Por Andrey Lehnemann
Colunista de cinema do DC
clickfilmes@yahoo.com.br
Nos últimos 15 anos, o cinema de terror foi marcado por diferentes tentativas de ressuscitar subgêneros, alavancar o potencial de novas franquias e pela infindável quantidade de homenagens às produções setentistas/oitentistas, responsáveis pela formação de grande parte dos profissionais atuais. Surgiram grandes nomes e grandes filmes. Por um tempo, o found footage foi um auxílio gigantesco para os independentes, o mumblegore igualmente uniu uma parcela dos realizadores para trabalhos em conjunto, frutos de pouco capital e mais iniciativa. Com o panorama de mais ideias e menos dinheiro para realizá-las, os últimos anos renderam alguns exemplares que automaticamente se tornaram seminais, deixando para trás a terrível década de 90. Definitivamente.
A seguir, listei 150 filmes imprescindíveis para desvendar o gênero nos
últimos 15 anos. Em destaque, os 30 principais com a indicação das
cenas mais importantes de cada obra (os FYC).
Os 30 melhores filmes de terror dos últimos 15 anos
Confira os outros filmes
• O Convidado (The Guest. Inglaterra, 2014)
• Sem Saída (Eden Lake. Inglaterra, 2008)
• Mártires (Martyrs. França, 2008)
• Cloverfield (EUA, 2008)
• O Chamado (The Ring. EUA, 2002)
• Enquanto Você Dorme (Mientras Duermes. Espanha, 2011)
• Housebound (Nova Zelândia, 2014)
• Atividade Paranormal 2 (Paranormal Activity 2. EUA, 2010)
• Mar Negro (Brasil, 2013)
• Tucker & Dale Contra o Mal (Canadá, 2010)
• Trabalhar Cansa (Brasil, 2011)
• Berberian Sound Studio (Inglaterra, 2012)
• Behind the Mask: The Rise of Leslie Vernon (EUA, 2006)
• A Estranha Cor das Lágrimas de seu Corpo (L'étrange couleur des larmes de ton corps. Bélgica, 2013)
• Crimes Temporais (Los cronocrímenes. Espanha, 2007)
• O Orfanato (El Orfanato. Espanha/México, 2007)
• Possuída (Ginger Snaps. Canadá, 2000)
• Os Olhos de Júlia (Los ojos de Julia. Espanha, 2010)
• Extermínio 2 (28 Weeks Later. Inglaterra/Espanha, 2007)
• Honeymoon (EUA, 2014)
• A Pele que Habito (La piel que habito. Espanha, 2011)
• Starry Eyes (Bélgica/EUA, 2014)
• Pânico na Escola (Detention. EUA, 2011)
• Viagem Maldita (The Hills Have Eyes. França/EUA, 2006)
• Culpa (Faults. EUA, 2014)
• Fim da Linha (End of the Line. Canadá, 2007)
• Confissões (Kokuhaku. Japão, 2010)
• Possuídos (Bug.Alemanha/EUA, 2006)
• Excision (EUA, 2012)
• From Within (EUA, 2008)
• O ABC da Morte (The ABCs of Death. EUA/Nova Zelândia, 2012)
• V/H/S/2 (Canadá/EUA, 2013)
• Mamãe & Papai (Mum & Dad. Inglaterra, 2008)
• O Massacre da Serra Elétrica (Texas Chainsaw Massacre. EUA, 2003)
• Leite Materno (Mother's Milk. EUA, 2013)
• Vermelho, Branco e Azul (Red White & Blue. Inglaterra/EUA, 2010)
• O Chamado (The Caller. Porto Rico, 2011)
• Across the River (Oltre il guado. Itália, 2013)
• Enter Nowhere (Inglaterra, 2011)
• A Invasora (À l'intérieur. França, 2007)
• Stake Land - Anoitecer Violento (EUA, 2010)
• Na Teia do Mal (Para entrar a vivir. Espanha, 2006)
• O Hospedeiro (Gwoemul. Coreia do Sul. 2006)
• Três... Extremos (Saam gaang yi. Coréia do Sul, 2004)
• Calvaire (Bélgica, 2004)
• Abismo do Medo (The Descent. Inglaterra, 2005)
• Um Conto de Natal (Cuento de navidad. Espanha, 2005)
• Jogos Mortais (Saw. EUA, 2004)
• Stage Fright (Canadá, 2014)
• Arraste-me para o Inferno (Drag Me to Hell. EUA, 2009)
• Exorcismo de Emily Rose, O (The Exorcism of Emily Rose. EUA, 2005)
• O Nevoeiro (The Mist. EUA, 2007)
• As Ruínas (The Ruins. Austrália/EUA, 2008)
• Alta Tensão (Haute tension. França, 2003).
• A Espinha do Diabo (El espinazo del diablo. México/Espanha, 2001)
• The Bay (EUA, 2012)
• Banquete no Inferno (Feast. EUA, 2005)
• Medo (Janghwa, Hongryeon. Coreia do Sul, 2003)
• Distúrbio Fatal (The Living and the Dead. Inglaterra, 2006)
• Sede de Sangue (Bakjwi. Coreia do Sul, 2009)
• A Capital dos Mortos (Brasil, 2008)
• Simon Killer (França/EUA, 2012)
• Grabbers (Irlanda, 2012)
• Dumplings (Jiao zi. Hong Kong, 2004)
• O Quarto Secreto (La Cara Oculta. Colômbia, 2011)
• Willow Creek (EUA, 2013)
• Bedevilled (Kim Bok-nam salinsageonui jeonmal. Coréia do Sul, 2010)
• A Horrible Way To Die (EUA, 2010)
• 1408 (EUA, 2008)
• Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead. Canadá, 2004)
• A Entidade (Sinister. EUA, 2012)
• Seres Rastejantes (Slither. Canadá, 2006)
• Vertigem (Vertige. França, 2009)
• The Woman - Nem Todo Monstro Vive na Selva (EUA, 2011)
• Hotel (Áustria, 2004)
• Espíritos - A Morte Está ao seu Lado (Shutter. Tailândia, 2004)
• O Que Fazemos nas Sombras (What We Do in the Shadows. Nova Zelândia, 2014)
• Você é o Próximo (You're Next. EUA, 2013)
• Dark Touch (Suécia/França, 2013)
• Somos o que Somos (We Are What We Are. França/EUA, 2013)
• Contos do Dia das Bruxas (Trick 'r Treat. EUA, 2007)
• Juan dos Mortos (Juan de los Muertos. Cuba. 2011)
• O Caçador de Troll (Trolljegeren. Noruega, 2010)
• Batalha Real (Batoru rowaiaru. Japão, 2000)
• Mutilados (Severance. Inglaterra, 2006)
• Spring (EUA, 2014)
• Lake Mungo (Austrália, 2008)
• Musarañas (Espanha, 2014)
• Quando Eu Era Vivo (Brasil, 2014)
• A Morte do Demônio (Evil Dead. EUA, 2013)
• Horsehead (França, 2014)
• Presos no Gelo 2 (Fritt vilt II. Noruega, 2008)
• Little Deaths (Inglaterra, 2011)
• Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy. França/EUA, 2014)
• Bad Milo (EUA, 2013)
• A Mulher de Preto (The Woman In Black. Inglaterra, 2012)
• Stitches (Irlanda, 2012)
• The Den (EUA, 2013)
• Eu Vendo os Mortos (I Sell the Dead. EUA, 2008)
• Espinhos (Splinter. EUA, 2008)
• O Último Trem (The Midnight Meat Train. EUA, 2008)
• Boa Noite, Mamãe (Ich seh, Ich seh. Áustria, 2014)
• Entes Queridos (The Loved Ones. Austrália, 2009)
• Byzantium (Irlanda, 2012)
• Identidade (Identity. EUA, 2003)
• Plataforma do Medo (Creep. Inglaterra, 2004)
• Mulberry Street - Infecção em Nova York (Mulberry St. EUA, 2006)
• The Final Girls (EUA, 2015)
• Casa dos Sonhos (Wai dor lei ah yut ho. Hong Kong, 2010)
• Livide (França, 2011)
• Hollow (Inglaterra, 2011)
• O Mistério da Passagem da Morte (The Dyatlov Pass Incident. Rússia/EUA, 2013)
• The Children (Inglaterra, 2008)
• Não Documentado (Undocumented. EUA, 2010)
• Insensíveis (Insensibles. França, 2012)
• Quarentena (Isolation, Irlanda, 2005)
• A Estrada (The Road, Filipinas, 2011)
• Sobrevivente (Backcountry, Canadá, 2014)
• Styria (Hungria, 2014)
• Terror no Pântano (Hatchet, EUA, 2006)
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Invocação do Mal
(The Conjuring. EUA, 2013)
• Terror é o meu gênero favorito. Desde, bem... sempre. James Wan, assim como eu, também é um completo apaixonado pelo cinema de horror e suas ramificações. Sua linguagem, seus realizadores, suas sequelas, artimanhas e passado – para o diretor, não é o que se cria, mas como você trabalha o que já foi criado, o segredo. O que poderia ser considerado original em 2013?, ele pergunta em Invocação do Mal. Wan une o que o espectador mais preza em uma estrutura típica – mansões mal-assombradas, exorcismos, investigadores paranormais, levitações, possessões, barulhos –, mas, muito mais do que isso, parece apreciar tanto quanto nós aquele mundo de caos. Não há novidades em Invocação do Mal, afinal, porém um ápice do ambiente formulaico em que os personagens estão inseridos. De um apaixonado para outro.
FYC: Quando um lençol branco é levitado, a homenagem ao terror como um todo está completa.
[Rec] (Espanha, 2007)
• Ao todo, é difícil contabilizar com certeza a quantidade de found footages ou mockumentarys, ou ambos, lançados no mundo. Estima-se que chegue a mais de 500 produções até agora. Expressivos como REC, todavia, quase nenhum. O longa foi lançado em 2007 pelos diretores Paco Plaza e Jaume Balagueró, cuja parceria se estenderia para mais três filmes da franquia. REC utiliza a câmera a seu favor todo o tempo, registrando quase que realisticamente a sensação de claustrofobia, medo e tensão dentro do prédio. Seja uma mulher aparentemente frágil correndo em direção aos personagens, seja sua queda do alto do edifício, quando só se ouve o corpo "cortando" o ar - o primeiro REC exibe uma frieza calculista, que faz com que nos assustemos com a própria previsibilidade, em algubs momentos. Um marco, sem dúvidas.
FYC: Nosso último contato com Ângela.
Triângulo do Medo
(Triangle. Inglaterra, 2009)
• Existe uma passagem na peça A Trágica História do Doutor Fausto, adaptada por Christopher Marlowe, que descreve exatamente a ruptura do ser, quando o personagem questiona o valor da vida e ocasiona uma renegação ao divino. É o que podemos descrever como o exato instante em que Jess é confrontada por um navio que emerge do vazio trazendo seu nêmeses: ela mesma. Obra-prima.
FYC: Jess é levada pelo intermediário da morte, na figura de um táxi, para uma despedida final, a qual, tal como Prometeu, será eterna - pela sua tentativa desesperada de renegar o fim.
Kill List (Inglaterra, 2011)
• Depois de uma série de filmes para a televisão, o promissor Ben Wheatley lançava o segundo longa-metragem em 2011. A narrativa continha traços do que se tornaria a sua assinatura: o drama intenso, o desenvolvimento que culmina no terror e o cinismo pontual. Afinal, Wheatley não é um diretor de gênero. É um cineasta completo, que passeia por diferentes vertentes, experimentando em todas elas. Em Kill List, a história recai sobre um veterano de guerra que começa a trabalhar como assassino de aluguel, acompanhando um antigo parceiro, devido a falta de oportunidades de trabalhos para alguém como ele. Seu passado no campo de guerra acaba exercendo influencia em seu cotidiano cada vez mais, contudo.
FYC: O memorável terceiro ato.
Pontypool (Canadá, 2008)
• É como se ouvíssemos algo como a transmissão de Orson Welles de Guerra dos Mundos pela primeira vez. Numa perspectiva radiofônica, Bruce McDonald faz um dos filmes mais tensos dos últimos 15 anos.
FYC: A propagação do vírus pela fala.
O Segredo da Cabana
(The Cabin in the Woods. EUA, 2011)
• Escrito por Whedon e Goddard, e dirigido pelo último. A história mostra paralelamente dois ambientes: um grupo de amigos que embarca numa viagem com destino a uma cabana isolada, no meio da floresta; e dois personagens que parecem ser uma espécie de cientistas que observam cada passo dado pelo primeiro grupo. Embora as brincadeiras com o gênero sejam recorrentes, O Segredo da Cabana acaba se tornando aquilo que achava não existir mais: uma grande surpresa.
FYC: O elevador.
A Casa do Demônio
(The House of the Devil. EUA, 2009)
• Particularmente, não consigo resistir a diretores que bebem da água de Mario Bava, Lucio Fulci e Dário Argento. E é exatamente isso que Ti West está acostumado a fazer em seus longas-metragens mais atuais, com homenagens setentistas e oitentistas desenvolvidas em filmes como Hotel da Morte e A Casa do Demônio. Aqui, ele evidencia o domínio de câmera que possui, e a tensão não é instaurada somente por um aumento repentino de trilha sonora, mas pela perspicácia dos planos e enquadramentos que ilimitam a tensão.
FYC: A apresentação que West faz dos cômodos da casa por meio de uma dança.
Pesadelo Mortal
(John Carpenter's Cigarette Burns. EUA, 2005)
• Em 2005, era lançado Mestres de Horror, um dos projetos mais audaciosos do gênero. A proposta era simples: diretores tidos como "gênios do terror" seriam convidados para realizar telefilmes. Não foi um grande sucesso ou um catálogo muito expressivo, principalmente levando em conta tanta liberdade criativa; entretanto, foi de lá que saiu a última obra-prima de John Carpenter, que foi traduzida no Brasil como Pesadelo Mortal. Na trama, um antigo colecionador contrata um homem falido para recuperar a cópia rara de um filme.
FYC: Um homem acorrentado é tido como relíquia para o colecionador.
Amer
(Bélgica/França, 2009)
• Movendo-se muito mais por ostentações de sentidos e prazeres estéticos do que propriamente da substância da história – embora esteja lá –, os maiores artifícios do cinema de Forzani e Cattet são a exploração de suas cores, sua fotografia e cenários. No caso de Amer, todo esse cuidado na forma como a narrativa é construída nasce tão impactante e detalhista que arrisco dizer que o próprio Argento – a principal inspiração – deve ter ficado orgulhoso. Ambos não almejam o susto fácil, mas a subjetividade que as cores possuem, qual é o significado de cada plano e a combinação entre eles. As perguntas acabam sendo outras.
FYC: O balé de cores no decorrer da narrativa.
Em Minha Pele
(Dans ma peau. França, 2002)
• O filme da brilhante Marina de Van fala sobre os sete pecados capitais, mesmo que isso não seja expositivo. Estão ali a gula, a luxúria, a cobiça, a inveja. Na melhor amiga que passa a odiar o tratamento recebido pela colega que a colocou lá e agora passa a ocupar o lugar que sempre quis. Numa piscina fica clara a inveja que sente, quando torce para todos observarem o quanto Esther é repulsiva, o quanto aquela “Srta. Perfeita” se desfigura. E ela realmente se desfigura. Mas porque deseja sentir algo. Numa crítica ao social consumo e à elite, de Van permite que seja exposta. Desnuda-se em frente às câmeras para se mutilar. A cena do restaurante é a mais icônica do longa-metragem, quando a instabilidade chega ao ápice, e carnes são naturalmente cortadas.
FYC: Esther não sente mais seu braço no restaurante.
O Babadook
(Australia, 2014)
• Numa família em que a falecida figura do pai é presente no dia a dia, um conto de fadas assustador ganhar forma pode ser uma consequência. Jennifer Kent surge ao mundo como uma das maiores promessas do cinema contemporâneo ao analisar o espectro da ausência na rotina familiar e a fragilidade do lar, ao mesmo tempo em que uma figura opressora aparece.
FYC: Baba-dook-dook.
Os Outros
(The Others. Espanha/EUA, 2001)
• Diretor de um dos filmes de terror mais importantes da década de 90, Morte ao Vivo, Alejandro Amenábar retornou em 2001 para dar outra célebre contribuição ao gênero. Os Outros conta a história de uma mãe e seus dois filhos que ainda vivem à espera do marido combatente de guerra. Na solidão de seu isolamento, a família passa a ser repetidamente assombrada por forças que só compreenderão ao fim.
FYC: Poucas sequências são tão inesquecíveis quanto aquela em que a família descobre sua verdadeira natureza.
Deixe Ela Entrar / Deixe-me Entrar
(Lát den rätte komma in/Let Me In. Suécia/EUA, 2008/2010)
• O relacionamento de duas pessoas tratadas como diferentes em uma sociedade e o amor que transcende barreiras manifestadas por um ingênuo desejo. No original sueco, a adaptação é exibida por meio do drama de um menino insuportavelmente infeliz e atormentado; no americano, o suspense romântico se torna referência. Ambos, entretanto, chegam à mesma excelência.
FYC: As personagens deitam nuas ao lado dos garotos (como se finalmente se entregassem por completo, sem limites) com o sangue escorrendo pelos lábios, enquanto eles as pedem em namoro.
Borgman (Holanda, 2013)
• Dentro de uma perspectiva de seita satânica e estabelecendo dicas pontuais sobre o que estamos observando acontecer àquela família, Alex van Warmerdam realiza uma das obras de suspense mais marcantes dos últimos anos – criando algo sempre imprevisível e interessante.
FYC: Indicando que algo está para acontecer e intercalando com mensagens religiosas, conhecemos o lugar que Camiel Borgman habitava.
Resolution (EUA, 2012)
• Entrelaçando o drama psicológico com o terror, o resultado do primeiro longa de Justin Benson e Aaron Scott Moorhead é uma obra sobre caminhos, escolhas e consequências, numa ótica enlouquecedora e genuinamente intimidante.
FYC: Os protagonistas assistem às suas mortes.
Corrente do Mal
(It Follows. EUA, 2014)
• No segundo ato de Corrente do Mal, a personagem interpretada por Maika Monroe afirma que Hugh teria a contaminado e que ela deveria escolher se passaria o vírus adiante ou não; de qualquer forma, ela carregaria aquilo até seus últimos dias. É assim que a narrativa de David Robert Mitchell se assume como uma interligação clara entre o conhecido slasher dos anos 70 e a conscientização sexual dos anos 2000. Não deixando claro a época em que o filme se passa, algo que ressalta ainda mais as inseparáveis barreiras entre década e subgênero, o cineasta retorna ao espectro da revolução sexual da década de 60, quando a chegada da pílula anticoncepcional potencializou o sexo como um dos fundamentos mais básicos do terror. Se você transasse, as chances de sobreviver eram nulas. Mas é levantando sempre novas hipóteses, tensões a cada passo e o afastamento do moralismo, que David Robert Mitchell deixa seu nome na história.
FYC: O significado das cores na narrativa.
Pânico 4
(Scream 4. EUA, 2011)
• Modernizando sua estrutura, Wes Craven encerra a carreira se reinventando pela última vez, dialogando no percurso com a própria franquia e a popularização dos remakes. O último capítulo (?) da maior franquia do terror teen.
FYC: A sequência inicial metalinguística.
Amantes Eternos
(Only Lovers Left Alive. Alemanha/Inglaterra, 2013)
• Há uma natureza romântica, poética e grunge na mitologia do vampirismo que é instigante. É proveniente dos grandes autores – como Bram Stoker e Anne Rice –, que celebram esse misticismo com pitadas de humor gótico transcendentes e apaixonantes. A maneira como visualizamos os vampiros através dos tempos foi, portanto, mais apaixonada e calorosa, algo que rendeu inúmeros romances teen que discorriam sobre o amor proibido. Uma tragédia shakespeariana com mortos-vivos. Mas como seria a ótica vampírica acerca dos humanos? Como eles veriam nossa raça? Com empatia, compaixão, inveja ou profundo desprezo? A melancolia de Amantes Eternos, obra-prima de Jim Jarmusch, percorre essas dúvidas com uma profundidade fantástica, que reproduz um tom sinistro, intenso e constantemente suicida. Como se a imortalidade fosse um intragável fardo, Adam se arrasta pelo cenário com a dor que só alguém que já viveu muito poderia carregar. A idade não está na aparência, mas nas ações, semblante e experiência de cada um deles.
FYC: A dor de não estar vivo, mas ainda andar nas associações de Adam e Eve com suas fotos/músicas/poemas.
O Último Sacramento
(The Sacrament. EUA, 2013)
• Ao finalmente abraçar o contemporâneo, Ti West expõe o assustador fanatismo religioso de uma sociedade que, não por acaso, lembra a história de Charles Manson (aqui, Charles Anderson Reed).
FYC: Esperando pela entrevista exclusiva, a chegada d'O Pai.
O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno. Espanha/México/EUA, 2006)
• A fábula assustadora de Guillermo del Toro não se restringe ao fantástico. Carregada pela mensagem antiguerra no longínquo ano de 1944, onde uma criança é atormentada pelo mundo vulgar, sanguinário e perverso dos adultos, os passeios pelo labirinto de fantasias são uma fagulha de esperança para uma jovem que cresceu rápido demais.
FYC: O primeiro contato de Ofélia com o labirinto.
Ilha do Medo
(Shutter Island. EUA, 2010)
• Dois detetives chegam até um hospital isolado de Boston, em que os médicos realizam experiências radicais com os pacientes. Ilha do Medo é um estudo de personagem fascinante, onde Scorsese encontra em Teddy um retrato tênue entre insanidade e fragilidade.
FYC: Após tudo ser esclarecido, um entristecido Mark Ruffalo dá o sinal de negativo com a cabeça para um dos médicos da instituição.
Todo Mundo Quase Morto
(Shaun of the Dead. Inglaterra, 2004)
• A combinação cômico/ação de Edgar Wright é o ponto alto da trama de jovens que não percebem, num primeiro momento, estarem em um apocalipse zumbi.
FYC: Shaun e Ed jogam discos contra um zumbi que caminha até eles.
Anticristo (Dinamarca/Alemanha, 2009)
• Após a morte do filho, mulher entra em depressão profunda que faz com que ela e o marido tirem "férias" numa cabana isolada. Tudo não passa de uma justificativa para Lars von Trier analisar a psique humana diante da tragédia e nossas dificuldades em lidar com nossos traumas exteriores e interiores.
FYC: A sequência inicial em slow motion, com a queda da criança.
Um Lugar na Inglaterra
(A Field in England. Inglaterra, 2013)
• Ben Wheatley continua seu passeio pelos gêneros, que cada vez mais intensifica o vasto poder narrativo. Aqui, é a exposição da loucura – de uma forma única, surrealista e com um timing cômico impiedoso.
FYC: Os diálogos cínicos de Wheatley caem como uma luva no cenário abstrato em que seus personagens vivem.
Sobrenatural
(Insidious. EUA, 2013)
• Onde James Wan começa a colocar o pé na história do terror, com referências clássicas, a trilha sonora invasiva, o vermelho acentuado, a fotografia ressaltando os cômodos de uma casa - tudo parece ocorrer sem duvidar da inteligência de quem assiste ao filme. Nosso primeiro belo contato com os Lambert, numa grande homenagem a Argento e Poltergeist.
FYC: A família decide simplesmente abandonar a casa, quando julga estar sendo mal- assombrada. O problema é que o mal não estava na casa, mas no inconsciente do filho. Algo que nos leva para as duas melhores cenas: a primeira aparição no novo lar, e o pai ingressando no limbo.
A Menina da Porta ao Lado
(The Girl Next Door. EUA, 2007)
• Assassinos sobrenaturais, casas mal-assombradas, sci-fis, maldições e monstros dominam o terror há tempo, mas, no final, Gregory Wilson prova que nada pode ser mais cruel ou imaginativo do que a própria depravação humana. A Menina da Porta ao Lado é um perfeito exemplo doentio.
FYC: A passividade de todos diante do sofrimento da menina.
Amizade Desfeita
(Unfriended. EUA/Rússia, 2014)
• Arrisco dizer que é o filme definitivo que lida com o sobrenatural no mundo cibernético. Amizade Desfeita acaba não só entrando na vida de jovens sensíveis com a morte de uma antiga amiga, mas também navegando por coisas tão banais, simples e possíveis de acontecer – o que só aumenta a verossimilhança e o medo.
FYC: O carregamento de um download se torna algo extremamente tenso.
Zumbilândia (EUA, 2010)
• Assim como Guia do Mochileiro de Galáxias, Zumbilândia parte da concepção de que o espectador já aceita a natureza absurda desse tipo de narrativa, deixando com que as brincadeiras metalinguísticas e a sátira da própria obra a transformem em algo imprevisível.
FYC: Bill Murray como zumbi.
Hotel da Morte
(The Innkeepers. EUA, 2011)
• Se em outros longas o proeminente Ti West já indicava seu apreço pelos tons setentistas e oitentistas do terror, Hotel da Morte é uma espécie de remake de O Iluminado, onde os dois últimos funcionários de um hotel condenado tentam descobrir os segredos da arquitetura.
FYC: A sintonia de Sara Paxton e Pat Healy é inesquecível, como também o uso do plano holandês e da grande angular no indecifrável corredor do Yankee Pedlar Inn.
As Fitas de Poughkeepsie (EUA, 2007)
• Da mesma forma que A Tortura do Medo nos insere na mente e vida do protagonista, As Fitas de Poughkeepsie nos joga no submundo caótico e depravado de um serial killer, com uma investigação nos guiando de maneira inata e assustadora.
FYC: Nossa impotência diante dos assassinatos.
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