1970. A fábula, a história na nossa montagem está intacta. O próprio Fo a cada remontagem da peça fazia modificações", diz Hugo Coelho, diretor da peça.
Homenagem a Adriana Marques (RS)
Dia 17 de setembro / 21h / Teatro Renascença
Homenagem póstuma à cantora Adriana Marques que completaria 50 anos em junho de 2016. O espetáculo tem participação dos amigos que fizeram parte de sua trajetória reunindo trabalhos que marcaram sua carreira, como Grupo Tocaia, Bando Barato pra Cachorro, Cuidado que Mancha, Serenata de Bambas e Rádio Esmeralda.
Travessia - Uma comédia trágica (RS)
Dias 17 e 18 de setembro / 18h / Teatro Bruno Kiefer
O espetáculo, assinado pelo diretor e dramaturgo italiano Adriano Iurissevich, apresenta o contexto das migrações, juntando dramaturgia contemporânea e commedia dell'arte. No palco, um estrangeiro - movido pela fome e pelo desejo de encontrar seu lugar ao sol - expõe os inesperados conflitos intrínsecos à travessia por terras desconhecidas, quando é obrigado a assumir mudanças e encarar certas transformações, numa profunda e intensa aventura cultural e psicológica. Recheada de poesia, ironia e divertimento, a peça traz à tona questões universais em torno do imigrante, propondo uma reflexão sobre a condição do ser humano enquanto habitante do mundo, reconhecendo e atravessando não apenas as fronteiras físicas e territoriais, mas, principalmente, a dos valores da vida.
Dança do tempo (RS)
Dias 17 e 18 de setembro / 16h / Travessa dos Cataventos
O espetáculo marca um novo momento do grupo Usina do Trabalho do Ator (UTA), que, ao longo de seus 24 anos de existência, desenvolve trabalhos que se alicerçam em dois eixos principais: a pedagogia teatral e a criação de espetáculos. A cada apresentação, novas pessoas são convidadas a experienciar a preparação de uma performance teatral, tendo a rua como palco. A vocação pedagógica dos atores fica evidente quando compartilham aprendizados e ensinamentos com pessoas do público que acabam por contar junto a história da peça.
Verde (in)tenso (RS)
Dias 18 e 19 de setembro / 21h / Teatro Renascença
A obra coreográfica da GEDA Cia de Dança Contemporânea - vastamente premiado grupo com mais de 35 anos de trajetória artística do Rio Grande do Sul - é baseada em pesquisa gestual do homem do pampa gaúcho, explorando toda sua gênese. Focado em movimentos temperados pelos verdes do campo que emolduram a vivência dos habitantes do Sul do país, inclusive na região urbana, são apresentadas coreografias híbridas, fortemente intrincadas pelas tensões, golpes dos ventos minuanos, imperceptíveis, que produzem um novo movimento nos gaúchos de hoje. O espetáculo é uma espécie de recorte da personalidade pampeana, tanto antropológica como territorial, na contemporaneidade.
Cerimônia Panvel: Pós você e eu, com Lívia e Arthur Nestrowsky (SP)
Dia 19 de setembro / 21h / Theatro São Pedro
Pela primeira vez juntos no palco, pai e filha apresentam um repertório que traz, lado a lado, Pixinguinha e Luiz Tatit, Ary Barroso, Tom Jobim e Dolores Duran, além de composições do próprio Nestrovski e algumas de suas versões para canções americanas e para Lieder de Schubert e Schumann.
Grãos da imagem: Vaga carne (MG)
Dias 19, 20 e 21 de setembro / 19h / Sala Álvaro Moreyra
O espetáculo é um solo com texto inédito de Grace Passô, diretora, dramaturga e atriz, que expõe a saga de um corpo de mulher com urgência de discurso, à procura de suas identidades e pertencimento. Vaga Carne é o primeiro espetáculo do projeto Grãos da imagem, que junta montagens em torno da identidade, cujo objetivo é reunir trabalhos que partam da mesma premissa. Na peça, uma voz errante, capaz de invadir qualquer matéria sólida, líquida ou gasosa, resolve, pela primeira vez, invadir um corpo humano e, a partir desta experiência, traça uma jornada de autorreconhecimento narrando o que sente, o que finge sentir, o que é insondável em si, o que sua imagem é para o outro que vê e o que significa seu corpo enquanto construção social. A peça faz um enorme sucesso com a crítica especializada e público desde sua estreia.
Inútil a chuva (RJ)
Dias 19 e 20 de setembro / 21h / Teatro da Santa Casa
A montagem do Armazém Cia. de Teatro trata dos conflitos de uma família nada funcional, que tenta desvendar os motivos do desaparecimento do patriarca. Apesar das aparências de que tudo continua bem, os familiares, na busca pela elaboração do ocorrido, navegam por caminhos obscuros. A dramaturgia original, criada por Paulo de Moraes em parceria com Jopa Moraes, seu filho, tem como tema os encontros e tudo o que permeia o assunto, as maneiras como as pessoas se relacionam e suas reações, repletas de dúvidas e também de certezas. O espetáculo é cheio de ironias e representações metafóricas, formando um vasto terreno psicológico que cabe ao espectador simbolizar.
Processo de conscerto do desejo (RJ)
Dias 19, 20 e 21 de setembro / 20h / Teatro do Sesc
Sucesso de crítica e público desde sua estreia em 2015, o espetáculo de Matheus Nachtergaele, ator e diretor de grande destaque na cena contemporânea, é uma delicada homenagem à sua mãe, a poeta Maria Cecília Nachtergaele, falecida em 1968, quando Matheus tinha apenas três meses de vida. Processo de Conscerto do Desejo, com esta grafia híbrida, sugere a fusão vertiginosa de concerto - já que traz ao palco maduros e consistentes poemas de autoria de Maria Cecília, bem como canções apreciadas por ela - e conserto - já que o espetáculo é construído por Matheus. O ator é acompanhado pelos músicos Luã Belik (violão) e Henrique Rohrmann (violino). Na montagem, busca ressignificar seus sentimentos através da comunhão estabelecida com a plateia, num emocionante, profundo e catártico espetáculo.
Abobrinhas recheadas - O jogo - Edição dance a letra (RS)
Dias 21 e 22 de setembro / 18h / Teatro Bruno Kiefer
O espetáculo da Macarenando Dance Concept - companhia que desenvolve sua pesquisa e investe na dança como principal linguagem criativa - é o primeiro Stand-Up Dance Comedy do Estado e apresenta as possíveis relações da linguagem da dança com o gênero comédia, permitindo a exploração da comicidade cênico-coreográfica e possibilitando diferentes formas de questionamento do corpo. Inspirado no conceito e no formato do stand-up comedy, a montagem faz investigação poética e uso cênico de coreografias que são criadas a partir da pesquisa de gestos literais de letras de músicas populares, que vão de Chico Buarque a Mamonas Assassinas, passando por sucessos locais como Amigo punk e Porto Alegre é demais.
A reunificação das duas Coreias (RJ)
Dias 20 e 21 de setembro / 21h / Theatro São Pedro
Com direção de João Fonseca, um dos mais ativos e aclamados diretores do teatro brasileiro, o premiado texto do dramaturgo francês Joël Pommerat fala de maneira pouco convencional sobre o amor em suas diversas formas e manifestações. No palco, os atores Leticia Isnard, Bianca Byington, Solange Badim, Marcelo Valle, Gustavo Machado, Verônica Debom e Reiner Tenente revezam-se em 47 diferentes personagens, protagonizando as 18 histórias que mostram o que há de mais cômico, trágico e dramático nas relações afetivas.
Todo dia a gente pensa que dorme, com Muni, Simone Rasslan e Kiti Santos (RS)
Dia 21 de setembro / 21h / Teatro Renascença
No palco, três conceituadas cantoras-atrizes-instrumentistas - Muni, Simone Rasslan e Kiti Santos - apresentam um espetáculo poético-musical que versa sobre os contrastes e dualidades do fazer-se presente. Brincando com as múltiplas possibilidades de ritmos e interpretações para canções de José Miguel Wisnik, Nico Nicolaiewsky, Tom Zé e Chico Buarque, por exemplo, elas tornam possível, através da representação e da musicalidade, transitar entre a presença e a ausência, a realidade e a ilusão, a alucinação e a lucidez, indo do concreto ao abstrato numa espécie de presença híbrida. As talentosas artistas trazem à cena questionamentos e sensações acerca do jogo e da ilusão e evocam as provocações de Antônio Abujamra ao afirmar que "inaugurar um teatro é criar uma ilha de liberdade e lucidez".
Palavras e sonhos, com Luiz Tatit (SP)
Dia 20 de setembro / 21h / Teatro Renascença
Mantendo a tradição do "canto falado", Luiz Tatit mostra seu novo CD, Palavras e sonhos, em Porto Alegre. Neste sexto álbum, Tatit faz suas odes às mulheres, principalmente, unindo o mundo feminino à arte da criação musical, ao processo de escrita e ao desafio da escolha de cada palavra cantada. Entre as novidades nas 13 faixas há parcerias com Arthur Nestrovski, Marcelo Jeneci, Emerson Leal, Vanessa Bumagny, Dante Ozzetti e Zé Miguel Wisnik.
São Manuel Bueno, mártir (SP)
Dias 20 e 21 de setembro / 20h / Centro de Eventos do Barra Shopping Sul
O espetáculo é a primeira encenação do texto escrito em 1930, considerado o melhor romance de Miguel de Unamuno - poeta, filósofo e escritor - reconhecido pelos sucessivos ataques à monarquia da Espanha. A peça conta a história de Dom Manuel, um padre que duvida da vida após a morte e da existência de Deus. A montagem realizada pelo Grupo Sobrevento - um dos principais grupos brasileiros e um dos maiores especialistas no teatro de animação, que desde 1986 desenvolve ininterruptamente espetáculos primorosos - e pouco ortodoxa: acontece em uma arena ocupada por uma mesa redonda, que representa o mundo, e no centro dela, bonecos de madeira - confeccionados pelo escultor Mandy. São pelo menos 30 bonecos representando as personagens da trama e o povo da pequena cidade onde se desenrola a história. A trilha sonora do espetáculo é realizada ao vivo e foi criada especialmente pelo pernambucano Henrique Annes.
Moscas (RS)
Dias 20 e 21 de setembro / 19h / Cabaret
Do parto ao enterro, o espetáculo de estreia do grupo Fiasco - coletivo de experimentos cênicos idealizado por Gabriela Poester e Helle Rossing - celebra fragmentos da vida, através de uma vivência coletiva teatral em uma casa habitada por personagens que representam diferentes papéis sociais. O público testemunha o desenrolar das cenas como se observasse pelos olhos de uma mosca, tornando a experiência singular e interativa. A montagem apresenta críticas à sociedade de aparências, à superficialidade e formalidade das relações, levando os espectadores a se movimentar pelo espaço e vivenciar as situações junto aos atores, em meio a brincadeiras e improvisações, numa atmosfera bastante criativa e inusitada.
O ano em que sonhamos perigosamente (PE)
Dias 22 e 23 de setembro / 19h / Sala Álvaro Moreyra
O oitavo trabalho do Magiluth - um dos principais grupos de teatro do país, que vem desenvolvendo constante e consistente trabalho de pesquisa e experimentação teatral desde sua fundação em 2004 - traz à cena reflexões baseadas em obras cinematográficas do grego Yorgos Lanthimos e pensamentos de Slavoj Žižek e Gilles Deleuze. O espetáculo é aberto a múltiplas interpretações por parte do público, é um ensaio de resistência ético, estético e político, uma soma da trajetória do grupo com o momento atual brasileiro, abordando questões como política, movimentos sociais, ocupações e a natureza das coisas. A montagem, de extremo aprofundamento estético e poético, não traz certezas ou regras rígidas, apenas a incerteza como parte crucial do espírito do momento.
Ópera rock - A saga de um homem comum (RS)
Dias 23 e 24 de setembro / 21h / Teatro da Santa Casa
O espetáculo da banda Capitão Rodrigo pode ser considerado uma releitura moderna do controverso capitão, contando - e cantando - a vida e a morte de Pompeu Homero, um inocente jovem de classe média. Uma sátira da sociedade contemporânea e da opressão sobre o indivíduo, a montagem aborda de forma criativa e humorada as distorções das instituições, as injustiças sociais, a descrença nos políticos, os valores impostos pela mídia, a opção por soluções violentas e a incógnita quanto ao acerto das escolhas.
Caminham nus empoeirados (SP)
Dias 22 e 23 de setembro / 20h / Teatro do Sesc
O espetáculo do artista cearense Gero Camilo - ator, dramaturgo e codiretor - é uma crítica social sobre sobrevivência, amor e companheirismo, cujo enredo gira em torno de artistas anônimos populares. A peça do grupo Tertúlia, recém-criado pelos artistas Gero, Victor Mendes e a produtora Flávia Corrêa, tem inspiração em um conto homônimo de autoria de Camilo - é, acima de tudo, uma ode às artes dramáticas. Uma comédia afinada, capaz de guiar o público por percursos de encontros e desencontros, inclusive culturais, já que a montagem tem codireção da portuguesa Luísa Pinto. Caminham nus empoeirados estreou no Festival Cena Contemporânea de Matosinhos - Portugal, em 2015, e seguiu com temporadas no Brasil, sempre com grande sucesso.
Só (SP)
Dias 22 e 23 de setembro / 20h / Centro de Eventos do Barra Shopping Sul
O envolvente espetáculo do Grupo Sobrevento aborda a solidão de forma delicada e, ao mesmo tempo, contundente, através das vulnerabilidades e sonhos de pessoas que buscam algo que nunca poderão alcançar. Com temática adulta e atmosfera onírica, a montagem comemora os trinta anos aos quais o grupo dedica-se à maciça pesquisa em teatro de animação voltado para adultos. Sob impecável direção de Luiz André Cherubini e Sandra Vargas, os atores-criadores, Maurício Santana, Sueli Andrade, Daniel Viana, Liana Yuri e Sandra Vargas interpretam as cinco personagens que transformam objetos como cadeiras em miniatura e pequenos aviões em elementos poéticos e metafóricos, dando vida à situações distintas e não sequenciais, que terminam por encontrar-se em suas solidões particulares.
Os realistas (RJ)
Dias 23, 24 e 25 de setembro / sexta e sábado, às 21h e domingo, às 18h / Theatro São Pedro
A peça do escritor Will Eno, considerado um Samuel Beckett contemporâneo, encantou a consagrada atriz e produtora Debora Bloch, que escolheu o texto para comemorar seus 35 anos de carreira. Debora, que já acompanhava e estudava a trajetória do autor, firmou parceria com o ator e diretor Guilherme Weber, o mais profíquo intérprete de Will Eno no mundo, para fazer a montagem do espetáculo. No palco, os experientes atores Debora Bloch, Fernando Eiras, Mariana Lima e o diretor Guilherme Weber vivem dois casais vizinhos que descobrem ter mais em comum do que suas casas idênticas e seus sobrenomes iguais, compartilhando com o espectador um misto de complexas sensações.
Saudade de mim (RJ)
Dias 23, 24 e 25 de setembro / 21h / Teatro Renascença
O mais recente espetáculo do diretor e coreógrafo Alex Neoral será uma das grandes atrações do Em Cena neste ano, em três apresentações na Capital. Com a Focus Cia de Dança, em Saudade de mim, Neoral transita por novos territórios, criando um roteiro que integra obras de Chico Buarque e Cândido Portinari. Ao longo da narrativa feita por canções como Olha Maria, Trocando em Miúdos e Valsinha, na voz de Chico, surgem formas de pinturas como O espantalho, Casamento na roça e O mestiço de Portinari. A cenografia é feita por movimentos que intercalam sutiliza e força, resultando em um espetáculo de dança contemporânea que joga com o onírico e o real, em uma história de dores, amores, triângulos amorosos e relações familiares.
Cadarço de sapato ou ninguém está acima da redenção (RS)
Dias 24 e 25 de setembro / 19h / Sala Álvaro Moreyra
Inspirado na dramaturgia da inglesa Sarah Kane, a peça da Cia Teatrofídico - que desde 2003 desenvolve permanentemente pesquisa e aprimoramento de linguagem cênica e consciência coletiva - propõe um diálogo fragmentado e confessional, em que seres perdidos tateiam em direção à luz. Amor, desespero, morte, ânsia, violência e uma certa dose de tristeza dão o tom da encenação, que propõe uma atuação performática dos atores e não revela personagens em si, mas situações e emoções num jogo de desconstrução e anticlímax. Híbrido em suas intenções, o espetáculo mescla universos e dialoga com o contemporâneo.
BiT (FRA)
Dias 24 e 25 de setembro / 21h / Teatro do Sesi
BiT, o tão aguardado espetáculo da companhia francesa de dança de Maguy Marin, orgulhosamente estreia sua turnê brasileira em Porto Alegre, sendo considerado pela crítica internacional como uma verdadeira e emocionante obra de arte. Sob a influência da batida inebriante da música eletrônica, a criativa montagem apresenta coreografias pulsantes e cheias de significados, desvelando facetas do comportamento humano através do movimento e do magnetismo dos corpos. A interação entre os bailarinos acontece a partir de suas mãos, representando os pontos de contato e as formas como as pessoas se relacionam no mundo hiperconectado de hoje, despertando emoções surpreendentes à plateia. Maguy Marin, bailarina e coreógrafa com mais de 40 anos de trajetória, é referência internacional em dança contemporânea, tendo recebido diversos prêmios e honrarias por suas obras nada óbvias e incontestavelmente capazes de levar o público a sensações profundas e inusitadas.