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1. Talian
Oficinas de talian nas escolas começam a propagar a língua para quem não teria contato com ela em casa. É o caso de Kelvin Soares Machado, nove anos, aluno da escola Professora Estherina Marubin, em Serafina Corrêa Ele não tem descendência italiana nem contato com qualquer pessoa fora da escola que conheça o talian. Questionado sobre o que já aprendeu, ele solta rápido a frase:
— Me piase de polenta e formai (eu gosto de polenta e queijo).
Lições como as que Kelvin tem também são dadas em Flores da Cunha, onde o talian é língua co-oficial desde 2015.
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2. Caingangue
Em Bom Jesus, cerca de 20 alunos da escola municipal Irmãs Ramos aprendem a língua caingangue por meio do teatro. Os alunos farão ainda neste ano esquetes em português, mas com algumas em caingangue. O trabalho será apresentado no recreio, mas há plano audacioso: mostrar o projeto em outras escolas dos Campos de Cima da Serra.
— É um projeto piloto, em cumprimento à lei 11.645, que no artigo 26A diz que a cultura indígena deve ser ensinada nas escolas — lembra o responsável pela iniciativa, Duclerc João da Silva, que tem descendência indígena.
O trabalho em Bom Jesus envolve alunos de origens diversas, diferente dos 88 índios de uma aldeia no interior de Farroupilha. As crianças estudam na Escola Estadual Indígena Nivo, ondem aprendem português, mas mantêm o contato com a língua original. Uma vez por semana, todos da tribo se reúnem para falar apenas em caingangue e fazer comida típica.
— As crianças vão aprendendo junto. Precisamos estar sempre fazendo alguma coisa — destaca a cacique, Silvana Kréntánh Antônio, 39.
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3. Hunsrükisch (dialeto alemão)
Enquanto aulas de língua alemã podes ser encontradas facilmente em cursos particulares — e estão presentes em escolas públicas, caso de Nova Petrópolis —, pequenos grupos pela região tentam conservar também dialetos.É o caso do dialeto hunsrükisch.
Na Associação Cultural Germânica de Caxias do Sul - Alles Gut, uma nova peça de teatro falada no dialeto é preparada. Os atores têm origem alemã, mas muitos aprendem o hunsrükisch durante os ensaios, destaca o ex-presidente e integrante da associação, Lucas Thimmig Diel, 41.
— Alguns já falam o dialeto em casa, outros estão aprendendo. Não temos um curso regular, mas estamos estimulando — explica Diel.
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4. Polonês
Cidades da região que foram berço da imigração polonesa se esforçam para que a língua europeia se mantenha viva. Com braços espalhados por diversas cidades da região, a Representação Central da Comunidade Brasileiro-Polonesa do Brasil (Braspol), é uma das responsáveis por incentivar o aprendizado do idioma. Em cidades como Nova Prata, Cotiporã e Veranópolis, o interesse vai além de quem tem descendência.
— Tem descendentes de italianos que fazem aula. Eles gostam da cultura polonesa, gostam de cantar. Para nós é até uma honra que os italianos estejam querendo aprender polonês — orgulha-se a professora Vanda Stolarski Hamerski, 70 anos, cuja mãe veio da Polônia.
O trabalho — aulas gratuitas e semanais — é feito por voluntários da Braspol, como Vanda, e realizado em salas cedidas em escolas e prefeitura. Grande parte do interesse é pelo aprendizado de cânticos e rezas.