Religioso e bastante espiritualizado, Ruby pode ser visto com frequência exibindo um crucifixo no pescoço. Mas não é somente isso. O talento do estilista em compreender a alma feminina, por vezes, beira o sobrenatural.

– Tem momentos que olho para a pessoa e digo: aquela mulher que está entrando quer um vermelho. Até me arrepio. Muita gente sai emocionada daqui – afirma.

O estilista conta que, no ano passado, conversava sobre saudade com uma cliente cuja a mãe já havia morrido. Desenhou o vestido de noiva para ela, que o aprovou. Mesmo assim, Ruby não conseguia imaginá-la vestindo a peça. Numa segunda-feira, chamou sua contramestre – profissional que auxilia desempenhando funções como tirar medidas e elaborar moldes –  e resolveu fazer uma loucura: mudar toda a confecção de última hora.

– Fiz uma saia toda plissada com bordado de pérolas. Quando ela enxergou o vestido, ficou desesperada chorando. A saia com que a mãe havia casado era plissada igual, e com bordado de pérolas, só que eu fiz com uma proposta mais moderna – conta, empolgado.

Quando fez de Santa Maria o seu lugar, Ruby trouxe com ele clientes de longa data e dos mais variados cantos. Mas são acertos como esses, transmitidos no boca a boca, de amiga para amiga, que fazem com que seu ateliê continue fabricando passagens dignas de contos de fadas. A médica Paula Willig Mór, 31 anos, conta que resolveu procurá-lo após gostar do vestido de uma amiga. Foi imediatamente conquistada pela personalidade cativante do estilista que, prontamente, transformou em um esboço naquilo que ela procurava. Depois de algumas provas e ajustes, ela entrava na igreja exatamente da maneira que sempre sonhou.

– Foi maravilhoso. Você se sente uma princesa. Recebi diversos elogios pelo vestido. Naquele momento, com aquela roupa, você se sente a mais linda do mundo – conta Paula.

Reportagem reconta a trajetória do estilista Ruby Saratt, que comemora 30 anos de moda em 2015

"Eu me arrumo para mim. Tenho que me montar, me produzir, colocar um bom perfume para vir. Senão não faço nada. Não sou eu.”

Ruby Saratt Filho nasceu em dezembro de 1960, em Santo Antônio das Missões, município com pouco mais de 11 mil habitantes. Mas foi em São Borja, onde foi estudar, quando ainda era adolescente, que se descobriu estilista. Um dos cinco filhos de dona Adely e de seu Ruby, que ganhou a vida cultivando arroz e depois café, herdou das mulheres da família o dom para a costura. A avó paterna, a mãe e uma tia, a qual considera uma grande mestra, tinham ateliês de alta-costura na Terra dos Presidentes. Foi por lá, onde, mais tarde, inaugurou uma boutique própria, que teve o primeiro contato com técnicas como o sumidinho, o ponto x e o “pezinho de galinha”.

– Eu nasci dentro de um ateliê de alta-costura. Lembro que tinha uns 14 anos quando desenhei meu primeiro vestido. Foi quando comecei a me revelar. Era uma peça toda bordada para a formatura de uma prima – lembra.

Ruby ressalta que toda a sua história na moda vem de São Borja. Não por acaso, há quatro anos, recebeu o título de cidadão são-borjense. Mas sua personalidade inquieta impediu que permanecesse lá por muito mais tempo. Após dois anos em São Paulo, trocou o centro do país por Porto Alegre. Na Capital, atuou como representante da famosa estilista gaúcha Milka Wolff. Nessa época, Ruby percebeu que, assim como ele, que por não encontrar nos cabides de lojas o que gostava passou a fazer suas próprias roupas, outras pessoas também nutriam a mesma necessidade. Então, em abril de 1985, lançou sua própria grife de alta-costura.

– Eu sempre percebi que os vestidos de grandes festas eram o meu momento. Nunca fui uma pessoa que seguia uma tendência de moda. Porque se você vai num ateliê de alta-costura é sinal que quer exclusividade, quer um diferencial, que tem personalidade. A pessoa que tem estilo vai num ateliê – diz.

 

 

Mesmo tendo a convicção de que a moda era sua vocação, Ruby precisava de uma aprovação pessoal. E foi buscá-la em Paris. Em 1987, três meses após o primeiro contato por carta com uma prima, que morava em Montpellier, no sul da França, chegou ao berço da alta-costura. Quando desembarcou no país europeu, a primeira coisa que percebeu foi que as lições de francês que recebera não haviam servido de nada.

Depois de uma semana na casa da familiar, sozinho, pegou um trem rumo a Paris, onde passou a morar com amigo recém-conquistado. Sua facilidade em se relacionar, que o ajudou a superar as dificuldades com a língua francesa, no entanto, não fez tanto sucesso no Studio Berçot, onde foi estudar moda.

Ruby explica que a formação francesa é bastante diferente da presenciada nas escolas brasileiras. Aqui, segundo ele, formam-se estilistas para trabalhar em grandes produções ou em fábricas. Lá, todos os dias, os alunos precisavam defender seu estilo prórpio e convencer os professores que aquilo estava correto.

 

 

 

– A professora fazia uma coisa e eu discordava, brigava com ela. Por isso, não gostava de mim. Ela devia pensar: esse índio tupiniquim vem aqui brigar comigo, que sou francesa. Mas cresci dentro de um ateliê, sabia as técnicas. Defendia minha tese e eles me achavam metido – conta.

Três meses de aulas no Berçot e veio a glória: um estágio com o estilista Michel Ference.

– Mas quando comecei foi a maior decepção da minha vida. Pensei que ia chegar no ateliê de alta-costura e ia arrasar. “Vai passar roupa, querido! Começa ali”, foi o que ouvi – lembra.

A alta-costura não compete com a moda de coleções. Ela é exclusiva, um universo totalmente à parte.

Para Ruby, a forma com que aprendeu a tratar suas clientes ao longo de três décadas, inspirando confiança desde o primeiro contato, é um dos segredos de sua longevidade na carreira.

– É o sonho da vida dela, então, você tem de ter culhões para riscar e fazer aquilo acontecer. Você não pode apenas prometer. Na primeira prova, ela já tem de se sentir segura. Daí, elas se entregam de corpo e alma. Se a noiva não está feliz é porque o vestido não aconteceu – avalia.

Foi dessa forma que, há cerca de 10 anos, chamou a atenção de Luciana Paola Camilotti. De lá para cá, a engenheira civil já perdeu as contas de quantos “Rubys” foram parar em seu guarda-roupas. E ela tem uma explicação para essa admiração, que vai além do luxo representado pelas confecções.

– O Ruby consegue penetrar na alma feminina, colocar o sonho da gente em uma folha de papel e, depois, o transforma em uma roupa. É um dom, uma arte transformar o desejo, que é algo subjetivo, em algo concreto. Ele passa a ser uma extensão dos nossos sonhos e acaba participando dos nossos momentos mais felizes. Não é apenas luxo e prazer. Tem um lado afetivo – diz Luciana.

E a cliente enumera ainda outras vantagens dos vestidos. Segundo Luciana, por serem exclusivos e de muito bom gosto, não há problema nenhum em repeti-los. Sem contar que o desejo em continuar usufruindo dessas “verdadeiras obras de arte” soa como uma bom incentivo para conservar o manequim. Ela acredita que a roupa seja uma representação da personalidade de cada um. E quando procura o Ruby, fica muito segura da maneira com que vai se apresentar. Não é para menos. A engenheira civil conta que só não roubou a cena no casamento da irmã, em Londres, pelos seguintes motivos: além de linda, na ocasião, a noiva usou um Versace e um Valentino.

Mas a elegância do vestido da madrinha fez a alegria de fotógrafos e chamou a atenção de quem está acostumado ao requintado universo da alta-costura. Luciana conta que uma amiga da sua irmã, que estava na festa, trabalha como estilista na Casa Chanel e ficou impressionada com os cortes e as técnicas empregadas por Ruby na confecção da peça.

 

– Ela adorou o vestido e veio me perguntar de quem era. Com o maior orgulho, eu disse que era de Santa Maria, feito com muito carinho por um grande amigo meu. Não é somente Londres, Paris e Nova York que têm grandes artistas – conta orgulhosa.

 

Quando soube, Ruby ficou maravilhado. Natural para quem tem a revolucionária estilista francesa Coco Chanel (1883-1971) como sua grande e, talvez, única inspiração no mundo da moda.

“Se um dia Deus tirar tudo da minha vida, vou morar embaixo de uma ponte, mas com um abajur do lado. Nem que tenha que roubar energia elétrica da prefeitura."

Faz 14 anos que Vanderlita Bertol Antoniazzi, 59 anos, trabalha com Ruby. A relação entre os dois ficou ainda mais próxima, há dois anos, quando deixou de costurar em casa e começou a trabalhar no ateliê do estilista. O convívio diário faz com que a contramestra o conheça como poucos. E bastam poucas palavras dela para perceber o grau de exigência, generosidade e afeto que norteia a parceria.

– Eu gosto de tratar com o Ruby, pois ele é uma pessoa que você pode falar tudo o que pensa. A gente nunca discutiu. Discordamos em alguns pontos, mas sempre chegamos em um denominador comum. A convivência é muito boa e a gente se entende só no olhar – conta Vanderlita.

Realmente, quem conhece Ruby sabe que está diante de uma pessoa divertida, de fácil trato e extremamente cativante. Mas se todos esses atributos contribuem para seu sucesso, em um ramo repleto de dificuldades, para Ruby, no final das contas, eles não são suficientes.

– Quando envolve dinheiro você precisa ser bom. Eu faço reunião com as gurias e digo: nós somos os responsáveis pelo sucesso de uma festa. A gente não trabalha com eventos, trabalhamos somente com momentos especiais. Então, não é pela minha simpatia ou vontade de fazer as coisas que les me procuram. É porque elas têm muitos sonhos – conta Ruby.

E o estilista parece estar certo quando, sem falsa modéstia, reconhece seu próprio talento. Júnior Ruviaro, aluno do curso de Design de Moda da Unifra e dono da grife Limite Urbano, que atua há 30 anos anos na cidade, é um dos admiradores da qualidade técnica empregada por Ruby. Para o empresário, a forma com que o estilista compõe bordados e monta as rendas sobre os vestidos tornam cada peça em algo absolutamente único.

– Ele quase faz uma construção do próprio tecido com o qual irá trabalhar. Dificilmente, você vai encontrar aquela mesma renda, aquele mesmo formato de bordado pronto em outra peça, justamente, por essa técnica de construção que ele tem, que é bastante artesanal e diferenciada. Uma coisa de bastante valor – explica Ruviaro.

– É o sonho da vida dela, então, você tem de ter culhões para riscar e fazer aquilo acontecer. Você não pode apenas prometer.

Equilíbrio, dedicação, bom gosto e fino trato são traços que, juntos, compõem o estilo definido por ele próprio como “palaciano”. Ruby acredita que deveria ser um lorde, viver sob lustres de cristais e sentado em bancos de veludo. Não por acaso, essa parece uma fiel descrição de seu ateliê, onde espelhos, imagens de Paris e poltronas com detalhes em cristais emprestam um ar vitoriano e sofisticado ao espaço.

– Se um dia Deus tirar tudo da minha vida, vou morar embaixo de uma ponte com um abajur do lado. Nem que tenha que roubar energia elétrica da prefeitura – brinca, com um largo sorriso.

Uma das únicas regras irrevogáveis e que mantém o bom funcionamento de seu ateliê diz respeita às revistas de alta-costura. Lá, elas são proibidas e a explicação é curta e grossa: elas bloqueiam sua criatividade. Mas se para trabalhar Ruby precisa também estar de acordo com o ambiente, devidamente produzido e usando um de seus melhores perfumes, no dia a dia, esbanja simplicidade.

A alta-costura pode ser adjetivada das mais diferentes formas. Mas tratá-la como um território de sonhos parece ser a mais fiel delas. É assim para a grande maioria de nós, meros mortais, pois são poucos os que podem pagar pelas luxuosas peças feitas à mão, com tecidos exclusivos e que levam meses para ficar prontas. Mas, também para seus criadores, que se permitem voar alto enquanto imaginam suas obras desfilando entre lordes e perfumes inebriantes.

Protagonista absoluta da moda até os anos 1940, quando a segunda grande guerra fez com que até mesmo as mais esbanjadoras socialites europeias firmassem os pés no chão, a alta-costura ficou ainda mais restrita. Mesmo assim, ela resistiu a revolução do prêt-à-porter, o pronto para usar, e às necessidades da vida moderna. E, apesar de soar distante, esse universo continua real, palpável, possível e mais próximo do que se possa imaginar.

Há 15 anos morando em Santa Maria, Ruby Saratt é exemplo do que há de mais particular nesse onírico ambiente de bordados, rendas e, claro, exclusividade. Comemorando 30 anos de moda em 2015, o estilista abriu as portas de seu requintado ateliê e revela, nesta edição do MIX, os passos dessa longeva e reconhecida, nacional e internacionalmente, trajetória guiada por linhas apuradas e cortes precisos.

– A alta-costura não compete com a moda de coleções. Ela é exclusiva, um universo totalmente à parte. Eu faço uma vitrine, mas ninguém bate lá para comprar uma roupa. É o reflexo da minha grife que está lá. É o conceito do estilista. É diferente porque é pessoal e envolve tudo, da criação ao tecido, do tingimento ao bordado. É uma escala feita exclusiva para uma pessoa. Se eu colocá-la num manequim e vendê-la, já não é alta-costura. Ela não é roupa de cabide – adianta Ruby.

 

 

Após um mês no subsolo passando roupas, Ruby conquistou o devido reconhecimento. Conforme o estilista, quando ficaram sabendo que ele já trabalhava com moda, foi deslocado para ajudar nos desenhos. Pouco tempo depois, no primeiro desfile que Ference fez, três vestidos desenhados por ele foram incorporados à coleção apresentada no Japão.

A rápida escalada também resultou em lembranças não tão boas. Como possuía visto somente para estudar, foi denunciado por um amigo por estar trabalhando no ateliê de forma ilegal. Após uma vistoria no local, em 1990, foi obrigado a deixar a França. Mesmo assim, por mais dois anos, a cada três meses, viajava ao país europeu com todas as despesas pagas pela Maeson Michel Ference-Paris.

 

– Eu queria uma aval de que eu sabia fazer, que aquilo era bem feito. Foi um “bum” na minha vida, até mesmo nas minhas relações afetivas. Liberei minha cabeça e descobri que realmente era aquilo que queria fazer. Por mais que tivesse nascido com o dom, vocacionado para isso, precisava de técnicas e aprendi muita coisa diferente ao longo desses anos. Até hoje, aprendo com meus erros. Mas você sabe qual o seu estilo. Hoje, faço um vestido e as pessoas sabem: aquele é um Ruby – diz.

 

 

Quando voltou ao Brasil, aconselhado pela irmã, temendo perder sua liberdade criativa e pensando em fugir da rotina de empregado, Ruby recusou contrato com uma grande grife paulista. À época, mantinha uma butique em Porto Alegre, um atelier de prêt-à-porter em São Borja e viajava constantemente à França. Natural que se sentisse um tanto perdido. Afinal, não conseguia criar raízes em um só lugar.

Mas bastou um telefonema para uma mudança de panorama. Eram 23h, quando recebeu uma ligação de Paulo Nei Stefanon, famoso cabeleireiro santa-mariense, que havia conhecido tempos antes, em Portugal. Segundo o estilista, o amigo sabia que ele estava “perdido na linha” e o convenceu com o argumento de que a cidade havia ficado carente desse tipo de profissional, após a morte de João Francisco Goldmann, em 2002.

Ruby, que já havia experimentado a receptividade santa-mariense quando, 20 anos antes, teve um desfile seu aplaudido em pé por cerca de mil pessoas, rumou para Santa Maria na manhã seguinte. Chegou, foi até o Salão Mário Cabeleireiro onde, de imediato, iniciou uma forte amizade com o cabeleireiro Leo Pizzolatto, que chamou os amigos e, juntos, organizaram um jantar para Ruby.

– Tomei todas. Quando acordei, tinha fechado o negócio do aluguel do ateliê, sem nem precisar de contrato, e já tinham duas costureiras para me apresentar. Acordei morando em Santa Maria. Enfrentei e me vim – revela.

 

 

Quando recém começava a se aventurar nas passarelas, ainda adolescente, a top model gaúcha Deise Nunes teve a oportunidade de desfilar para Ruby Saratt. Hoje, dona de uma escola de modelos e reconhecida como a primeira e única Miss Brasil negra, eleita em 1986, ela não esquece da tendência visionária do estilista.

– Ele promovia desfiles em uma época que existia mais glamour no mundo da moda. As roupas eram mais elaboradas, os estilistas tinham mais cuidado com o acabamento e o Ruby sempre teve isso: o de fazer uma roupa bem feita e moderna. Ele sempre gostou muito de ousar, o que é uma característica dele até hoje – lembra Deise.

Realmente, Ruby continua levando traços de sua personalidade às passarelas. Em setembro, conquistou o público da 5ª edição Bride Stile, a maior feira de conceito de moda e de festa para casamentos do país. O motivo: cinco elegantes e extremamente luxuosos vestidos, concebidos desta forma desde a escolha dos tecidos, pedrarias e técnicas de alta costura.

– As duas primeiras filas eram de críticos de moda. Tinha gente de Paris e de todos os lugares, e saí como o queridinho. Coloquei 15 técnicas diferentes para fazer um vestido de noiva. Eles perceberam que fui o único que, dentro da minha história, resgatei toda a história da alta-costura. O meu desfile também foi o que reuniu o maior número de fotógrafos e teve superlotação – revela Ruby.

Mas não são somente de histórias emocionantes que uma carreira na alta-costura é feita. Ao longo de três décadas, Ruby já passou por perrengues dos mais variados. Entre eles, o de precisar dar jeito em um vestido queimado.

– Chego no ateliê estão todas chorando. Eu só pedi calma, porque tenho esse equilíbrio. Fizemos um drapeado e colocamos uma renda por cima. Ficou ainda melhor – conta.

Os mais acessíveis vestidos de alta-costura feitos por Ruby custam, em média, R$ 6 mil. Segundo o estilista, em Porto Alegre não se consegue alugar uma peça semelhante por esse valor. Ou seja, manter a calma diante da possibilidade concreta de ver uma roupa – em que o metro de renda chega a custar R$ 1,7 mil – arruinada só pode ser considerada uma qualidade.

 

 

 

– Tenho que me montar, me produzir, senão não faço nada. Não sou eu. Até um mate, se não for uma cuia chiquérrima, já não tem o mesmo sabor. Mas isso é quando estou sozinho. Porque me atiro num bar, tomo cachaça no copo contigo e dou belas gargalhadas. Mas aí é outro, não é o Ruby trabalhando – explica.

Há décadas enfrentando os altos e baixos de uma carreira repleta de desafios, na qual, na grande maioria das vezes, bom gosto é sinônimo de alto poder aquisitivo, Ruby sabe que já chegou longe. Não significa, no entanto, que seja suficiente para o homem de trejeitos delicados nascido a um oceano de distância do epicentro de tudo aquilo que admira.

– Não importa onde já fui, mas, sim, aonde ainda vou – conclui Ruby Saratt, que contempla no semblante satisfeito de suas clientes a melhor das recompensas nessa vida que o escolheu.