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a linha
Economistas, cientistas políticos, antropólogos, astrólogos e ialorixás: todos querem acreditar que o pior já passou. Depois de um 2016 de transformações, rupturas, perdas e traumas, Santa Catarina, o Brasil e o mundo estão prontos para recomeçar com vontade de encarar o novo ano com otimismo.
Em Brasília, ainda viveremos sob o signo da Lava-Jato e das delações premiadas da Odebrecht que ameaçam dar início a um fim do mundo político.
O planeta também espera o reflexo das escolhas de 2016, com Donald Trump na Casa Branca e os efeitos práticos do Brexit na União Europeia.
A economia precisa pegar no tranco e o primeiro passo para isso é a mudança no humor do mercado. Dispostos a voltar a investir e comprar, empresários e consumidores são dois agentes capazes de iniciar a tão aguardada retomada.
Na segurança, a guerra de facções que emana medo dentro e fora dos presídios se desenha como grande desafio. E Santa Catarina tem a tarefa de não permitir que a situação saia do controle. Nas quatro linhas dos gramados, a grande expectativa é pela estreia da Chapecoense depois do acidente que dizimou o clube no final do ano. Ao seu lado, o apoio de milhões de torcedores arrebanhados em todas as partes do globo.
Mas se o destino insistir em contrariar todas as previsões, danem-se economistas, cientistas, antropólogos, búzios e os orixás. Tratemos de fazer 2017 o melhor possível para todos Nós.
Política
Um país sem líderes
TEXTO | MARCELO FLEURY
e
m 2017, em um lampejo, os amigos que se xingam nas redes vão se dar conta de que o problema não é esquerda ou direita, mas o tamanho e a ineficiência histórica do Estado.
Ou não.
Então, na falta do lampejo coletivo, o provável é que este seja o ano mais volátil da política brasileira (e mundial) em décadas, com solavancos abruptos potencializados pelo ódio nas redes, os desdobramentos da Lava Jato e a ausência de líderes.
A perspectiva econômica é melhor do que a dos catastróficos anos de 2016 ou 2015, mas no cenário político ainda não há luz no fim do túnel. Por enquanto, não despontam, no horizonte, líderes, partidos ou propostas de reforma política capazes de retirar o país dos escombros.
Qualquer perspectiva política depende, em primeira instância (literalmente), da caneta de Sérgio Moro. E, em última, da celeridade do STF, começando pela homologação da delação dos 77 da Odebrecht.
No ano pós-coxinha, o presidente atual terá de lidar com a denúncia de que pediu R$ 10 milhões de dinheiro sujo da maior empreiteira do país. É pouco provável, mas o TSE pode cassar a chapa Dilma-Temer e dar ao Congresso o poder de eleger indiretamente um novo presidente.
No ano pós-petralha, é praticamente certo que o Brasil verá o ex-presidente Lula ser condenado pela Justiça em um dos tantos processos em que já é réu. Nosso 7 a 1 de 2016 foi estampar manchetes mundiais com o maior esquema internacional de corrupção já descoberto, nas palavras do Departamento de Justiça americano. Nunca antes na história do mundo se desviou tanto dinheiro.
Mas nem todos os vexames são nossos. Em breve, veremos as aventuras de Donald Trump sacudir o planeta como nunca desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ampliando o turbilhão de emoções de 2017.
Mas as desventuras de Trump não terão efeito imediato sobre a política no Brasil. Menos ainda sobre a de Santa Catarina, cuja influência direta vem de Brasília. Por aqui, Raimundo Colombo demonstra preocupação com a evolução da Lava-Jato, que respinga no Estado e pode ter mais capítulos a partir das novas delações.
O governador conseguiu a façanha de, ao longo dos últimos anos, abrigar praticamente todos os partidos dentro do seu governo. Se ainda há oposição no Estado, ela se restringe a alguns (alguns!) parlamentares do PT no Legislativo.
A grande oposição mesmo ocorre dentro do próprio governo: PSD e PMDB andam juntos há mais de uma década e seguirão de mãos dadas até o ano que vem. Mas cada um tem seu próprio projeto de poder. Vai levar vantagem quem tiver coragem de falar sobre assuntos que viraram tabu: diminuição do tamanho do Estado, fim de regalias para alguns tipos de servidores e privatização.
Em 2017, pode conquistar o país quem mostrar claramente o erro histórico que cometemos ao discutir coisas como “O Petróleo é nosso”, em vez de ter exigido educação básica gratuita e de excelência. A salvação do Brasil começa no dia em que crianças ricas e pobres frequentarem a mesma escola, não a mesma universidade. Mas isso ainda está distante da agenda política.
internacional
O mundo em rota incerta
TEXTO | LARISSA LINDER
o
primeiro rei romano lendário foi Rômulo. Ele reinou por 38 anos, exatamente a expectativa de vida da população naquele tempo. Quando Rômulo morreu, pouca gente conhecia a vida sem ele. Até então, sabiam como seria o ano seguinte, sabiam a quem recorrer para indicar caminhos, havia solidez. Com ele morto, já não tinham ideia de que rumo tomar. E levou algum tempo até Roma ter um novo imperador. Este ínterim ficou conhecido como interregno, conceito que depois foi atualizado por Gramsci para definir uma situação na qual as antigas formas de fazer as coisas já não funcionam, mas as maneiras de resolver os problemas de uma nova forma efetiva ainda não existem ou não as conhecemos.
A história de Roma e o conceito de interregno foram relembrados pelo filósofo polonês Zygmunt Bauman, em uma entrevista, para explicar o momento que atravessamos no mundo. Sabemos o que já não funciona, mas não temos ideia de que rumo devemos tomar.
Perdidos e saudosos de um passado que não voltará, 62 milhões de norte-americanos elegeram Donald Trump. Estava ali alguém que lhes apontava um caminho, ainda que muito duvidoso. No Reino Unido, mais da metade dos eleitores (51,9%) optou por deixar a União Europeia. Na prática, escolheram voltar ao estado de coisas com o qual estavam familiarizados.
Todas essas grandes decisões de 2016 serão postas à prova agora, em 2017. O grande problema causado por essas escolhas é o fator incerteza. Não se tem ideia do que acontecerá com os Estados Unidos sob a liderança de Trump. Tampouco se sabe sobre o destino da União Europeia. Muito vai depender da eleição francesa à presidência e da permanência ou não de Angela Merkel como chanceler alemã.
A América Latina vive os mesmos dilemas. Para onde vai a Venezuela? O Uruguai tem mostrado forte intenção de firmar acordos fora do Mercosul, como já fez com o Chile e como promete fazer com a China. O Uruexit, como já tem sido chamado, é o prenúncio de uma fragilização da integração latina? E para onde vamos nós, os brasileiros? Conseguiremos superar a crise política e voltar a crescer, ainda que timidamente?
Em meio a tantas incertezas, até agora as estimativas apontam para uma volta frágil do crescimento na América Latina, após dois anos de encolhimento. Segundo o relatório anual da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), órgão regional da ONU, a região encerra 2016 com uma contração média de 1,1% e a expectativa da Cepal é de que cresça 1,3% em 2017. A Argentina deve apresentar queda de 2,2% no PIB em 2016, mas tem estimativas positivas por parte do mercado para este ano, de crescimento de 2,3%. Os motores sul-americanos devem continuar sendo, segundo o mercado, Peru e Colômbia, com previsões de alta do PIB de 4% e 3,1%, respectivamente.
A volta de um crescimento mais vigoroso da economia regional vai depender de todas as questões que ainda estão incertas. Como disse a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, em coletiva de imprensa em dezembro, a recuperação do continente será “frágil enquanto forem mantidas as incertezas do contexto econômico, particularmente as tendências protecionistas recentemente observadas”.
O ano de 2017 começa com muitas perguntas. Só nos resta esperar que as respostas venham, e que sejam boas.
para ASSISTIR
Depois de um 2016 de perdas e ganhos no mundo do entretenimento e da cultura, saiba o que esperar do ano que vai nascer. Fique atento às dicas de Emerson Gasperin
Franquias a rodo
A arte é a sétima, mas a quantidade de sequências programadas para os shopping centers em 2017 é infinita. Mutante, aqui, só o protagonista da primeira da lista.
Março
Logan
Kong – Ilha da Caveira
Abril
Velozes e Furiosos 8
Maio
Guardiões da Galáxia 2
Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar
Junho
Meu Malvado Favorito 3
Julho
Homem Aranha – De Volta ao Lar
Outubro
Blade Runner 2049
Novembro
Thor 3 – Ragnarok
Dezembro
Star Wars – Segundo Episódio
sem dublagem
Três filmes nacionais que ameaçam fazer mais sucesso na sua timeline do que no multiplex mais perto de você:
Polícia Federal –
A Lei é para Todos
Bingo – O Rei
das Manhãs
Dona Flor e Seus Dois Maridos
Quando: abril
De Marcelo Antunez. Com Marcelo Serrado, Antonio Calloni e Flávia Alessandra. O eterno Crô da novela Fina Estampa, encarna no papel do juiz Sergio Moro nesta história inspirada na Operação Lava Jato.
Quando: agosto
De Daniel Rezende. Com Vladimir Brichta, Leandra Leal e Emanuelle Araújo. Sexo, drogas e tortas na cara compõem o drama sobre o palhaço Bozo, que, do sucesso na TV nos anos 1980, afundou-se na cocaína e renasceu como líder evangélico.
Quando: sem data
De Pedro Vasconcelos. Com Juliana Paes, Marcelo Faria e Leandro Hassum. Remake do filme baseado no livro de Jorge Amado, adaptado para a telona em 1976. Tomara que não seja apenas, como diria o imortal Vadinho, “xixica pra passar o tempo”.
PRODUÇÃO EM SÉRIE
As novas temporadas de Black Mirror, Narcos e Stranger Things e são as armas da Netflix para se defender da concorrência:
The Man in the
High Castle
Transparent
Game of Thrones
Onde: Amazon
Ficção científica que faz referência ao livro homônimo do mestre Philip K. Dick. Na trama, as potências do Eixo venceram os Aliados na Segunda Guerra Mundial.
Onde: Amazon
Comédia e drama se misturam na história da família de Los Angeles que descobre que o pai (ou quem acreditavam sê-lo) é transgênero..
Onde: HBO
O fim da saga de intriga & fantasia vai deixar tanto súdito órfão que a última temporada será dividida. A segunda metade será exibida apenas em 2018.
NA RBS
Dois Irmãos
Filhos da Pátria
Quando: janeiro
A rivalidade entre os gêmeos Omar e Yaqub (interpretados por Cauã Reymond) atravessa Manaus do início do século 20 ao pós-Segunda Guerrae pontua o épico baseado no livro de Milton Hatoum.
Quando: setembro (estimativa)
Escrita por Bruno Mazzeo e ambientada em 1822, traz Alexandre Nero e Fernanda Torres às voltas com o histórica vocação nacional de querer levar vantagem em tudo.
este ano, aos poucos, o país deve pegar no tranco. No Estado, a expectativa entre entidades empresariais, como a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), e laborais, como a Federação dos Trabalhadores da Indústria de SC (Fetiesc), é que a recuperação comece a partir de metade de 2017.
No entanto, há muita parcimônia nas afirmações referentes ao crescimento. Isso porque tudo aponta para que 2017 seja um ano de recuperação, não exatamente de retomada como se esperava há alguns meses. O impeachment de Dilma Rousseff trouxe euforia aos mercados e o índice de confiança dos empresários subiu. Mas as sucessivas operações da Lava-Jato deflagraram escândalos, agravaram crises institucionais e mostraram que as coisas não seriam tão simples.
Para a economia, que vive de expectativas, poucos fatores são tão ruins quanto a incerteza generalizada. Em Santa Catarina, os empresários afirmam que a economia brasileira nunca dependeu tanto do governo federal. Eles se referem ao fim das crises políticas e à aprovação das reformas – que, aliás, há quem duvide que o governo tenha capacidade de aprovar.
O Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo, foi uma das instituições que cortou a projeção para o crescimento do Brasil em 2017. Em setembro, era de 1,5%, e passou a 1% no relatório de dezembro. O IIF relaciona a redução à descrença de que o governo seja capaz de impulsionar as políticas necessárias para apoiar as recuperações após as contrações do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.
O crescimento previsto pelo IIF, entretanto, é otimista. O último Relatório Focus do Banco Central (BC), divulgado em 2 de janeiro, revela que o mercado espera um crescimento de 0,50%.
A expectativa do mercado para emprego também não é animadora. Segundo as projeções de agentes financeiros, a taxa deve ficar ainda maior que os 11,9% observados em novembro, um recorde da série histórica (desde 2012). São 12,1 milhões de desempregados no país. Em SC, houve um crescimento de 47,2% do desemprego na comparação entre o terceiro trimestre de 2016 (último dado disponível) com os mesmos meses em 2015. A taxa foi de 4,4% para 6,4%, a maior para o período na série histórica.
Embora o entusiasmo em relação ao PIB tenha arrefecido e o índice de ocupação não ajude, ainda há o que celebrar neste ano que começa. Uma das boas notícias é a queda dos juros. Em 2016, o BC fez o primeiro corte em quatro anos. Em janeiro do ano passado, a Selic estava em 14,25% e, ao final do ano, era de 13,75%. A estimativa do mercado, segundo o Focus, é de que a instituição siga cortando e que 2017 acabe com uma taxa de 10,25%. Com juros menores, há estímulo ao crédito, ao consumo e, consequentemente, a economia fica mais dinâmica.
A desaceleração da inflação é outro alívio em 2017. A previsão dos agentes financeiros é de que 2016 tenha uma inflação, medida pelo IPCA, de 6,38%. Com isso, a estimativa para este ano é de que o índice estacione em 4,87%, próximo do centro da meta do Banco Central, de 4,50%. O menor avanço da inflação é fundamental para que os salários não tenham perdas reais, ou seja, para que os trabalhadores não tenham poder de consumo reduzido. Em Santa Catarina, o salário médio perdeu cerca de 7% do seu valor real em 2016.
A leve alta das commodities observada em 2016 é outro fator positivo para o Brasil em 2017. Após a queda gradativa nos preços desde 2011, essa é uma notícia excelente para um país que depende, em grande parte, de matérias-primas. Se as expectativas se confirmarem, este não será um ano fácil, mas definitivamente será melhor que 2016, tanto para o Brasil quanto para Santa Catarina.
– Passada a crise, SC vai explodir de crescimento – diz Antonio Gavazzoni, secretário da Fazenda estadual.
n
segurança
Autoridades em alerta
TEXTO | ÂNDERSON SILVA E DIOGO VARGAS
s primeiros dias de 2017 deram o tom do que o ano reserva para a segurança pública. A morte da turista gaúcha Daniela Scotto, em Florianópolis, um latrocínio em Balneário Camboriú e as carnificinas em Manaus (AM) e Boa Vista (RR) resumem o alerta de que os próximos meses precisam de reação.
Tanto no Estado como no país, os desafios se desenham a partir de problemas trazidos de 2016. Em Santa Catarina, a principal missão das polícias será conter o aumento das estatísticas que crescem desde 2015. Homicídios, roubos e furtos subiram por dois anos consecutivos. A resolução dos assassinatos, que antes chegava a um patamar próximo a 70%, caiu para 47%. Na contramão, os efetivos das polícias Civil e Militar diminuem. Mesmo com a reposição nas duas corporações no fim de 2016, o número de servidores atingiu seu menor nível. Para 2017, fica o desafio da reposição como uma das medidas contra o aumento da criminalidade. O governador Raimundo Colombo garantiu novas contratações neste ano, mas não deu prazo nem números.
Há especialistas que defendem que o Estado também deveria aprimorar suas inteligências (presídios e da polícia), retomar comandos operacionais nos setores de frente das duas forças e criar políticas de incentivo nas corporações, que estariam em baixa.
Além das estatísticas, outro crescimento precisa ser contido pelo Estado, assim como pelo governo federal: o das organizações criminosas. As mortes nos presídios do Norte do país foram protagonizadas por duas facções criminosas. Uma delas, o Primeiro Comando da Capital (PCC), está presente em Santa Catarina, enquanto a outra, a Família do Norte (FDN), é apoiada pelo Comando Vermelho, que também dá sustentação para o Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
O avanço dos grupos no Estado impõe um obstáculo complicado para as autoridades, que precisam ocupar espaços nas comunidades de vulnerabilidade social e dentro das unidades prisionais antes que as facções avancem. Do contrário, os efeitos das organizações vão passar dos muros dos presídios para as ruas, como ocorreu nos atentados de 2012, 2013 e 2014 e em assassinatos nos últimos anos no Estado.
É preciso retomar com força ações comunitárias, sociais, de políticas públicas e de humanização nas cidades. Afinal, o problema da criminalidade e do crime organizado em Santa Catarina está em grande parte nas regiões empobrecidas.
Alguns oficiais da Polícia Federal defendem novas políticas de enfrentamento ao crime dessa forma, numa medida semelhante às unidades de polícia pacificadora por aqui. Eles pensam também que essa atual postura de enfrentamento policial, com incursões e repressões, não estaria dando certo. Uma prova seria o aumento da letalidade policial em Santa Catarina nos últimos anos, o que demonstraria uma forma equivocada de planejamento estratégico policial e na segurança pública catarinense. Mas a maior dificuldade para implantar as políticas comunitárias seria a questão financeira.
o
para ouvir
10 discos que vão dar o que falar
Em algum momento, você irá trombar com eles.
Marcelo Yuka, Canções para Depois do Ódio
Quando: 6 de janeiro
Depois que rompeu com O Rappa, em 2001, o baterista e compositor montou o F.Ur.T.O (sigla para Frente Urbana de Trabalhos Organizados) e escreveu a autobiografia. Na sexta-feira, bancado via financiamento coletivo, finalmente saiu o disco solo, com participações de Céu, Cibelle, Seu Jorge e Black Alien.
Sepultura, Machine Messiah
Quando: 13 de janeiro
Mesmo longe de seus melhores dias, a marca conserva sua força – no mínimo, entre as hostes metálicas que não veem a hora de bater cabeça com o disco novo. Gravado na Suécia, o trabalho foi inspirado pela “robotização da sociedade”, segundo o guitarrista Andreas Kisser. Assunto não falta.
The Jesus and Mary Chain, Damage and Joy
Quando: 24 de março
Os mestres na arte de conjugar barulho e melodia voltam cercados das maiores expectativas. Afinal, são 18 anos sem dar o ar da graça – tempo mais do que suficiente para surgir uma geração de indies que, ao ouvi-los, corre o risco de confundir os criadores com as criaturas que eles geraram.
Cazuza
Quando: março
A mãe do cantor, Lucinha Araújo, anunciou que achou uma pasta com poemas inéditos do filho. O material vai virar disco com vozes como Caetano Veloso, Nando Reis e Bebel Gilberto. Por enquanto, o que se tem é Não Reclamo, faixa lançada por Rogério Flausino (Jota Quest) e o irmão, Wilson Sideral.
Boogarins
Quando: maio
Até março, os goianos lisérgicos lançam disco ao vivo. Depois, outro de experiências em estúdio, na esteira da excelente receptividade de Manual (2015). Para controlar a fissura, saíram duas doses: a nova Elogio à Instituição do Cinismo e – de 2013, mas que nunca havia sido gravada – Olhos.
Depeche Mode, Spirit
Quando: primeiro semestre
Com quase 40 anos de carreira, os ingleses viraram uma instituição mais respeitada hoje do que quando estavam no auge. Fãs de música eletrônica, “gótica” ou simplesmente pop devem dar uma sacada no disco novo do grupo, produzido por James Ford, o mesmo de moderninhos como Arctic Monkeys e Foals.
Nação Zumbi, Radiola NZ + um de inéditas
Quando: primeiro e segundo semestres
Ano movimentado para os pernambucanos. Na primeira metade, planejam lançar Radiola NZ, disco com versões de músicas caras ao grupo. No repertório, artistas como David Bowie, Luiz Gonzaga, Gilberto Gil e Amy Winehouse. Feito o tributo, partem para o sucessor do regular Nação Zumbi (2014).
Arctic Monkeys
Quando: sem data
Ao contrário dos discos anteriores, a banda do geninho Alex Turner entrou em estúdio com um ingrediente extra: a pressão. O desafio é sair de lá com um trabalho que faça jus ao anterior (AM, 2013), quando ampliaram o público para muito além do gueto indie rock. Grandes poderes, grandes responsabilidades.
Beck
Quando: sem data
Programado para o último novembro, deste ano não passa o 13º disco do artista que despontou com o hit Loser no longínquo 1994. A julgar pelos singles Dreams, Wow e Up All Night, depois da imersão no folk vem aí um trabalho mais animado, influenciado por – diz ele – Beatles e Prince. Apenas.
U2, Songs of Experience
Quando: sem data
A veterana banda irlandesa não precisa provar para ninguém que ainda pode ser relevante. Exceto a si mesma. Para isso, já confirmou a sequência do disco anterior, Songs of Innocence, pouco ouvido desde 2014. Qualquer coisa, tem os 30 anos do álbum Joshua Tree para comemorar.
futebol
De olho na Chape
TEXTO | EMERSON GASPERIN
o
dia 26 de janeiro, a Chapecoense recebe o Joinville pela rodada inicial da Primeira Liga. Será a estreia oficial do time profissional depois da queda do avião que dizimou a equipe, em novembro. O mundo esportivo estará de olho em cada passo do Verdão – e eles serão muitos nesta temporada. Como o time vai se portar dentro das quatro linhas é uma incógnita, pois o plantel está sendo remontado. Os reforços já confirmados indicam que a diretoria manteve a filosofia de apostar mais em comprometimento do que em nome.
A cereja do calendário da Chape é a Libertadores da América. Depois do Criciúma, há 25 anos, um time catarinense volta ao principal torneio do continente. Em teoria, o Verdão irá disputar uma das duas vagas de seu grupo com Nacional (Uruguai) e Lanús (Argentina), com o Zulia (Venezuela) como azarão. Somente as três partidas da primeira fase garantem mais US$ 5,4 milhões aos cofres do clube. O dinheiro se soma a um orçamento ainda indefinido, mas certamente superior aos R$ 47 milhões de 2016 e o maior entre as equipes do Estado.
O Avaí, que também terá uma cota gorda por participar da Série A, trabalha com uma verba em torno de R$ 32 milhões. Com objetivos diferentes na elite – enquanto um entra com a simples pretensão de não ser rebaixado, o outro está autorizado a sonhar com pelo menos o bloco intermediário, que dá vagas à Copa Sul-Americana –, o Leão da Ilha e Chape despontam como fortes candidatos a faturar o Catarinense. Que ambos, porém, não menosprezem os rivais estaduais: para Figueirense, Criciúma ou Joinville, desbancar os favoritos no campeonato local será uma força extra para brigar pelo acesso nas divisões nacionais.
Rumo à Rússia
A classificação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo em 2018 pode ser sacramentada logo na retomadas das Eliminatórias, em março, contra o Uruguai, em Montevidéu. Pelos cálculos da comissão técnica, é necessário apenas mais um empate para carimbar o passaporte para a Rússia. Com 27 pontos, o Brasil lidera a tabela – a pontuação dos quartos colocados (que se classificam diretamente para o torneio) nas duas últimas eliminatórias sul-americanas foi 28. Mas, mais do que com quando irá se garantir na Copa, o torcedor está animado com como o time vem jogando. A depressão com Dunga foi substituída pela euforia com Tite e tem gente até já falando em hexa. Não é nada, não é nada, é a reconciliação do brasileiro com a amarelinha depois do infame 7 a 1.
para ler
Camaradas letrados
O centenário da Revolução Russa pinta as estantes de vermelho com lançamentos dos quais a simples leitura dos títulos bastará para acirrar os já exaltados ânimos nas redes sociais:
O Túmulo de Lênin – Os Últimos Dias do Império Soviético
De David Remnick, editor da revista New Yorker e correspondente do jornal Washington Post em Moscou de 1988 a 1991.
A Maldição de Stálin
O historiador canadense Robert Gellately disseca as artimanhas do ditador para espalhar o socialismo pelo mundo.
Trotsky
Publicada em 2009, chega ao país a biografia do revolucionário dissidente escrita pelo historiador inglês Robert Service.
4 biografias nacionais
Lima Barreto, de Lilia Moritz Schwarcz
Roberto Carlos, de Paulo César de Araújo
Samba, de Lira Neto
Silvio Santos, de Ricardo Valladares
3 romances
Queer
de William Burroughs
Espécie de sequência “menor” do clássico beatnik Junkie. Os personagens Lee e Allerton seriam, na verdade, o próprio autor e o amante Lewis Marker.
Ilumiara – Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores
de Ariano Suassuna
Inédito que o pernambucano escreveu de 1981 até seus últimos dias. É dividido em duas partes, O Jumento Sedutor e O Palhaço Tetrafônico.
Breve História de Sete Assassinatos
de Marlon James
A partir da emboscada que quase matou Bob Marley na Jamaica, em 1976, a trama se desenrola pelas três décadas seguintes.
espiritualidade
Sob o signo do
amor e da fartura
m
amãe Oxum e Oxóssi regem o ano que acaba de começar. Com eles, amor e fartura iluminam os caminhos em 2017. Pela crença do Candomblé e da Umbanda, ela é a entidade que representa também a beleza e a sensibilidade. Já o orixá guerreiro é o deus caçador, senhor da floresta e da riqueza.
– Este será um ano muito especial para quem souber aproveitar a energia. Com o amor, a caridade, a doação e o cuidado com os que mais precisam devem prevalecer. Mas também será preciso ter paciência e lutar – diz Mana de Xangô, orientadora espiritual com mais de quatro décadas de trabalho em Florianópolis.
Depois de deixarmos 2016, um ano de limpeza, em que desmandos e a corrupção vieram à tona, devemos nos preparar para um recomeço. Impacientes e cansadas, as pessoas vão precisar ser fortes para enfrentar o que vem pela frente. Por conta disso, pode haver crescimento da depressão e das doenças psíquicas, que Mana de Xangô chama de abandono da alma.
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