Quem passa em frente à sede da Cia. Hering, no bairro Bom Retiro, em Blumenau, talvez não perceba. Mas basta olhar com atenção para notar os raminhos verdes caídos sobre a fachada. Foi ali, no telhado, que o famoso arquiteto-paisagista paulistano Roberto Burle Marx deixou sua marca na cidade. Há 35 anos, é na cobertura do prédio que a arte dele respira e inspira. O icônico Jardim Suspenso que decora a tradicional fábrica têxtil blumenauense foi inaugurado em 1980. De acordo com Carlos Tavares D'Amaral, membro do conselho consultivo da Cia. Hering, naquele ano a empresa completou um século de história e o jardim foi um presente para marcar a data:
- A nossa família sempre foi muito voltada para o lado ecológico. Em todas as nossas fábricas temos um cuidado com o que está nos cercando - diz.
Como chegar
O jardim é acessado pelo Museu Hering, anexo à fábrica, na Rua Hermann Hering, 1.740, bairro Bom Retiro, Blumenau.
As visitas são realizadas de terça a sexta-feira, das 9h às 11h e das 14h às 16h30min. A entrada é gratuita e permitida apenas para maiores de 18 anos.
Segundo ele, a ideia de ter em Blumenau um projeto executado por um dos paisagistas mais respeitados da época foi de Hans Broos - arquiteto alemão responsável pelo projetou da sede da companhia e amigo pessoal de Burle Marx. Conhecido por trabalhos como o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e os Jardins do Aterro do Flamengo, no Rio, ele veio a Blumenau várias vezes para ajudar na construção da praça anexa ao jardim e também orientar os jardineiros sobre o cultivo das plantas, que vieram diretamente do sítio dele no Rio de Janeiro.
- Na época os responsáveis por aprovar o orçamento do projeto até se assustaram, porque acharam que seria muito alto. Mas Burle disse que, como a Cia. Hering era uma empresa preocupada tanto com a estética quanto com a sustentabilidade, fez por um preço mais baixo. Hoje telhado verde virou moda, mas Burle Marx fazia isso já na década de 1970 - explica João Francisco Noll, professor de Arquitetura e Urbanismo da Furb.
FOTO PATRICK RODRIGUES
NÚMEROS
MANUAL DE CONDUTA
Algumas regras básicas devem ser seguidas na hora de visitar o Jardim Suspenso de Burle Marx:
Visão do Jardim Suspenso de Burle Marx na Cia Hering
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Para divulgar imagens em meios de comunicação é necessária uma autorização da Cia. Hering.
Um mediador do Museu Hering deve acompanhar a visita.
Não é permitido entrar com mochilas e bolsas.
Para visitar o Jardim é necessário estar com calçados fechados.
Não é permitido mexer ou arrancar as plantas.
Para grupos com mais de 10 pessoas é preciso agendar pelo telefone
(47) 3321-3340.
FOTOS PATRICK RODRIGUES
O ESTILO DE BURLE MARX
EXPEDIENTE
TEXTO Camila Iara
EDIÇÃO Mariana Furlan
DESIGN Maiara Santos
COLABORAÇÃO Arivaldo Hermes
OUTROS PROJETOS
O famoso jardim tem 41 espécies de plantas - entre elas lírios, cássias, iresines, agapantos, bicos-de-papagaio e, é claro, grama. Todas são resistentes ao sol e estão espalhadas por uma área de 2.320 metros quadrados. Até hoje há um cuidado especial para que na manutenção - feita diariamente - sejam cultivadas apenas as plantas determinadas pelo projeto de Burle Marx, que são regadas com água da barragem da empresa. No prédio abaixo do jardim funcionam portaria, recepção, ambulatório, refeitório e o setor de gestão de pessoas.
- Quem vem de São Paulo nos visitar e trabalha naquele cimento todo, naquele cinza, nem imagina chegar a uma fábrica e encontrar essa natureza toda. Além das visitas da comunidade, os funcionários costumam passear por aqui no tempo livre - diz Carlos Tavares D'Amaral, que todos os dias contempla o Jardim Suspenso do próprio escritório.
A historiadora Sueli Petry relembra que na década de 1980 as empresas - especialmente a Cia. Hering - viviam uma efervescência de crescimento. Por isso, manter um conceito sustentável aliado à produção em massa era muito importante:
- O jardim veio a calhar porque era algo relacionado ao meio ambiente e à própria empresa. Ganhou a cidade a obra de um grande paisagista e uma empresa consciente da importância da sustentabilidade - destaca.
Fonte: Ana Holzer, paisagista de Blumenau
Aterro do Flamengo,
no Rio de Janeiro.
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