As dificuldades que italianos enfrentaram em suas terras, vivendo a miséria e a fome, eram atenuadas pela esperança em chegar ao Brasil e encontrar a terra prometida, com aves, animais e florestas exóticas. Era hora de embarcar no navio e cruzar continentes para uma vida mais digna.
Italianos caminham desortientados, em clima de desolação. Observam uma árvore carregada com frutos, salame, queijo e outros alimentos, simbolizando o mito da cucagna. O primeiro carro é a retratação do navio que transporta os imigrantes até terras brasileiras, e está acompanhado do deus Netuno, deus dos mares e oceanos. O colono está à frente, de olho nas novidades. Está inseguro, mas disposto ao trabalho.
A formação e consolidação do italiano em solo brasileiro passa por etapas distintas, mas que se encontram em um único verbo: trabalhar. É a retratação da instalação em casas simples, é o colher para comer, é a chegada dele na indústria e o consequente desenvolvimento que acompanha Caxias do Sul.
Malas e baús dividem lugares com capelinhas e fotosns de santos - é claro que Caravaggio está em destaque, ao lado de Santo Antônio, o santo casamenteiro. Na bagagem, está também a vontade de trabalhar e oferecer vida melhor aos filhos. Na sequência, colher milho, cultivar a uva e assar o pão quentinho são apenas alguns dos afazares dos italianos em solo brasileiro. Era preciso produzir todo o alimento consumido.
O imigrante está em casa: as tradições são lembradas pelo sotaque acentuado, sempre acompanhados de ditados. É a formação da cultura que está envolvida na rotina doméstica das famílias. Logo em seguida, o italiano interage com gaúchos e tropeiros. Toma o chimarrão, aperta a mão dele e completa a consolidação da cultura.
Homens trabalham e erguem a força da indústria e que tem um significado importante: a prosperidade do imigrante. E o papel feminino é lembrado por meio de funileiras que estão em um ambiente que lembra a fornalha e a fundição. A primitiva oficina e a indústria moderna desenvolve Caxias do Sul.
Enquanto há agitação nos mercados e na formação do comércio local, com venda de produtos agrícolas e artesanatos, é preciso lembrar que não é só de trabalho que vive o italiano. Domingo é dia de festa, descanso e de conhecer melhor a Caxias que desbrava dia após dia. O cenário é a Praça Dante Alighieiri, onde é possível conversar, namorar e se divertir
O trem que engatilhou desenvolvimento da cidade já passou, e o momento remete a lembrança de um período cruel: a Segunda Guerra Mundial, quando se interrompe a Festa da Uva e se proíbe a comunicação em italiano e alemão. Desta forma, silencia-se a comunidade.
A história é lembrada e perpetuada com ajuda de intelectuais que ajudaram no reconhecimento da cultura italiana. O filme O Quatrilho, o livro Festa & Identidade, o Gibizón do Radicci estão retratados em um carro alegórico que lembra a força da cultura local.
É tempo de festa. Os colonos já suportaram o silêncio da Segunda Guerra Mundial, passaram pela fome e miséria, sempre movidos pela religiosidade. Após tanto trabalho, é preciso colher a uva e celebrar a trajetória que lhe deu segurança para continuar em solo brasileiro.
É hora de plantar, colher e celebrar. O papel feminino é importante: vindimeira são responsáveis por anunciar a colheita da uva. Quem está encarregado disso são as embaixatrizes da Festa da Uva, que desfilam em três andares, dentro de cestos envolvidos em plantações.
A uva é a celebridade deste encontro: a protagonista da festa, elemento que integra e celebra a força do trabalho do imigrante italiano. Rainha e princesas da Festa da Uva lembram da evolução da festa, equilibrando-se em três cachos de uva de diferentes tonalidades. O colono que as acompanha está em festa: após a passagem delas, é momento de celebrar em uma mesa farta com colonos, gaúchos e migrantes de diversas culturas.
Fotos:
Diogo Sallaberry
Felipe Nyland
Roni Rigon